terça-feira, 20 de novembro de 2012

Profecias sobre Jesus Cristo que já se cumpriram

As profecias estão ordenadas cronologicamente e acompanhadas pelo seu cumprimento.


- Seria “semente de uma mulher”
Profecia: Gênesis 3:15
Cumprimento: Gálatas 4:4; Lucas 2:7; Apoc. 12:5; Mat. 1:18


- Seria descendente de Abraão
Profecia: Gênesis 18:18 (12:3)
Cumprimento: Atos 3:25; Mateus 1:1; Lucas 3:34; Gál. 3:16


- Seria descendente de Isaque (filho de Abraão)
Profecia: Gênesis 17:19
Cumprimento: Mateus 1:2; Lucas 3:34


- Seria descendente de Jacó (filho de Isaque)
Profecia: Números 24:17 e Gênesis 28:14
Cumprimento: Lucas 3:34; Mateus 1:2


- Descenderia da Tribo de Judá
Profecia: Gênesis 49:10
Cumprimento: Lucas 3:33; Mateus 1:2-3


- Descendente de Davi
Profecia: Jer. 23:5 e 6
Cumprimento: Mateus 22:41-46


- Seria herdeiro do trono de Davi
Profecia: Isaias 9:7 e 11:1-5; II Samuel 7:13
Cumprimento: Mateus 1:1 e 6


- Seu lugar de nascimento
Profecia: Miqueias 5:2
Cumprimento Mateus 2:1; Lucas 2:4-7


- A época de nascimento
Profecia: Daniel 9:25
Lucas: 2:1-2 e 2: 3-7


- Nascido de uma virgem
Profecia: Isaias 7:14
Cumprimento: Mateus 1:18; Lucas 1:26-35


- A matança dos meninos
Profecia: Jeremias 31:15
Cumprimento: Mateus 2:16-18


- A fuga para o Egito
Profecia: Oséias 11:1
Cumprimento: Mateus 2:14 e 15


- João Batista preparando o caminho
Profecia: Malaq. 3:1; Isa. 40:3; II Reis 1:8
Cumprimento: Mat. 3:3; Marc. 1:4 e 6


- Seu ministério na Galiléia
Profecia: Isaias 9:1 e 2
Cumprimento: Mateus 4:12-16


- Iria curar doenças, carregando Ele mesmo nossos sofrimentos
Profecia: Isaias 53:4
Cumprimento: Mat. 8:17


- Como profetaProfecia: Deuteronômios 18:15
Cumprimento: João 6:14; 1:45; Atos 3:19-26


- Como servo de DEUS
Profecia: Isaias 42:1-4
Cumprimento: Mateus 12:18-21


- Falaria por parábolas
Profecia: Salmos 78:2
Cumprimento: 13:35


- Seria sacerdote como Melquisedeque
Profecia: Salmos 110:4
Cumprimento: Habacuque 6:20; 5:5 e 6; 7:15-17


- O desprezo por parte do judeus
Profecia: Isaias 53:3
Cumprimento: João 1:11; 5:43; Lucas 4:29; 17:25; 23:18


- Algumas de suas características
Profecia: Isaias 11:2; Salmos 45:7; Isaias 11:3 e 4
Cumprimento: Lucas 2:52; 4:18


- Sua entrada triunfal em Jerusalém
Profecia: Zacarias 9:9; Isaias 62:11; Ez 44:1-2
Cumprimento: João 12:12-14; Mateus 21:1-11


- Seria traído por um amigo
Profecia: Salmos 41:9
Cumprimento: Marcos 14:10 e 43-45; Mateus 26:14-16


- Seria vendido por trinta moedas de prata
Profecia: Zacarias 11:12 e 13
Cumprimento: Mateus 26:15; 27:3-10


- O dinheiro seria devolvido para comprar um campo de um oleiro
Profecia: Zacarias 11:13
Cumprimento: Mateus 27:6 e 7; 27:3-5; 8-10


- O lugar de Judas deveria ser ocupado por outro
Profecia: Salmos 109:7 e 8
Cumprimento: Atos 1:16-20


- Testemunhas falsas o acusariam
Profecia: Salmos 27:12; 35:11
Cumprimento: Mateus 26:60 e 61


- Permaneceria em silêncio quando acusado
Profecia: Isaias 53:7; Salmos 38:13-14
Cumprimento: Mateus 26:62 e 63; 27:12-14


- Seria golpeado e cuspido
Profecia: Isaias 50:6
Cumprimento: Marcos 14:65; 15:17; João 19:1-3; 18:22


- Seria odiado sem motivo
Profecia: Salmos 69:4; 109:3-5
Cumprimento: João 15:23-25


- Sofreria em substituição a nós
Profecia: Isaias 53:4-6 e 12;
Cumprimento: Mateus 8:16 e 17; Rom. 4:25; I Col. 15:3


- Seria crucificado com pecadores
Profecia: Isaias 53:12
Cumprimento: Mateus 27:38; 15:27 e 28; Lucas 23:33


- Suas mãos e pés seriam traspassados
Profecia: Salmos 22:16; Zacarias 12:10
Cumprimento: João 20:27; 19:37; 20:25 e 26


- Seria escarnecido e insultado
Profecia: Salmos 22:7
Cumprimento: Mateus 27:30-44; Marcos 15:29-32


- Dariam a Ele fel e vinagre
Profecia: Salmos 69:21
Cumprimento: João 19:29; Mateus 27:34 e 48


- Ouviria palavras proféticas com zombaria
Profecia: Salmos 22:8
Cumprimento: Mateus 27:43


- Oraria por seus inimigos
Profecia: Salmos 109:4; Isaias 53:12
Cumprimento: Lucas 23:34


- Seu lado seria traspassado
Profecia: Zacarias 12:10
Cumprimento: João 19:34


- Os soldados lançariam sortes sobre suas roupas
Profecia: Salmos 22:18
Cumprimento: Marcos 15:24; João 19:24


- Seus ossos não seriam quebrados
Profecia: Salmos 34:20; Êxodo 12:46
Cumprimento: João 19:33


- Seria sepultado com os ricos
Profecia: Isaias 53:9
Cumprimento: Mateus 27:57-60


- Sua ressurreição
Profecia: Salmos 16:10, 110; Os 6:2; Isa. 53:8, 10; Zac. 6:12 e 13; Mateus 16:21; Atos 2: 24; 8:32 e 33
Cumprimento: Mateus 28:9; Lucas 24:36-48; At 10:38-40


- Sua ascensão
Profecia: Salmos 68:18
Cumprimento: Lucas 24:50 e 51; Atos 1:9

Sem Tabus - Deixando a Homossexualidade.

Há quem diga que é possível deixar de ser homossexual recorrendo a fé em Deus, mas como é possível? Basta orar?

A Grande Esperança 3 - Sem graça, não há esperança (Judas 4 e 5).

Sermão de segunda, 19/11 - Sem graça, não há Esperança (Judas 4 e 5) da semana A Grande Esperança com Pr. Alejandro Bullón da Igreja Adventista do Sétimo Dia.

segunda-feira, 19 de novembro de 2012

Os animais puros e os impuros de levíticos 11


Foto: Os animais puros e os impuros de levíticos 11 (Hudson)

O capítulo 11 de Levíticos tem despertado o interesse de todo exegeta  do Antigo Testamento interessado nas leis e regulamentos judaicos. Mesmo os interessados na fauna do Oriente Médio, têm considerado esse capítulo de certa utilidade. Para o homem moderno, Levíticos 11 parece ser um capítulo que pertence ao mundo da superstição e do tabu, ou a um mundo primitivo da ignorância humana.
Ao estudarmos esse capítulo, notaremos imediatamente várias coisas:
1. O capítulo é formado de seis seções principais. Cada seção se inicia usando a palavra estes, esses, esta (vs. 2, 9, 13, 24, 29, 46). O conteúdo do capítulo está, em termos gerais, bem organizado.
2. Os animais estão agrupados de acordo com a área em que habitam. Dessa forma, são mencionados primeiro os animais ou criaturas que habitam sobre a terra (vs. 2-8), depois os que habitam na água (vs. 9-12), e, finalmente, as criaturas do ar, aquelas que voam (vs. 13-23).
3. A distinção entre animais limpos e imundos é feita de maneira simples: os animais limpos têm unhas fendidas e remoem; os peixes limpos possuem barbatanas e escamas; e os pássaros ou aves limpos são caracterizados por não serem aves de rapina. No caso dos insetos, os que possuem pernas para saltar podem servir de alimento (vs. 20:22).
4. O capítulo estabelece que a capacidade de contaminação dos animais impuros não se limita apenas ao ato de comer a sua carne. O indivíduo pode contaminar-se dependendo da forma que manuseia corpos mortos (v. 24). Mesmo um animal limpo que morre, torna-se um instrumento de impureza, podendo assim ser um agente contaminador, caso esse animal seja portador de alguma doença, ou até mesmo pelos microrganismos que se avolumam num corpo em putrefação (vs. 39). Com isso, podemos ver que um corpo morto é fonte de impureza.
5. A identificação de alguns animais mencionados em Levíticos 11 é desconhecida. Algumas versões bíblicas preferiram transliterar alguns termos hebraicos, em lugar de lhes adivinhar o significado (v. 22 - argol e hagabe, que provavelmente designem fases do desenvolvimento do gafanhoto ou grupos diversos de gafanhotos). Claro é que, para os leitores da Bíblia daquela época, a identificação não constituía um problema.
Estas breves observações indicam que Lev. 11 tem um caráter didático. A maneira simples e bem estruturada do capítulo tem como objetivo facilitar ao israelita o aprendizado do seu conteúdo. Nesse processo, foi muito útil seguir o princípio de distinção entre animais limpos e imundos, com a menção de exemplos específicos que ilustram o princípio exposto. Por isso é que a classificação dos animais em limpos e imundos não tem, o que se poderia chamar de, um caráter "científico", cuja compreensão está limitada ao especialista. Os critérios a serem usados para identificação do animal limpo ou imundo são de tipo pragmático, determinados, exclusivamente, por aquilo que qualquer pessoa podia observar na fauna, como por exemplo, o animal de unha fendida que rumina. A lei era estabelecida de acordo com o nível do israelita comum. Deus estava instruindo o Seu povo em geral, e não apenas um grupo privilegiado dentre o povo. 
A lei dos animais limpos e imundos é uma lei de saúde, que tem o objetivo de preservar a saúde do povo através de medidas preventivas de higiene. Deus informa Seu povo sobre aquilo que, por ser o melhor, devem comer para proteger o seu organismo. 
Comer não é, portanto, uma atividade apenas secular na vida do ser humano. Há um aspecto ético-religioso nas leis de saúde de Lev. 11. Se Deus definiu o que se deve ou não comer, isso deveria merecer nossa atenção.
Devemos mencionar, contudo, que os animais puros são relativamente puros. Quando morre, a impureza se apossa inteiramente deles (Lev. 11:39 e 40), e sua carne não pode ser comida nem tocada. Dessa forma, "os animais limpos são comparativamente confiáveis, como fonte de alimento, enquanto os imundos devem ser evitados devido à possibilidade de sua carne poder transmitir infecções".
Essa lei sobre alimentos não contaminados é, quanto se saiba, única no antigo Oriente Próximo. A submissão a essa lei contribuiria, significativamente, para distinguir os hebreus das demais nações que os rodeavam. Dessa maneira, proclamariam sua singularidade e a do seu Deus (Lev. 20:25 e 26).
A lei dos alimentos limpos e imundos é uma lei de saúde. Originalmente, a diferença entre animais limpos e imundos foi estabelecida por Deus para especificar os animais, dentre os quadrúpedes e aves, que Ele aceitaria como sacrifício sobre Seu altar. Aparentemente, o critério que Ele usou para separar os animais foi o do estado de saúde destes. Os animais cujo corpo fosse sadio, poderiam ser oferecidos a Deus em sacrifício.
Quando Deus autorizou Seu povo a comer carne, eles deveriam usar como alimento os animais que Yahweh aceita como sacrifício. A lei torna-se agora numa lei de saúde, que tem como finalidade preservar a saúde física e espiritual do povo. Essa lei indica que Yahweh Se interessa pela saúde física de Seu povo. O físico é algo que Deus deseja que seja preservado em ótimo estado. Essa lei de saúde fala do cuidado preventivo e do interesse divino por tal cuidado. O conceito holístico do homem no pensamento bíblico, determina que saúde completa é a união do bem-estar espiritual, bem-estar físico e mental. É para esse tipo de saúde que as leis sobre alimentos limpos apontam e a tornam-se relevantes para o homem moderno.
Vamos analisar como exemplo a carne de porco:
"A carne de porco, apesar de ser uma das mais comuns fontes de alimentação, é também uma das mais prejudiciais. Deus não proibiu os hebreus de comerem carne de porco apenas para mostrar Sua autoridade, mas por não ser ela apropriada à alimentação do homem" - Conselhos sobre o regime alimentar, pág. 392.
Ao estabelecer princípios dietéticos para os israelitas, a intenção de Deus era que essas regras fossem como uma fonte de perenal benefício para a humanidade. A transmissão de algumas enfermidades, segundo a comprovação de pesquisas médicas recentes, justifica plenamente a existência dessa lei antiga.
A parasitologia, no tempo atual, comprova que um protozoário ciliado - a tênia do porco - e um verme nematóide - a triquina - ocasionam importantes enfermidades que os porcos partilham com os seres humanos.
O protozoário ciliado, denominado cientificamente Balantidium coli, é extremamente comum nos suínos. Pesquisas recentes em diversos países revelam uma incidência da ordem de 21 a 100%. Esse organismo é muito menos comum no homem. A incidência geral de 1% em Porto Rico, é típica da que ocorre em muitos países. Quando se encontra no homem, pode ocasionar graves sintomas clínicos. Provas atuais apontam para o porco como a causa principal do contágio humano.
A incidência de contágio humano com o cestóideo do porco (Taenia Solium), em regra uma fração de 1%, varia ao redor do mundo. Em seu famoso relato This Wormu World ("Este Mundo Verminado"), escrito em 1947, Stoll calculou que 2,5 milhões de pessoas em todo o mundo estavam contagiados por esse verme.

Graves efeitos da Triquina
O verme da Triquina (Trichinella Spiralis) restringe-se à Europa Central e às regiões temperadas da América a que se dirigiram os seus emigrantes.
Em comparação com o protozoário ciliado e a tênia do porco, a triquina ocasiona gravíssimos efeitos no corpo humano. Os vermes adultos se acham presentes no intestino delgado. Após o acasalamento, as fêmeas produzem larvas que penetram nos vasos sanguíneos e se alastram por todas as partes do corpo. Essas larvas migratórias podem invadir os músculos esqueletais, o cérebro, a medula dos ossos, a retina e os pulmões. Visto que cada fêmea pode produzir mais de 1500 larvas e como esses vermes imaturos invadem muitos órgãos do corpo, podem aparecer muito sintomas clínicos. Nas afecções graves, a morte pode ocorrer na segunda ou terceira semana, mas é mais frequente da quarta à sexta semana após o contágio. As possibilidades de restabelecimento variam de acordo com a localização e o número de larvas, a intensidade dos sintomas e a condição física do paciente.
Em geral, admite-se que a presença de vermes de triquina nos porcos constituía a base para a proibição de seu uso como alimento pelo povo judeu. No livro A History of Parasitology ("História da Parasitologia"), W.D. Foster (1965) há uma ênfase sobre esse ponto de vista: "As proibições mosaicas e muçulmanas com referência à carne de porco foram motivadas, com muito mais probabilidade, pela observação de surtos de triquinose, do que por qualquer outro reconhecimento da correlação com a infestação pela tênia. A correlação da enfermidade com o comer carne de porco estava facilmente ao alcance da compreensão dos povos primitivos. Em realidade, é surpreendente que essa correlação haja sido olvidada pelo mundo em geral, apesar de as condições terem sido invulgares, e olhando para trás podemos reconhecer epidemias que indubitavelmente foram motivadas pela triquinose."

A Triquinose ainda é frequente 
Surtos de triquinose ainda são frequentes nos Estados Unidos. Quatro dos sete membros de uma família em Willoughby, estado de Ohio, manifestaram sintomas de triquinose depois de mergulharem salsichas no óleo e comerem-nas por vários dias sem qualquer cozimento.
Uma família de 8 pessoas, em Nova Berlim - Wisconsin, contraiu uma enfermidade cujos sintomas se assemelhavam aos da gripe. Exames posteriores possibilitaram o diagnóstico de triquinose. Todos eles comeram sanduíches de "bife" hamburguês cru. Presume-se que esses "bifes" estavam contaminados com carne de porco infectada, pois os animais bovinos não possuem vermes de triquina. Aquela carne fora comprada num mercado em que a carne de porco e a de gado eram moídas no mesmo aparelho. 
Algum tempo atrás foram diagnosticados 76 casos de triquinose em Washington, Estado de Missouri. Esse surto foi atribuído à ingestão de carne de porco não elaborada devidamente para destruir as larvas infecciosas.
Cumpre notar que desde o tempo em que Deus deu aquela ordem para os israelitas, até a década atual, a Medicina não tem conseguido curar pacientes com triquinose. O tratamento consiste em aliviar os sintomas ocasionados pelos vermes, e não em destruí-los.
 Labutando no Instituto Merck para Pesquisas Terapêuticas, Rahway, Nova Jersey, em 1962, o Dr. Guilherme C. Campbell observou que o medicamento chamado thiabendazole era eficaz para matar larvas de triquina nos músculos de camundongos, ratos ou porcos infectados. Isto constituía um passo significativo. Experiências com thabendazole em seres humanos também revelam bons resultados. A despeito do êxito com aquele medicamento, a triquinose ainda é uma enfermidade a ser evitada, e a descoberta dessas substâncias não autoriza o uso da carne de porco na alimentação.
Sobre o comer carne com o sangue a Bíblia determinantemente proíbe, pois no sangue se encontram todas as impurezas e enfermidades do animal (Gênesis 9:4; Levíticos 7:26, 27).
Alguns encaram os preceitos bíblicos como uma tentativa da Divindade de reprimir predileções alimentares bem arraigadas, mas na realidade tais proibições apenas objetivam nos assegurar uma vida mais saudável. A ciência moderna continua apoiando as declarações daquele que é o Criador dos homens e dos animais.
Vamos fazer um estudo completo sobre esse assunto de acordo com estas passagens: 
Marcos 7:15-19 - Alimentos puros ou impuros?
Atos 10 - A experiência de Cornélio.
Romanos 14 - Esclarecimentos de Paulo.
Para uma boa compreensão desse assunto três princípios de interpretação devem ser relembrados:
1) A Bíblia deve ser seu próprio intérprete 
2) O contexto sempre ajuda a explicar o texto
3) Os fatos narrados devem estar em sua moldura histórica
Para chegarmos ao exato sentido do que Cristo disse: “nada há fora do homem, que entrando nele, o possa contaminar...”, e a declaração de Marcos: “e assim considerou ele puros todos os alimentos”, precisamos analisar outras passagens bíblicas que nos esclarecerão sobre o exato significado de tais afirmativas. As duas mais significativas são:
a) A experiência de Pedro em Atos 10;
b) os esclarecimentos Paulinos em Romanos 14.
Estaria Cristo com essa declaração anulando ensinamentos do Velho Testamento? A classificação dos animais em limpos e imundos agora deixaria de existir? Peçamos a Deus que nos esclareça a mente para entendermos com clareza os sábios ensinamentos de Sua Palavra.

1. A experiência de Pedro com Cornélio.
Lucas nos relata a experiência com certa pessoa de destacada posição social, da cidade de Cesaréia, chamada Cornélio. São salientados os predicados que ornavam seu caráter: piedoso e temente a Deus com toda a sua casa, dava muitas esmolas aos necessitados e continuamente orava a Deus. Apesar desses atributos, ele necessitava de orientação divina para melhor compreender o plano de Deus para sua vida. Foi essa a razão pela qual enquanto orava um anjo lhe indicou que deveria chamar a Pedro para dar-lhe uma nova orientação.
Conhecendo Deus que Pedro não estava preparado para este ministério, deu-lhe a visão do terraço, na hora sexta (para nós ao meio dia). Sendo a hora da refeição, ele estava com fome e esperava o almoço ser preparado. Foi nessa hora que ele teve uma visão: do céu aberto descia algo como um grande lençol, repleto de animais próprios e impróprios para a alimentação. Nesse instante ele ouve aquelas tradicionais palavras: “levante-te, Pedro; mata e come” (Atos 10:13). Mas ele replicou com decisão e firmeza: de modo nenhum, Senhor! Porque jamais comi coisa alguma comum e imunda (10:14). A voz treplica: “ao que Deus purificou não consideres comum” (10:15).
Esse relato sem levar em consideração o contexto, e sem a interpretação através do conjunto das escrituras, pode significar que não há alimentos imundos, já que Deus os purificou, porém todos sabemos que através da visão de Pedro, Deus queria ensiná-lo a não fazer distinção entre as pessoas.
Terminada a visão, ao Pedro estar reflexionando sobre seu exato significado, aproximam-se os mensageiros de Cornélio com o inusitado convite para que fosse a sua casa. Iluminado pelo Espírito Santo ele compreendeu o exato significado da visão.
Essa experiência de Pedro nos mostra claramente que ele teria recusado seguir aqueles “gentios”, se a visão não lhe tivesse sido dada. A visão nos mostra ainda que Deus se utiliza de processos os mais variados, para nos ensinar suas preciosas lições.
A finalidade primordial da visão foi ensinar-lhe que não deveria considerar a nenhum homem como imundo, pois todos são dignos de receber a salvação. Nada nesse relato tem a ver com a classificação bíblica de animais próprios e impróprios para nossa alimentação. (Ver Atos 11: 1-18). 

2. O Problema da Consciência de Romanos 14.
Romanos 14 aparece na Tradução Revista e Atualizada no Brasil com o título: "A Tolerância para com os Fracos na Fé". Muitos julgam encontrar em Romanos 14 uma poderosa escora para derribar a distinção bíblica entre animais limpos e imundos e a observância do sétimo dia.
 O renomado estudioso W. Rand em seu "Dicionário de La Santa Bíblia", pág. 560 afirma: "Segundo se depreende da própria epístola, o motivo que teve Paulo para escrevê-la foram as desinteligências que surgiam entre os conversos judeus e os conversos gentios, não somente em Roma, mas em todas as partes. O judeu, quanto aos seus privilégios, sentia-se superior ao gentio, o qual por sua vez, não reconhecia tal superioridade e se sentia desgostoso quando tal se lhe afirmava".
Conforme o terceiro princípio de interpretação anteriormente citado seria bom destacar que, com a expansão do Cristianismo pela Ásia Menor e Europa, o evangelho foi aceito por gentios e judeus. Os judeus, mesmo após a aceitação do Cristianismo, conservavam resquícios da tradição judaica e princípios da lei cerimonial.
Outro comentário diz: "De fato, os primeiros cristãos não foram solicitados a deixarem repentinamente de comparecer às festas judaicas anuais ou repudiarem de imediato todos os ritos cerimoniais ... o próprio Paulo, após sua conversão esteve em muitas festas, e conquanto ensinasse que a circuncisão nada era, circuncidou a Timóteo e concordou em fazer um voto de acordo com estipulações do Antigo Código".
Além da oportunidade das festas e cerimônias dos judeus, o que mais agravava este estado de coisas, era o fato de os judaizantes quererem impor aos gentios as observâncias. Os gentios não as aceitavam e com isso os judeus se irritavam, tornando o ambiente carregado e comprometedor para a causa do evangelho. Dentre estas pendências, destacava-se a carne sacrificada aos ídolos pelos pagãos. Após o oferecimento da carne a Júpiter, Mercúrio, Diana e a outros deuses mitológicos eles a colocavam com as outras carnes que vendiam. Os judaizantes eram totalmente contrários à compra de carne no açougue, pelo fato de não saberem se ela tinha ou não sido oferecida aos ídolos. Os cristãos gentios não eram tão escrupulosos e criam que o oferecimento da carne aos ídolos não a contaminava.
O SDABC (Comentário Bíblico Adventista do Sétimo Dia) tecendo considerações sobre Romanos 14:2, acentua:
"Débil na fé - isto é, aquele que tinha limitada compreensão dos princípios da justiça, ansioso por salvar-se e disposto a fazer tudo quanto cria que dele se exigia. Contudo na imaturidade de sua experiência cristã e provavelmente em decorrência de sua crença e educação anteriores, ele procurava assegurar salvação pela observância de certos preceitos e regulamentos, que na realidade não se exigiam dele. Para ele tais preceitos assumiam a maior importância. Julgava-os absolutamente necessários à salvação, e ficava escandalizado e confuso, ao ver outros cristãos ao redor, sem dúvida mais amadurecidos e experientes, que não partilhavam destes escrúpulos".
Com respeito às carnes sacrificadas aos ídolos, quem as julgasse impróprias, não as deveria comer, embora não devesse julgar aquele que assim o fizesse.
I Coríntios 8 trata do mesmo assunto, e a sua leitura nos é mais elucidativa sobre este problema. O ponto capital, tanto em Romanos 14 como em I Coríntios 8 é concluir que não havia mal nenhum em comer carne sacrificada aos ídolos, mas se isso escandalizasse os irmãos fracos era melhor evitar.
Paulo não visa com esses relatos, determinar que espécie de alimento deve ser ingerida pelos cristãos, como uma exegese errada poderia mostrar. O cerne da questão nada tem a ver com regime alimentar, como todos os comentaristas reconhecem, mas simplesmente um problema de consciência. Em outras palavras recomenda que aquele que é fraco na fé não deve ser desprezado pelos demais membros da igreja, mas sim tratado com o mesmo amor cristão.
O exegeta Charles R. Erdman em seu comentário de Romanos, pág. 153 se expressa desta maneira: "Aquele que é débil na fé, que não aprende o pleno sentido da salvação pela graça, que pensa que observar certas regras ou preceitos quanto ao alimento ou a ritos religiosos o fará mais aceitável diante de Deus, deve ser recebido na igreja, contudo, não se deve com ele discutir a respeito desses escrúpulos por ele afagados. Uma pessoa pode admitir que comer ou abster-se de certos alimentos sadios é matéria de indiferença moral; outra pode crer que agradará mais a Deus se apenas se alimentar de legumes".
Paulo orientava a igreja para o extermínio de partidos, a fim de que a igreja não se dividisse e para que os dois grupos pudessem viver num espírito de tolerância e harmonia.

Estudo do contexto de Marcos 7:15 e 19:
O evangelista começa o capítulo 7 nos informando, que um grupo de fariseus e escribas se aproximou de Cristo para o interrogarem, porque os seus discípulos não seguiam preceitos estabelecidos pela tradição humana.
O Talmude está repleto de regrinhas orientadoras de como o povo judeu devia comportar-se em todas as circunstâncias da vida.
Os discípulos e seu Mestre orientavam-se por princípios elevados, advindos da palavra de Deus, e não por regulamentos humanos, que naquele tempo eram conhecidos como "Lei Oral" e "Tradição dos Anciãos". Esse comportamento correto de Jesus, fez com que surgissem conflitos entre Ele e os judeus. Como exemplo temos esta divergência quanto a lavar as mãos, não por medidas higiênicas, mas como rito cerimonial.
Como bem nos esclarece o comentarista William Barclay em El Nuevo Testamento, Vol 3. Pág. 179: "Esta era a religião para os fariseus e escribas. Rituais, cerimônias, regras e regulamentações como estas era o que se considerava a essência do serviço de Deus. A religião ética está imersa sob uma massa de tabus, regras e regulamentações."
A resposta de Cristo é um terrível libelo aos ensinamentos dos homens: "Respondeu-lhes: bem profetizou Isaías, a respeito de vós, hipócritas, como está escrito: Este povo honra-me com os lábios, mas o seu coração está longe de mim. E em vão me adoram, ensinando doutrinas que são preceitos de homens. Negligenciando o mandamento de Deus, guardais a tradição dos homens". Marcos 7: 6-8.
A verdadeira contaminação: ao ventilar este ponto negativo, totalmente farisaico, Jesus chamou a multidão para junto de si e disse: "Ouvi-me, todos vós, e compreendei". Marcos 7:14.
Cristo lhes ensina o quê na realidade contamina o homem. Através de uma linguagem figurada procurou mostrar-lhes que o verdadeiro objetivo da religião, consistia em libertar o cristianismo do legalismo. Apresentou-lhes o fato de que o coração é fonte de toda a contaminação. "Nada há, fora do homem, que entrando nele, o possa contaminar, mas o que sai dele, isso é que contamina o homem". Marcos 7:15.
Não há nenhuma preocupação, nesse relato, em apresentar provas de que esse alimento é limpo ou impuro, mas em apresentar ao povo a necessidade de abandonar doutrinas, que são preceitos dos homens, e seguir a religião pura ensinada por Cristo.
O comentário expositivo do Evangelho Segundo Marcos de J. C. Ryle, pág. 69, consigna: "A pureza moral não depende de lavar ou deixar de lavar, de manusear ou deixar de manusear, de comer ou deixar de comer como queriam e ensinavam os escribas e fariseus".
Jesus queria adverti-los de que não haveria valor em fazerem tremendos esforços se não tivessem o verdadeiro Deus. O resultado de lavar as mãos seria inútil, como o próprio Cristo disse, se o coração estivesse inundado de lascívia, prostituição, furtos, homicídios, adultérios, avareza, malícia, dolo, inveja, soberba e loucura (Marcos 7:21-22).

Purificando todos os alimentos:
Ao Deus estabelecer o homem na Terra, indicou-lhe precisamente qual deveria ser sua alimentação. O registro divino nos ensina que o homem devia comer dos produtos do campo e das árvores, ou sejam: grãos, nozes e frutas.
Gênesis 1:29 declara: "E disse Deus ainda: Eis que vos tenho dado todas as ervas que dão semente e se acham na superfície de toda a terra, e todas as árvores em que há fruto que dê semente; isso vos será para mantimento".
Após o dilúvio, pela escassez desses alimentos, permitiu-se ao homem a alimentação cárnea; porém, a Bíblia é bastante clara na distinção entre os animais próprios e impróprios para a alimentação, em conformidade com Levíticos 11. Neste capítulo notaremos uma classificação de alimentos aprovados por Deus, isto é, alimentos puros, e também uma série de alimentos considerados imundos. Essa classificação é divina, transmitida a Moisés para que, por seu intermédio, o povo de Israel a praticasse e posteriormente também todos os que pautassem a vida pelos princípios da Palavra de Deus o fizessem. Como cristãos ou israelitas modernos, cremos que esta classificação perdura, basta para isso aceitarmos o propósito divino ao fazer esta distinção e considerarmos a Bíblia como um todo inspirado por Deus.
O contexto geral do capítulo sete de Marcos nos mostra que Jesus não está interessado em falar se esta ou aquela comida é pura ou imunda, mas em ensinar ao povo judeu e a nós como igreja cristã que o essencial é aceitarmos a Bíblia e não o que dizem os homens em suas doutrinas erradas.

O SDABC (Comentário Bíblico Adventista do Sétimo Dia) corrobora as afirmações anteriores ao declarar sobre Marcos 7:15 o seguinte: "Foi sempre, e exclusivamente contra preceitos de homens (v. 7) que Jesus protestou, em aguda distinção do mandamento de Deus (v.8), como se apresenta nas Escrituras. Aplicar os versos 15-23 ao caso de alimentos puros e impuros é ignorar completamente o contexto. Tivesse Jesus nessa ocasião eliminado a distinção entre as carnes limpas e imundas e seria óbvio que Pedro não teria, posteriormente, respondido como respondeu à ideia de comer alimentos impuros".

“E assim considerou ele puros todos os alimentos”:
Esta declaração de Marcos tem sido problemática para copistas, teólogos, exegetas e comentaristas.
Alguns têm declarado que a afirmação do verso 19 em grego, não se encontrava no original de muitos manuscritos, sendo portanto um acréscimo posterior. O renomado exegeta Bruce M. Metzger, em sua autoridade inquestionável, no livro "A Textual Commentary on the Greek New Testament" pág. 95, tece considerações sobre o verso e declara: “o peso esmagador dos manuscritos nos convencem de que a afirmativa foi escrita por Marcos. Diante da dificuldade do verbo purificar, muitos copistas tentaram correções e melhorias. Metzger conclui: muitos eruditos modernos, seguindo a interpretação sugerida por Orígenes e Crisóstomo consideram o verbo “cataridzo”, ligado gramaticalmente com "leguei" do verso 18 tomando assim o comentário do evangelista com as implicações das palavras de Jesus concernentes às leis dietéticas judaicas.
Essa mesma ideia é esposada pelo livro Consultoria Doutrinária, Casa Publicadora Brasileira, págs. 130 a 132, do qual destacamos: "Nalgumas Bíblias a declaração final do versículo 19, parece fazer da instrução de Cristo, um sentido de que o processo da digestão e eliminação tem efeito do “purificar todos os alimentos”. O texto grego, porém, torna evidente que essas palavras não são de Cristo, mas de Marcos, e constituem seu comentário sobre o que Cristo queria dizer. Por conseguinte, é necessário interpretar a expressão sob o aspecto das palavras “Então lhes disse”, do versículo 18. A última frase do versículo 19 rezaria assim: “(Então lhes disse isto), purificando todos os alimentos” ou “considerando puros todos os alimentos” - a saber, sem levar em consideração se a pessoa que comia realizara ou não a ablução cerimonial preceituada. Era essa a questão em debate (verso 2).
Em segundo lugar, convém notar que a palavra grega “bromata”, traduzida por alimentos, significa simplesmente “o que se come” e inclui todas as espécies de alimentos; e jamais distingue carne dos animais de outras espécies de alimentos. Restringir as palavras “considerou puros todos os alimentos” aos alimentos cárneos e inferir que Cristo aboliu a distinção entre carnes limpas e imundas usadas como alimento (ver Levíticos 11), é desconhecer completamente o sentido do texto grego.
Percebe-se pois, que o versículo 19 não foi acrescentado, mas que a expressão final deste versículo não foi usada por Cristo, e sim, por Marcos, para indicar que a cerimônia de lavar as mãos várias vezes antes de comer - não por limpeza, mas por tradição cerimonial - nada tinha que ver com a salvação. Isso, no entanto, não quer dizer que se deva comer com as mãos sujas, ou que se possam usar todas e quaisquer carnes de animais, mesmo dos que foram proibidos em Levíticos 11.
Outra autoridade, não menos destacada, Marvin R. Vincent, em Word Studies in the New Testament, vol I., pág. 201, afirma sobre Marcos 7:19: "Cristo estava enfatizando a verdade de que toda contaminação vem de dentro. Isto era em face das distinções rabínicas entre alimentos puros e imundos. Cristo declara que a impureza levítica, como o comer sem lavar as mãos, é de pouca importância quando comparada com a impureza moral. Pedro, ainda sob a influência dos antigos conceitos, não consegue entender a declaração e pede uma explicação (Mateus 15:15), que Cristo dá nos versos 18-20. As palavras “purificando todos os alimentos”, não são de Cristo mas do evangelho explicando o significado das palavras de Cristo; a versão Revisada do Novo Testamento, portanto, traduz corretamente “isto ele disse (em itálico), tornando limpos todos os alimentos”.
Esta era a interpretação de Crisóstomo, que diz em sua homília sobre Mateus: “Porém, Marcos diz que Cristo disse estas coisas tornando puros todos os alimentos”. Canon Farrar refere-se a uma passagem citada de Gregório Taumaturgo: “E o Salvador, que purifica todos os alimentos diz” ...

Conclusão
Nada melhor do que concluir este trabalho com as oportunas palavras de J.C. Ryle, em seu Comentário Expositivo do Evangelho Segundo Marcos, ao tecer considerações sobre o capítulo sete de Marcos:
"Devemos pedir diariamente o ensino do Espírito Santo, se quisermos adiantar-nos no conhecimento das coisas divinas. Sem o Espírito Santo a inteligência mais robusta e o raciocínio mais vigoroso pouco nos farão adiantar. Na leitura da bíblia e na atenção que prestamos à pregação da Palavra, tudo depende do espírito com que lemos e ouvimos”.
Podemos então entender claramente, que a razão para Deus ter proibido certos alimentos tinha que ver exclusivamente com um princípio de saúde e não com um ritual religioso. Assim sendo, aquilo que era prejudicial ao homem nos dias de Moisés, também o era nos dias de Cristo, não fazendo sentido então, querer achar que Cristo estava abolindo um princípio de saúde.
O capítulo 11 de Levíticos tem despertado o interesse de todo exegeta do Antigo Testamento interessado nas leis e regulamentos judaicos. Mesmo os interessados na fauna do Oriente Médio, têm considerado esse capítulo de certa utilidade. Para o homem moderno, Levíticos 11 parece ser um capítulo que pertence ao mundo da superstição e do tabu, ou a um mundo primitivo da ignorância humana.
Ao estudarmos esse capítulo, notaremos imediatamente várias coisas:
1. O capítulo é formado de seis seções principais. Cada seção se inicia usando a palavra estes, esses, esta (vs. 2, 9, 13, 24, 29, 46). O conteúdo do capítulo está, em termos gerais, bem organizado.
2. Os animais estão agrupados de acordo com a área em que habitam. Dessa forma, são mencionados primeiro os animais ou criaturas que habitam sobre a terra (vs. 2-8), depois os que habitam na água (vs. 9-12), e, finalmente, as criaturas do ar, aquelas que voam (vs. 13-23).
3. A distinção entre animais limpos e imundos é feita de maneira simples: os animais limpos têm unhas fendidas e remoem; os peixes limpos possuem barbatanas e escamas; e os pássaros ou aves limpos são caracterizados por não serem aves de rapina. No caso dos insetos, os que possuem pernas para saltar podem servir de alimento (vs. 20:22).
4. O capítulo estabelece que a capacidade de contaminação dos animais impuros não se limita apenas ao ato de comer a sua carne. O indivíduo pode contaminar-se dependendo da forma que manuseia corpos mortos (v. 24). Mesmo um animal limpo que morre, torna-se um instrumento de impureza, podendo assim ser um agente contaminador, caso esse animal seja portador de alguma doença, ou até mesmo pelos microrganismos que se avolumam num corpo em putrefação (vs. 39). Com isso, podemos ver que um corpo morto é fonte de impureza.
5. A identificação de alguns animais mencionados em Levíticos 11 é desconhecida. Algumas versões bíblicas preferiram transliterar alguns termos hebraicos, em lugar de lhes adivinhar o significado (v. 22 - argol e hagabe, que provavelmente designem fases do desenvolvimento do gafanhoto ou grupos diversos de gafanhotos). Claro é que, para os leitores da Bíblia daquela época, a identificação não constituía um problema.
Estas breves observações indicam que Lev. 11 tem um caráter didático. A maneira simples e bem estruturada do capítulo tem como objetivo facilitar ao israelita o aprendizado do seu conteúdo. Nesse processo, foi muito útil seguir o princípio de distinção entre animais limpos e imundos, com a menção de exemplos específicos que ilustram o princípio exposto. Por isso é que a classificação dos animais em limpos e imundos não tem, o que se poderia chamar de, um caráter "científico", cuja compreensão está limitada ao especialista. Os critérios a serem usados para identificação do animal limpo ou imundo são de tipo pragmático, determinados, exclusivamente, por aquilo que qualquer pessoa podia observar na fauna, como por exemplo, o animal de unha fendida que rumina. A lei era estabelecida de acordo com o nível do israelita comum. Deus estava instruindo o Seu povo em geral, e não apenas um grupo privilegiado dentre o povo. 
A lei dos animais limpos e imundos é uma lei de saúde, que tem o objetivo de preservar a saúde do povo através de medidas preventivas de higiene. Deus informa Seu povo sobre aquilo que, por ser o melhor, devem comer para proteger o seu organismo. 
Comer não é, portanto, uma atividade apenas secular na vida do ser humano. Há um aspecto ético-religioso nas leis de saúde de Lev. 11. Se Deus definiu o que se deve ou não comer, isso deveria merecer nossa atenção.
Devemos mencionar, contudo, que os animais puros são relativamente puros. Quando morre, a impureza se apossa inteiramente deles (Lev. 11:39 e 40), e sua carne não pode ser comida nem tocada. Dessa forma, "os animais limpos são comparativamente confiáveis, como fonte de alimento, enquanto os imundos devem ser evitados devido à possibilidade de sua carne poder transmitir infecções".
Essa lei sobre alimentos não contaminados é, quanto se saiba, única no antigo Oriente Próximo. A submissão a essa lei contribuiria, significativamente, para distinguir os hebreus das demais nações que os rodeavam. Dessa maneira, proclamariam sua singularidade e a do seu Deus (Lev. 20:25 e 26).
A lei dos alimentos limpos e imundos é uma lei de saúde. Originalmente, a diferença entre animais limpos e imundos foi estabelecida por Deus para especificar os animais, dentre os quadrúpedes e aves, que Ele aceitaria como sacrifício sobre Seu altar. Aparentemente, o critério que Ele usou para separar os animais foi o do estado de saúde destes. Os animais cujo corpo fosse sadio, poderiam ser oferecidos a Deus em sacrifício.
Quando Deus autorizou Seu povo a comer carne, eles deveriam usar como alimento os animais que Yahweh aceita como sacrifício. A lei torna-se agora numa lei de saúde, que tem como finalidade preservar a saúde física e espiritual do povo. Essa lei indica que Yahweh Se interessa pela saúde física de Seu povo. O físico é algo que Deus deseja que seja preservado em ótimo estado. Essa lei de saúde fala do cuidado preventivo e do interesse divino por tal cuidado. O conceito holístico do homem no pensamento bíblico, determina que saúde completa é a união do bem-estar espiritual, bem-estar físico e mental. É para esse tipo de saúde que as leis sobre alimentos limpos apontam e a tornam-se relevantes para o homem moderno.
Vamos analisar como exemplo a carne de porco:
"A carne de porco, apesar de ser uma das mais comuns fontes de alimentação, é também uma das mais prejudiciais. Deus não proibiu os hebreus de comerem carne de porco apenas para mostrar Sua autoridade, mas por não ser ela apropriada à alimentação do homem" - Conselhos sobre o regime alimentar, pág. 392.

Ao estabelecer princípios dietéticos para os israelitas, a intenção de Deus era que essas regras fossem como uma fonte de perenal benefício para a humanidade. A transmissão de algumas enfermidades, segundo a comprovação de pesquisas médicas recentes, justifica plenamente a existência dessa lei antiga.
A parasitologia, no tempo atual, comprova que um protozoário ciliado - a tênia do porco - e um verme nematóide - a triquina - ocasionam importantes enfermidades que os porcos partilham com os seres humanos.
O protozoário ciliado, denominado cientificamente Balantidium coli, é extremamente comum nos suínos. Pesquisas recentes em diversos países revelam uma incidência da ordem de 21 a 100%. Esse organismo é muito menos comum no homem. A incidência geral de 1% em Porto Rico, é típica da que ocorre em muitos países. Quando se encontra no homem, pode ocasionar graves sintomas clínicos. Provas atuais apontam para o porco como a causa principal do contágio humano.
A incidência de contágio humano com o cestóideo do porco (Taenia Solium), em regra uma fração de 1%, varia ao redor do mundo. Em seu famoso relato This Wormu World ("Este Mundo Verminado"), escrito em 1947, Stoll calculou que 2,5 milhões de pessoas em todo o mundo estavam contagiados por esse verme.

Graves efeitos da Triquina
O verme da Triquina (Trichinella Spiralis) restringe-se à Europa Central e às regiões temperadas da América a que se dirigiram os seus emigrantes.
Em comparação com o protozoário ciliado e a tênia do porco, a triquina ocasiona gravíssimos efeitos no corpo humano. Os vermes adultos se acham presentes no intestino delgado. Após o acasalamento, as fêmeas produzem larvas que penetram nos vasos sanguíneos e se alastram por todas as partes do corpo. Essas larvas migratórias podem invadir os músculos esqueletais, o cérebro, a medula dos ossos, a retina e os pulmões. Visto que cada fêmea pode produzir mais de 1500 larvas e como esses vermes imaturos invadem muitos órgãos do corpo, podem aparecer muito sintomas clínicos. Nas afecções graves, a morte pode ocorrer na segunda ou terceira semana, mas é mais frequente da quarta à sexta semana após o contágio. As possibilidades de restabelecimento variam de acordo com a localização e o número de larvas, a intensidade dos sintomas e a condição física do paciente.
Em geral, admite-se que a presença de vermes de triquina nos porcos constituía a base para a proibição de seu uso como alimento pelo povo judeu. No livro A History of Parasitology ("História da Parasitologia"), W.D. Foster (1965) há uma ênfase sobre esse ponto de vista: "As proibições mosaicas e muçulmanas com referência à carne de porco foram motivadas, com muito mais probabilidade, pela observação de surtos de triquinose, do que por qualquer outro reconhecimento da correlação com a infestação pela tênia. A correlação da enfermidade com o comer carne de porco estava facilmente ao alcance da compreensão dos povos primitivos. Em realidade, é surpreendente que essa correlação haja sido olvidada pelo mundo em geral, apesar de as condições terem sido invulgares, e olhando para trás podemos reconhecer epidemias que indubitavelmente foram motivadas pela triquinose."

A Triquinose ainda é frequente 
Surtos de triquinose ainda são frequentes nos Estados Unidos. Quatro dos sete membros de uma família em Willoughby, estado de Ohio, manifestaram sintomas de triquinose depois de mergulharem salsichas no óleo e comerem-nas por vários dias sem qualquer cozimento.
Uma família de 8 pessoas, em Nova Berlim - Wisconsin, contraiu uma enfermidade cujos sintomas se assemelhavam aos da gripe. Exames posteriores possibilitaram o diagnóstico de triquinose. Todos eles comeram sanduíches de "bife" hamburguês cru. Presume-se que esses "bifes" estavam contaminados com carne de porco infectada, pois os animais bovinos não possuem vermes de triquina. Aquela carne fora comprada num mercado em que a carne de porco e a de gado eram moídas no mesmo aparelho. 
Algum tempo atrás foram diagnosticados 76 casos de triquinose em Washington, Estado de Missouri. Esse surto foi atribuído à ingestão de carne de porco não elaborada devidamente para destruir as larvas infecciosas.
Cumpre notar que desde o tempo em que Deus deu aquela ordem para os israelitas, até a década atual, a Medicina não tem conseguido curar pacientes com triquinose. O tratamento consiste em aliviar os sintomas ocasionados pelos vermes, e não em destruí-los.
Labutando no Instituto Merck para Pesquisas Terapêuticas, Rahway, Nova Jersey, em 1962, o Dr. Guilherme C. Campbell observou que o medicamento chamado thiabendazole era eficaz para matar larvas de triquina nos músculos de camundongos, ratos ou porcos infectados. Isto constituía um passo significativo. Experiências com thabendazole em seres humanos também revelam bons resultados. A despeito do êxito com aquele medicamento, a triquinose ainda é uma enfermidade a ser evitada, e a descoberta dessas substâncias não autoriza o uso da carne de porco na alimentação.
Sobre o comer carne com o sangue a Bíblia determinantemente proíbe, pois no sangue se encontram todas as impurezas e enfermidades do animal (Gênesis 9:4; Levíticos 7:26, 27).
Alguns encaram os preceitos bíblicos como uma tentativa da Divindade de reprimir predileções alimentares bem arraigadas, mas na realidade tais proibições apenas objetivam nos assegurar uma vida mais saudável. A ciência moderna continua apoiando as declarações daquele que é o Criador dos homens e dos animais.
Vamos fazer um estudo completo sobre esse assunto de acordo com estas passagens: 
Marcos 7:15-19 - Alimentos puros ou impuros?
Atos 10 - A experiência de Cornélio.
Romanos 14 - Esclarecimentos de Paulo.
Para uma boa compreensão desse assunto três princípios de interpretação devem ser relembrados:
1) A Bíblia deve ser seu próprio intérprete
2) O contexto sempre ajuda a explicar o texto
3) Os fatos narrados devem estar em sua moldura histórica
Para chegarmos ao exato sentido do que Cristo disse: “nada há fora do homem, que entrando nele, o possa contaminar...”, e a declaração de Marcos: “e assim considerou ele puros todos os alimentos”, precisamos analisar outras passagens bíblicas que nos esclarecerão sobre o exato significado de tais afirmativas. As duas mais significativas são:
a) A experiência de Pedro em Atos 10;
b) os esclarecimentos Paulinos em Romanos 14.
Estaria Cristo com essa declaração anulando ensinamentos do Velho Testamento? A classificação dos animais em limpos e imundos agora deixaria de existir? Peçamos a Deus que nos esclareça a mente para entendermos com clareza os sábios ensinamentos de Sua Palavra.

1. A experiência de Pedro com Cornélio.
Lucas nos relata a experiência com certa pessoa de destacada posição social, da cidade de Cesaréia, chamada Cornélio. São salientados os predicados que ornavam seu caráter: piedoso e temente a Deus com toda a sua casa, dava muitas esmolas aos necessitados e continuamente orava a Deus. Apesar desses atributos, ele necessitava de orientação divina para melhor compreender o plano de Deus para sua vida. Foi essa a razão pela qual enquanto orava um anjo lhe indicou que deveria chamar a Pedro para dar-lhe uma nova orientação.
Conhecendo Deus que Pedro não estava preparado para este ministério, deu-lhe a visão do terraço, na hora sexta (para nós ao meio dia). Sendo a hora da refeição, ele estava com fome e esperava o almoço ser preparado. Foi nessa hora que ele teve uma visão: do céu aberto descia algo como um grande lençol, repleto de animais próprios e impróprios para a alimentação. Nesse instante ele ouve aquelas tradicionais palavras: “levante-te, Pedro; mata e come” (Atos 10:13). Mas ele replicou com decisão e firmeza: de modo nenhum, Senhor! Porque jamais comi coisa alguma comum e imunda (10:14). A voz treplica: “ao que Deus purificou não consideres comum” (10:15).
Esse relato sem levar em consideração o contexto, e sem a interpretação através do conjunto das escrituras, pode significar que não há alimentos imundos, já que Deus os purificou, porém todos sabemos que através da visão de Pedro, Deus queria ensiná-lo a não fazer distinção entre as pessoas.
Terminada a visão, ao Pedro estar reflexionando sobre seu exato significado, aproximam-se os mensageiros de Cornélio com o inusitado convite para que fosse a sua casa. Iluminado pelo Espírito Santo ele compreendeu o exato significado da visão.
Essa experiência de Pedro nos mostra claramente que ele teria recusado seguir aqueles “gentios”, se a visão não lhe tivesse sido dada. A visão nos mostra ainda que Deus se utiliza de processos os mais variados, para nos ensinar suas preciosas lições.
A finalidade primordial da visão foi ensinar-lhe que não deveria considerar a nenhum homem como imundo, pois todos são dignos de receber a salvação. Nada nesse relato tem a ver com a classificação bíblica de animais próprios e impróprios para nossa alimentação. (Ver Atos 11: 1-18). 

2. O Problema da Consciência de Romanos 14.
Romanos 14 aparece na Tradução Revista e Atualizada no Brasil com o título: "A Tolerância para com os Fracos na Fé". Muitos julgam encontrar em Romanos 14 uma poderosa escora para derribar a distinção bíblica entre animais limpos e imundos e a observância do sétimo dia.
O renomado estudioso W. Rand em seu "Dicionário de La Santa Bíblia", pág. 560 afirma: "Segundo se depreende da própria epístola, o motivo que teve Paulo para escrevê-la foram as desinteligências que surgiam entre os conversos judeus e os conversos gentios, não somente em Roma, mas em todas as partes. O judeu, quanto aos seus privilégios, sentia-se superior ao gentio, o qual por sua vez, não reconhecia tal superioridade e se sentia desgostoso quando tal se lhe afirmava".
Conforme o terceiro princípio de interpretação anteriormente citado seria bom destacar que, com a expansão do Cristianismo pela Ásia Menor e Europa, o evangelho foi aceito por gentios e judeus. Os judeus, mesmo após a aceitação do Cristianismo, conservavam resquícios da tradição judaica e princípios da lei cerimonial.
Outro comentário diz: "De fato, os primeiros cristãos não foram solicitados a deixarem repentinamente de comparecer às festas judaicas anuais ou repudiarem de imediato todos os ritos cerimoniais ... o próprio Paulo, após sua conversão esteve em muitas festas, e conquanto ensinasse que a circuncisão nada era, circuncidou a Timóteo e concordou em fazer um voto de acordo com estipulações do Antigo Código".
Além da oportunidade das festas e cerimônias dos judeus, o que mais agravava este estado de coisas, era o fato de os judaizantes quererem impor aos gentios as observâncias. Os gentios não as aceitavam e com isso os judeus se irritavam, tornando o ambiente carregado e comprometedor para a causa do evangelho. Dentre estas pendências, destacava-se a carne sacrificada aos ídolos pelos pagãos. Após o oferecimento da carne a Júpiter, Mercúrio, Diana e a outros deuses mitológicos eles a colocavam com as outras carnes que vendiam. Os judaizantes eram totalmente contrários à compra de carne no açougue, pelo fato de não saberem se ela tinha ou não sido oferecida aos ídolos. Os cristãos gentios não eram tão escrupulosos e criam que o oferecimento da carne aos ídolos não a contaminava.
O SDABC (Comentário Bíblico Adventista do Sétimo Dia) tecendo considerações sobre Romanos 14:2, acentua:
"Débil na fé - isto é, aquele que tinha limitada compreensão dos princípios da justiça, ansioso por salvar-se e disposto a fazer tudo quanto cria que dele se exigia. Contudo na imaturidade de sua experiência cristã e provavelmente em decorrência de sua crença e educação anteriores, ele procurava assegurar salvação pela observância de certos preceitos e regulamentos, que na realidade não se exigiam dele. Para ele tais preceitos assumiam a maior importância. Julgava-os absolutamente necessários à salvação, e ficava escandalizado e confuso, ao ver outros cristãos ao redor, sem dúvida mais amadurecidos e experientes, que não partilhavam destes escrúpulos".
Com respeito às carnes sacrificadas aos ídolos, quem as julgasse impróprias, não as deveria comer, embora não devesse julgar aquele que assim o fizesse.
I Coríntios 8 trata do mesmo assunto, e a sua leitura nos é mais elucidativa sobre este problema. O ponto capital, tanto em Romanos 14 como em I Coríntios 8 é concluir que não havia mal nenhum em comer carne sacrificada aos ídolos, mas se isso escandalizasse os irmãos fracos era melhor evitar.
Paulo não visa com esses relatos, determinar que espécie de alimento deve ser ingerida pelos cristãos, como uma exegese errada poderia mostrar. O cerne da questão nada tem a ver com regime alimentar, como todos os comentaristas reconhecem, mas simplesmente um problema de consciência. Em outras palavras recomenda que aquele que é fraco na fé não deve ser desprezado pelos demais membros da igreja, mas sim tratado com o mesmo amor cristão.
O exegeta Charles R. Erdman em seu comentário de Romanos, pág. 153 se expressa desta maneira: "Aquele que é débil na fé, que não aprende o pleno sentido da salvação pela graça, que pensa que observar certas regras ou preceitos quanto ao alimento ou a ritos religiosos o fará mais aceitável diante de Deus, deve ser recebido na igreja, contudo, não se deve com ele discutir a respeito desses escrúpulos por ele afagados. Uma pessoa pode admitir que comer ou abster-se de certos alimentos sadios é matéria de indiferença moral; outra pode crer que agradará mais a Deus se apenas se alimentar de legumes".
Paulo orientava a igreja para o extermínio de partidos, a fim de que a igreja não se dividisse e para que os dois grupos pudessem viver num espírito de tolerância e harmonia.

Estudo do contexto de Marcos 7:15 e 19:
O evangelista começa o capítulo 7 nos informando, que um grupo de fariseus e escribas se aproximou de Cristo para o interrogarem, porque os seus discípulos não seguiam preceitos estabelecidos pela tradição humana.
O Talmude está repleto de regrinhas orientadoras de como o povo judeu devia comportar-se em todas as circunstâncias da vida.
Os discípulos e seu Mestre orientavam-se por princípios elevados, advindos da palavra de Deus, e não por regulamentos humanos, que naquele tempo eram conhecidos como "Lei Oral" e "Tradição dos Anciãos". Esse comportamento correto de Jesus, fez com que surgissem conflitos entre Ele e os judeus. Como exemplo temos esta divergência quanto a lavar as mãos, não por medidas higiênicas, mas como rito cerimonial.
Como bem nos esclarece o comentarista William Barclay em El Nuevo Testamento, Vol 3. Pág. 179: "Esta era a religião para os fariseus e escribas. Rituais, cerimônias, regras e regulamentações como estas era o que se considerava a essência do serviço de Deus. A religião ética está imersa sob uma massa de tabus, regras e regulamentações."
A resposta de Cristo é um terrível libelo aos ensinamentos dos homens: "Respondeu-lhes: bem profetizou Isaías, a respeito de vós, hipócritas, como está escrito: Este povo honra-me com os lábios, mas o seu coração está longe de mim. E em vão me adoram, ensinando doutrinas que são preceitos de homens. Negligenciando o mandamento de Deus, guardais a tradição dos homens". Marcos 7: 6-8.
A verdadeira contaminação: ao ventilar este ponto negativo, totalmente farisaico, Jesus chamou a multidão para junto de si e disse: "Ouvi-me, todos vós, e compreendei". Marcos 7:14.
Cristo lhes ensina o quê na realidade contamina o homem. Através de uma linguagem figurada procurou mostrar-lhes que o verdadeiro objetivo da religião, consistia em libertar o cristianismo do legalismo. Apresentou-lhes o fato de que o coração é fonte de toda a contaminação. "Nada há, fora do homem, que entrando nele, o possa contaminar, mas o que sai dele, isso é que contamina o homem". Marcos 7:15.
Não há nenhuma preocupação, nesse relato, em apresentar provas de que esse alimento é limpo ou impuro, mas em apresentar ao povo a necessidade de abandonar doutrinas, que são preceitos dos homens, e seguir a religião pura ensinada por Cristo.
O comentário expositivo do Evangelho Segundo Marcos de J. C. Ryle, pág. 69, consigna: "A pureza moral não depende de lavar ou deixar de lavar, de manusear ou deixar de manusear, de comer ou deixar de comer como queriam e ensinavam os escribas e fariseus".
Jesus queria adverti-los de que não haveria valor em fazerem tremendos esforços se não tivessem o verdadeiro Deus. O resultado de lavar as mãos seria inútil, como o próprio Cristo disse, se o coração estivesse inundado de lascívia, prostituição, furtos, homicídios, adultérios, avareza, malícia, dolo, inveja, soberba e loucura (Marcos 7:21-22).

Purificando todos os alimentos:
Ao Deus estabelecer o homem na Terra, indicou-lhe precisamente qual deveria ser sua alimentação. O registro divino nos ensina que o homem devia comer dos produtos do campo e das árvores, ou sejam: grãos, nozes e frutas.
Gênesis 1:29 declara: "E disse Deus ainda: Eis que vos tenho dado todas as ervas que dão semente e se acham na superfície de toda a terra, e todas as árvores em que há fruto que dê semente; isso vos será para mantimento".
Após o dilúvio, pela escassez desses alimentos, permitiu-se ao homem a alimentação cárnea; porém, a Bíblia é bastante clara na distinção entre os animais próprios e impróprios para a alimentação, em conformidade com Levíticos 11. Neste capítulo notaremos uma classificação de alimentos aprovados por Deus, isto é, alimentos puros, e também uma série de alimentos considerados imundos. Essa classificação é divina, transmitida a Moisés para que, por seu intermédio, o povo de Israel a praticasse e posteriormente também todos os que pautassem a vida pelos princípios da Palavra de Deus o fizessem. Como cristãos ou israelitas modernos, cremos que esta classificação perdura, basta para isso aceitarmos o propósito divino ao fazer esta distinção e considerarmos a Bíblia como um todo inspirado por Deus.
O contexto geral do capítulo sete de Marcos nos mostra que Jesus não está interessado em falar se esta ou aquela comida é pura ou imunda, mas em ensinar ao povo judeu e a nós como igreja cristã que o essencial é aceitarmos a Bíblia e não o que dizem os homens em suas doutrinas erradas.

O SDABC (Comentário Bíblico Adventista do Sétimo Dia) corrobora as afirmações anteriores ao declarar sobre Marcos 7:15 o seguinte: "Foi sempre, e exclusivamente contra preceitos de homens (v. 7) que Jesus protestou, em aguda distinção do mandamento de Deus (v.8), como se apresenta nas Escrituras. Aplicar os versos 15-23 ao caso de alimentos puros e impuros é ignorar completamente o contexto. Tivesse Jesus nessa ocasião eliminado a distinção entre as carnes limpas e imundas e seria óbvio que Pedro não teria, posteriormente, respondido como respondeu à ideia de comer alimentos impuros".

“E assim considerou ele puros todos os alimentos”:
Esta declaração de Marcos tem sido problemática para copistas, teólogos, exegetas e comentaristas.
Alguns têm declarado que a afirmação do verso 19 em grego, não se encontrava no original de muitos manuscritos, sendo portanto um acréscimo posterior. O renomado exegeta Bruce M. Metzger, em sua autoridade inquestionável, no livro "A Textual Commentary on the Greek New Testament" pág. 95, tece considerações sobre o verso e declara: “o peso esmagador dos manuscritos nos convencem de que a afirmativa foi escrita por Marcos. Diante da dificuldade do verbo purificar, muitos copistas tentaram correções e melhorias. Metzger conclui: muitos eruditos modernos, seguindo a interpretação sugerida por Orígenes e Crisóstomo consideram o verbo “cataridzo”, ligado gramaticalmente com "leguei" do verso 18 tomando assim o comentário do evangelista com as implicações das palavras de Jesus concernentes às leis dietéticas judaicas.
Essa mesma ideia é esposada pelo livro Consultoria Doutrinária, Casa Publicadora Brasileira, págs. 130 a 132, do qual destacamos: "Nalgumas Bíblias a declaração final do versículo 19, parece fazer da instrução de Cristo, um sentido de que o processo da digestão e eliminação tem efeito do “purificar todos os alimentos”. O texto grego, porém, torna evidente que essas palavras não são de Cristo, mas de Marcos, e constituem seu comentário sobre o que Cristo queria dizer. Por conseguinte, é necessário interpretar a expressão sob o aspecto das palavras “Então lhes disse”, do versículo 18. A última frase do versículo 19 rezaria assim: “(Então lhes disse isto), purificando todos os alimentos” ou “considerando puros todos os alimentos” - a saber, sem levar em consideração se a pessoa que comia realizara ou não a ablução cerimonial preceituada. Era essa a questão em debate (verso 2).
Em segundo lugar, convém notar que a palavra grega “bromata”, traduzida por alimentos, significa simplesmente “o que se come” e inclui todas as espécies de alimentos; e jamais distingue carne dos animais de outras espécies de alimentos. Restringir as palavras “considerou puros todos os alimentos” aos alimentos cárneos e inferir que Cristo aboliu a distinção entre carnes limpas e imundas usadas como alimento (ver Levíticos 11), é desconhecer completamente o sentido do texto grego.
Percebe-se pois, que o versículo 19 não foi acrescentado, mas que a expressão final deste versículo não foi usada por Cristo, e sim, por Marcos, para indicar que a cerimônia de lavar as mãos várias vezes antes de comer - não por limpeza, mas por tradição cerimonial - nada tinha que ver com a salvação. Isso, no entanto, não quer dizer que se deva comer com as mãos sujas, ou que se possam usar todas e quaisquer carnes de animais, mesmo dos que foram proibidos em Levíticos 11.
Outra autoridade, não menos destacada, Marvin R. Vincent, em Word Studies in the New Testament, vol I., pág. 201, afirma sobre Marcos 7:19: "Cristo estava enfatizando a verdade de que toda contaminação vem de dentro. Isto era em face das distinções rabínicas entre alimentos puros e imundos. Cristo declara que a impureza levítica, como o comer sem lavar as mãos, é de pouca importância quando comparada com a impureza moral. Pedro, ainda sob a influência dos antigos conceitos, não consegue entender a declaração e pede uma explicação (Mateus 15:15), que Cristo dá nos versos 18-20. As palavras “purificando todos os alimentos”, não são de Cristo mas do evangelho explicando o significado das palavras de Cristo; a versão Revisada do Novo Testamento, portanto, traduz corretamente “isto ele disse (em itálico), tornando limpos todos os alimentos”.
Esta era a interpretação de Crisóstomo, que diz em sua homília sobre Mateus: “Porém, Marcos diz que Cristo disse estas coisas tornando puros todos os alimentos”. Canon Farrar refere-se a uma passagem citada de Gregório Taumaturgo: “E o Salvador, que purifica todos os alimentos diz” ...

Conclusão
Nada melhor do que concluir este trabalho com as oportunas palavras de J.C. Ryle, em seu Comentário Expositivo do Evangelho Segundo Marcos, ao tecer considerações sobre o capítulo sete de Marcos:
"Devemos pedir diariamente o ensino do Espírito Santo, se quisermos adiantar-nos no conhecimento das coisas divinas. Sem o Espírito Santo a inteligência mais robusta e o raciocínio mais vigoroso pouco nos farão adiantar. Na leitura da bíblia e na atenção que prestamos à pregação da Palavra, tudo depende do espírito com que lemos e ouvimos”.
Podemos então entender claramente, que a razão para Deus ter proibido certos alimentos tinha que ver exclusivamente com um princípio de saúde e não com um ritual religioso. Assim sendo, aquilo que era prejudicial ao homem nos dias de Moisés, também o era nos dias de Cristo, não fazendo sentido então, querer achar que Cristo estava abolindo um princípio de saúde.

por Hudson Cavalcanti, colunista do Site Bíblia e a Ciência

Grande Esperança 2 - Defensores da Esperança (Judas 3).

Sermão de domingo, 18/11 - Defensores da Esperança (Judas 3) da semana A Grande Esperança com Pr. Alejandro Bullón da Igreja Adventista do Sétimo Dia.

Arqueologia na Inglaterra - Evidências England - TV Novo Tempo


Palco de grandes impérios, monarcas, batalhas e crenças, a Inglaterra fascina e intriga, um velho mundo que anda de mãos dadas com o futuro, mantendo um presente que faz questão de preservar as glórias do passado através de suas tradições tão cuidadosamente preservadas. 
Prepare-se para uma viagem até os mistérios de Stonehenge, as salas não permitidas ao público na Abadia de Westmisnter, como funciona a Igreja Católica no contexto político atual, uma imersão na história antiga em um dos maiores museus do mundo, o Museu Britânico, além do museu Ashmolean de Oxford e obter respostas para curiosidades das peculiaridades britânicas como a forma de administração monárquica, ou o simples o fato de dirigirem pela mão contrária que a ocidental.
Apresentação - Rodrigo Silva
Direção e Produção - Allana Ferreira
Fotografia - Carlos Angella e Maurício Lima
Edição e Arte - Tati Nunes
Trilha Chiquinho Gonzaga

domingo, 18 de novembro de 2012

Você e eu NUNCA viveremos sem um intercessor

Haverá um momento em que o ser humano deixará de ter a Jesus como seu intercessor?Sim e não.
Existe um grupo de cristãos bem intencionados, porém, fanáticos, que prega ser possível os filhos de Deus chegarem a um nível de perfeição que os capacitará a estarem firmes sem a mediação (Cf. 1Tm 2:5) de Cristo no período da grande tribulação.
Esse grupo de pessoas desconsidera Hebreus 7:25 que claramente afirma ser isso impossível:
“Por isso, também pode salvar totalmente os que por ele se chegam a Deus, vivendo sempre para interceder por eles.”
Perceba que o versículo dá a ideia de uma intercessão contínua, sem interrupções. Dessa maneira, os justos poderão estar certos da intercessão de Cristo e da presença do Espírito Santo na vida deles no momento em que passarem pela grande tribulação (Ap 7:13, 14) e enfrentarem o sinal da besta (Ap 13:1-17). [Noutra oportunidade escreverei sobre isso com mais detalhes].
Nunca você e eu conseguiríamos suportar a grande tribulação com nossas próprias forças. Mesmo que tenhamos sido libertos do poder do pecado (Rm 6 e 8), ainda não teremos sido libertos da presença do pecado (veja o conflito de Paulo em Rm 7, mesmo depois de convertido), que ocorrerá apenas na glorificação, por ocasião da segunda vinda de Cristo, quando Ele transformará nosso corpo e nossa natureza (1Co 15:51-55; 1Ts 4:13-18).
Enquanto estivermos na presença do pecado, haverá dentro de nós uma natureza pecaminosa que fará nossos atos de justiça sempre parecerem trapos sujos (Is 64:6) e, por isso, sempre necessitaremos da misericórdia e trabalho de intercessão de Cristo para vencermos.

DISTORCENDO ELLEN G. WHITE
Por incrível que pareça, alguns veem nos escritos da co-fundadora do adventismo aquilo que não existe. Um dos textos que não dizem aquilo que os “perfeccionistas” pensam, encontramos, por exemplo, no livro O Grande Conflito, p. 614 (Casa Publicadora Brasileira, 2009). Destacarei algumas frases para que durante a leitura você note o contexto geral e compreenda corretamente o que a escritora quis transmitir aos leitores:
“Deixando Ele o santuário, as trevas cobrem os habitantes da Terra. Naquele tempo terrível os justos devem viver à vista de um Deus santo, sem intercessor. Removeu-se a restrição que estivera sobre os ímpios, e Satanás tem domínio completo sobre os que finalmente se encontram impenitentes. Terminou a longanimidade de Deus. Os ímpios passaram os limites de seu tempo de graça; o Espírito de Deus, persistentemente resistido, foi, por fim, retirado [dos ímpios, não dos justos]. Desabrigados da graça divina [os ímpios], não têm proteção contra o maligno [os ímpios] [...]“.
O contexto é claro como o Sol ao meio-dia. A autora está dizendo que, no momento em que Cristo sair do santuário celestial para buscar Seus filhos, após a conclusão de Sua Obra Meditadora e Judicial (Cf. Jo 5:22), será removida a “restrição que estivera sobre os ímpios” (O Grande Conflito, p. 614), de modo que Satanás terá “domínio completo sobre os que finalmente se encontram impenitentes” (Ibidem).
Segundo Ellen White, os ímpios é quem ficarão sem um intercessor para o perdão de seus pecados e para refreá-los de fazer o mal (devido à contínua rejeição dos apelos do Espírito). Não os justos que, de acordo com Hebreus 7:25, sempre contarão com a intercessão e auxílio de Cristo!
Os justos ficarão sem um intercessor não para perdoá-los, mas, para refrear os ímpios. Na ausência do poder refreador do Espírito Santo, após a saída de Cristo do Santuário Celestial (Dn 12:1,2), os maus ficarão sem um intercessor e sem a presença do Espírito de modo que se tornarão mais maus ainda, ao ponto de perseguirem com mais violência o povo de Deus fiel à Sua Palavra e à Sua Lei (Cf. Ap 12:17; 14:12).
Como bem escreveu o Pr. Morris Venden em seu livro Nunca Sin Un Intercesor: las buenas nuevas acerca del juicio (Buenos Aires, Argentina: Asociacion Casa Editora Sudamericana, 1998), p. 60:
“Alguns têm chegado a conceber a ideia de que necessitaremos de uma grande reserva de justiça em nossas baterias [...] como uma forma de guiar-nos através desse tempo (de prova, de grande tribulação), quando seremos nossos próprios donos. Essa é uma grosseira distorção da mensagem real do evangelho. Pode conduzir a um desânimo real as pessoas débeis e a uma grande surpresa os mais fortes”.
Como pode ver amigo (a) leitor(a), além de distorcer o evangelho, tais “perfeccionistas” distorcem o que Ellen G. White escreveu, e terão de dar contas a Deus, caso se recusem a ler o texto e aceitá-lo como ele é.

NOSSO MAIOR PECADO NÃO É A TRANSGRESSÃO DA LEI
Não há dúvidas de que pecado é a “transgressão” da eterna Lei de Deus, de acordo com 1 João 3:4. Porém, a Bíblia não apresenta apenas esse conceito para pecado.
O termo é abarcante em seu significado (não tratarei do assunto de maneira detalhada no momento) e podemos ver na Bíblia que tanto Jesus quanto Paulo apresentaram conceitos ainda mais amplos, além daquele que encontramos em 1 João 3:4. Veja os textos a seguir:
“Quando ele vier, convencerá o mundo do pecado, da justiça e do juízo: do pecado, porque não creem em mim” (Jo 16:8-9).
“Mas aquele que tem dúvidas é condenado se comer, porque o que faz não provém de fé; e tudo o que não provém de fé é pecado.” (Rm 14:23).
Afirmar, com base nesses textos, que pecado é apenas desobediência à Lei Moral é violentar o texto bíblico. Em João 16:8-9, Jesus afirma que o pecado principal que o ser humano precisa vencer é o pecado de não crer em Jesus. A essência do pecado é desconfiar de Deus e confiar em si mesmo (leia Gn 3:1-8).
Nossa maior luta não deve ser para “não errar” e sim para permanecermos em Jesus todos os dias, a todo instante. Em João 15 aprendemos que esse relacionamento entre nós e Ele é que nos capacitará a não praticarmos os “pecados” propriamente ditos, na mesma frequência e intensidade que aqueles que não aceitaram a graça. Sem Jesus nada podemos fazer, diz o Salvador em João 15:5.
Já o apóstolo Paulo, em Romanos 14:23, afirma que pecado é não viver pela fé (isso envolve não viver pela fé em Cristo, claro). A maior luta contra o “eu” não é simplesmente “não cometer erros”, mas, viver pela fé em toda e qualquer circunstância (1Pe 4:12-14). É sim confiar em Deus quando tudo está aparentemente perdido (Sl 23:4; 27:3; Sl 46:1-3) e quando parece que nunca iremos conseguir vencer aquilo que está nos derrotando (Sl 73:26; Rm 8:31-39).
Perceba que, tendo um conceito correto do que é o pecado, não iremos enfatizar o nosso comportamento. Saberemos que nosso maior pecado é não estar com Jesus (Jo 16:8, 9; Rm 14:23) e que a vitória sobre essa tendência humana, de viver afastado de Deus (Is 59:2), é que nos tornará vitoriosos sobre as coisas erradas que fazemos (Cf. 2Co 5:17). E isso unicamente pela graça divina, que através do Espírito Santo escreve em nosso íntimo os princípios morais de Deus, expressos nos Dez Mandamentos (Hb 8:10).
Se entendermos o significado amplo do que significa o pecado, também saberemos que o mal habita em nós desde o nascimento (Sl 51:5), e que precisaremos desesperadamente de Jesus por toda a nossa vida – até mesmo quando Ele concluir Sua obra no santuário celestial. Até Cristo voltar teremos coisas a mudar em nós, segundo Apocalipse 22:11: “[...] e o santo continue a santificar-se” (Ap 22:11, última parte).

PRECISAMOS SER HONESTOS PARA VENCERMOS NOSSOS PECADOS
Não é se apegando a uma heresia que iremos mascarar diante de Deus, das pessoas e de nós mesmos, a nossa luta contra o pecado. Precisamos ser honestos em reconhecer que jamais conseguiremos ser libertos da presença do pecado enquanto Jesus não voltar e glorificar nosso corpo (1Co 15:51-55; 1Ts 4:13-18).
Quando você e eu reconhecemos que temos um problema, damos o primeiro passo para a vitória. Somente ao aceitarmos que somos essencialmente pecadores (Cf. Rm 3:9-20) e que nossas justiças manchadas pelo pecado são “como trapo da imundícia” (Is 64:6), é que nos sujeitaremos a Deus (Tg 4:7) para que Ele efetue em nós tanto o “querer como o realizar, segundo a sua boa vontade” (Fp 2:13).
Santificação (Cf. Rm 6:22; Hb 12:14) é se tornar parecido com Jesus todos os dias (Cf. 2Co 5:17). Esse processo chegará ao fim somente quando Cristo voltar. Nunca seremos plenamente como Ele enquanto não formos glorificados (transformados) na segunda vinda (Cf. Fp 3:20, 21).
Portanto, se você for um cristão “perfeccionista”, precisa aceitar que tem um problema maior por trás de sua vida. Há algo mais por trás de suas teorias e conceitos, e que lhe impulsiona a adotar uma crença errada como uma espécie de “fuga” psíquica.
Tire a máscara diante de Deus e será um(a) vitorioso(a). Receberá dEle forças para vencer o poder do pecado, não sendo um escravo dele a todo instante (1Jo 3:9). Continuará sendo um pecador, dependente da graça de Cristo, até o dia em que Ele voltar e completar a obra dEle em você, na glorificação. Entretanto, Ele completará a obra que começou em você (Fp 1:6; Jd 24).
Crer nisso é fundamental para reconhecermos nossa incapacidade, como o fez Paulo (Rm 7), a fim de que seja mantida nossa dependência totalde Deus, bem como nossa humildade. Do contrário, o mesmo autor de 1 João 3:9 não teria escrito 1 João 1:8 para lembrar-nos de que, apesar de obtermos a vitória sobre o poder do pecado, precisamos nos mantermos humildes porque até Cristo voltar estaremos na presença do pecado:
“Se dissermos que não temos pecado nenhum, a nós mesmos nos enganamos, e a verdade não está em nós.” (Cf. Ap 22:15).
Para o apóstolo João, ignorar esse fato e viver iludido de livre vontade é ser um mentiroso. É se enganar. É se iludir com a “salvação pelo comportamento” (Ef 2:8, 9), que cria na pessoa um espírito crítico, que a faz olhar mais para o que as pessoas fazem do que para o que elas sentem (Cf. Mt 7:1; Lc 6:37; Jo 7:24). Além disso, o perfeccionismo leva à frustração e à descrença (não em todos os casos) porque o indivíduo, com seus 90 anos, ao olhar para si, percebe que ainda não se tornou “perfeito” da maneira como ele pensava que se tornaria.
Tenha muito cuidado com o legalismo. Apegue-se à graça de Cristo para que inclusive a sua obediência seja acompanhada pela fé, como recomenda Paulo em Romanos 1:5 e 16:26. A fé no intercessor Jesus precisa nos acompanhar em todas as fases de nossa salvação se quisermos ser vitoriosos de verdade, recebendo através dessa fé uma vitória que é dEle e que nunca virá de nós mesmos:
“Em todas estas coisas, porém, somos mais que vencedores, por meio daquele que nos amou.” (Rm 8:37)
Por isso, muito mais que lutar com Deus (que é importante), precisamos permitir que Ele lute por nós. Isso é se entregar completamente nos braços graciosos do Pai para ser salvos (Jo 3:36) e transformados por Ele (Ef 2:10; Tt 3:7, 8; 2Co 5:17). Nisso encontrarmos a verdadeira paz, força e motivação para nos tornarmos ainda melhores. Afinal, é “o amor de Cristo [que] nos constrange, porque estamos convencidos de que um morreu por todos; logo, todos morreram” (2Co 5:14).
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