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terça-feira, 24 de julho de 2018

Como alguns dos pioneiros adventistas viam o aborto


Em tempos de desumanização dos não-nascidos através da linguagem e do uso de eufemismos (“não é vida humana”, “não tem sistema nervoso ainda”, “amontoado de células”, “é questão de saúde pública”, “interrupção da gravidez”, “direitos sexuais e reprodutivos”, etc), seria bom adventistas observarem a linguagem simples e direta que os primeiros adventistas usavam para falar sobre aborto.

J. N. Andrews:
“Um dos pecados mais chocantes, e mais comuns desta geração, é o assassinato de bebês não nascidos. Que aqueles que pensam ser este um pecado pequeno leiam o Sl 139:16. Eles verão que até o feto está escrito no livro de Deus. E eles podem estar bem seguros de que Deus não passará despercebido pelo assassinato de tais crianças” (J. N. Andrews [ed.]. “A Few Words Concerning a Great Sin”. Advent Review and Sabbath Herald, 30 nov. 1869, p. 184).

John Todd:
“Não tenho medo, mas o que estou prestes a escrever será lido; e eu gostaria que fosse solenemente ponderado. Estou prestes a falar, e claramente, da prática de produzir abortos. […] Quanto à culpa, quero que todos saibam que, aos olhos de Deus, é um assassinato intencional. ‘O assassinato intencional de um ser humano em qualquer estágio de sua existência é assassinato. […] e se alguém acha que pode fazê-lo sem a culpa do assassinato, ela está muito enganado’ [cita o Dr. H.R. Storer]” (John Todd. “Fashionable Murder”. Advent Review and Sabbath Herald, 25 jun. 1867, p. 29-30).

John Kellogg:
“Assim que esse desenvolvimento começa [a partir da concepção], um novo ser humano vem à existência – em embrião, é verdade, mas possui sua própria individualidade, com seu próprio futuro, suas possibilidades de alegria, pesar, sucesso, fracasso, fama e ignomínia. “A partir deste momento, adquire o direito à vida, um direito tão sagrado que em toda terra violar é incorrer na pena da morte. Quantos assassinos e assassinas ficaram impunes! Ninguém, a não ser Deus, conhece a extensão deste crime hediondo; mas o Avaliador de todos os corações conhece e lembra de cada um que assim transgrediu; e no dia da avaliação final, qual será o veredicto? Assassinato? Assassinato, assassinato de crianças, matança de inocentes mais cruel que a de Herodes, mais sangue frio que o assassino da meia-noite, mais criminoso que o homem que mata seu inimigo – o mais desnatural, mais desumano, mais revoltante dos crimes contra a vida humana” (J. H. Kellogg. Man, the Masterpiece. Battle Creek: Modern Medicine Publishing Company, 1894. p. 424-425).

Tiago White:
“Poucos estão cientes da temerosa extensão que esse negócio nefasto, essa prática pior do que diabólica, é levada adiante em todas as classes da sociedade! Muitas mulheres determinam que não se tornarão mães e se submetem ao mais vil tratamento, cometendo o crime mais básico para cumprir seu propósito. E muitos homens, que têm tantos filhos quanto ele pode sustentar, em vez de restringir suas paixões, ajudam na destruição dos bebês que eles geraram. O pecado está na porta de ambos os pais em igual medida; para o pai, embora ele nem sempre possa ajudar no assassinato, está sempre acompanhando, na medida em que ele induz, e às vezes até força a mãe à condição que ele sabe que levará à prática do crime” (Tiago White (ed.). A Solemn Appeal. Battle Creek: Stem Press, 1870, p. 100).

E Ellen White?
Apesar de não falar diretamente sobre o aborto intencional, Ellen White fala muito sobre as influências pré-natais. Ao ler os inúmeros textos onde ela revela preocupação com as consequências de hábitos e atitudes da mãe no não-nascido, logicamente, podemos concluir que despedaçar o corpo de crianças não-nascidas ou envenená-las até a morte não seriam práticas toleradas facilmente por ela.

A posição de Ellen White não é claramente estabelecida, mas há fortes citações que apontam para a posição pró-vida.

Ela usa o termo “assassinato” em conexão com a morte de fetos. Ao comentar sobre os vestidos de argolas usados em meados do século 19, ela declarou: “Nunca foi praticada tal iniquidade como essa desde essa invenção de [vestidos de] aro, nunca houve tantos assassinatos de crianças [murders of infants]” (Carta 16, 1861).

Esses “assassinatos de crianças” podem ser uma referência aos abortos provocados involuntariamente por essa moda.

Ela afirma que mulheres grávidas “vão considerar que outra vida depende delas e serão cuidadosas em todos os seus hábitos e especialmente na dieta” (O Lar Adventista, p. 257). Citações assim podem refutar o chavão “meu corpo, minhas regras”, pois trata-se de “outra vida”.

Ao alertar para o perigo de mulheres grávidas usarem bebida alcoólica, ela faz uma afirmação que leva em conta a saúde do não-nascido, e liga isso à palavra “pecado”:

“Cada gota de bebida forte ingerida [por uma mulher grávida] para satisfazer seu apetite, põe em risco a saúde física, mental e moral do filho, e é um pecado direto contra seu Criador” (Conselhos sobre o Regime Alimentar, p. 217).

Uma citação é especialmente interessante – ao falar sobre o risco de deixar uma mulher trabalhar excessivamente durante a gravidez, Ellen White declara:

“Caso o pai procurasse conhecer as leis físicas, compreenderia melhor suas obrigações e responsabilidades. Veria que havia sido culpado quase de matar [em inglês, “murdering”] seus filhos mediante o permitir que tantos fardos impendessem sobre a mãe, e compelindo-a a trabalhar além de suas forças antes do nascimento das crianças, a fim de obter meios para lhes deixar” (Mensagens Escolhidas, v. 2, p. 429-430).

O texto em inglês diz literalmente que o pai veria “que ele tinha sido culpado de quase assassinar seus filhos” ao fazer a mãe trabalhar demais “antes do nascimento deles”. Nesse texto, Ellen White não está condenando especificamente o aborto, mas ao falar sobre o assassinato dos fetos, e ao chamar os fetos de filhos/crianças (children), ela indica que via o nascituro como plenamente humano.

Isaac Malheiros (via Reação Adventista)

sexta-feira, 11 de novembro de 2011

Os Pioneiros Adventistas e a Trindade


Uma das mais intensas discussões teológicas entre os adventistas nos últimos anos está relacionada à Trindade.1 Desde que alguns “descobriram” que os pioneiros da igreja não acreditavam nessa doutrina, muitos questionamentos têm sido levantados. A principal tese dos adventistas que rejeitam a Trindade é que somente após a morte de Ellen G. White, ocorrida em 1915, essa doutrina teria sido introduzida e aceita na denominação. Por isso, segundo eles, a igreja teria se desviado da verdade sustentada pelos pioneiros e se encontra em estado de apostasia.


Essas sérias acusações levantam algumas perguntas: Em que os pioneiros adventistas realmente acreditavam? Eles estavam corretos e nós estamos longe da verdade? Ou eles estavam errados e nós descobrimos a verdade? O que mostram os fatos históricos?


Este artigo divide a história da compreensão adventista sobre a Trindade durante a vida de Ellen G. White nos seguintes períodos: (1) Ênfase na rejeição da doutrina tradicional da Trindade (1846-1890); (2) Tensões sobre a personalidade do Espírito Santo (1890-1897); e (3) Ênfase na aceitação da doutrina bíblica da Trindade (1897- ).


Ênfase na rejeição da doutrina tradicional da Trindade (1846-1890) –
É fato bastante conhecido que os primeiros adventistas não aceitavam a doutrina da Trindade. Mas por que eles pensavam assim? Que motivos tinham para justificar essa posição?


Razões para a rejeição. Os pioneiros apresentavam basicamente duas razões para rejeitar essa doutrina. A primeira é o fato de que muitos credos protestantes definem a Trindade como uma essência “sem corpo ou partes”. Em outras palavras, Deus não era entendido como um ser pessoal, mas abstrato e fantasmagórico. Essa compreensão sobre a Trindade “espiritualiza a existência do Pai e do Filho como duas pessoas distintas, literais e tangíveis”.2 Os pioneiros argumentavam que esse conceito contradiz a Bíblia, pois ela apresenta Deus como um ser pessoal “tangível”, que “possui corpo e partes”.3


A segunda razão é uma consequência lógica da primeira: os credos não distinguem claramente as pessoas da Divindade. Na linguagem teológica tradicional, a palavra pessoa não tem o sentido atual de individualidade, mas indica uma “face” ou “manifestação”. Portanto, de acordo com essa compreensão da Trindade, o Pai, o Filho e o Espírito Santo não são três pessoas distintas, mas três manifestações ou revelações da essência divina.4 “Trinitarianismo” era definido como a “doutrina de que o Pai, o Filho e o Espírito são unidos em uma e a mesma pessoa”.5


Os adventistas criam na “personalidade distinta do Pai e do Filho, rejeitando como absurdo o trinitarianismo, que insiste que Deus, Cristo e o Espírito Santo são três pessoas e, mesmo assim, uma só pessoa”.6


A conclusão é evidente: os pioneiros não rejeitavam o ensino bíblico sobre o Pai, o Filho e o Espírito Santo, mas a Trindade como entendida pela teologia cristã em geral. Podemos entender facilmente esse fato ao nos lembrarmos de que palavras bíblicas como alma, inferno e predestinação têm um sentido para os adventistas e outro para a maioria dos cristãos. O mesmo ocorre com a palavra Trindade. Mas, embora os pioneiros rejeitassem a Trindade dos credos, eles não consideravam essa posição como “teste de caráter cristão”, isto é, exigência para ser membro da igreja.7


Ellen G. White e os pioneiros. Agora podemos entender por que Ellen G. White não reprovou seus contemporâneos adventistas por rejeitarem a Trindade. Ela concordava essencialmente com a posição deles e chegou a declarar que o Pai possui “a mesma forma” que Cristo
e é uma “pessoa” como Ele.8 Embora os pioneiros discordassem entre si quanto a detalhes a respeito da Divindade e não possamos aceitar cada frase escrita sobre o assunto, cremos que eles estavam essencialmente corretos sobre a Trindade.9


Após examinar o que os pioneiros escreveram sobre o tema, Jerry Moon, professor de História da Igreja na Universidade Andrews, chegou à conclusão de que “o ensino trinitariano [isto é, a doutrina da Trindade] dos últimos escritos de Ellen G. White não é a mesma doutrina que os primeiros adventistas rejeitavam”.10


Natureza do Espírito Santo. É interessante observar que, na argumentação dos pioneiros contra a Trindade, eles não negavam a personalidade do Espírito Santo. Ao contrário do que geralmente se pensa, eles não tinham uma posição definida sobre o assunto. Os “Princípios Fundamentais dos Adventistas do Sétimo Dia” (1872) diziam simplesmente que “existe um Deus, um ser pessoal e espiritual”, que está “presente em toda parte por Seu representante, o Espírito Santo”. Essa declaração pode ser apoiada por aqueles que creem que o Espírito Santo é uma pessoa, bem como por aqueles que negam essa ideia.


Em 1877, ao escrever sobre a “personalidade do Espírito de Deus”, J. H.Waggoner argumentou que, como não existia entre os cristãos um consenso sobre o significado exato da palavra “pessoa”, ele considerava “inútil uma discussão a respeito” da personalidade do Espírito Santo. Waggoner advertiu que doutrinas devem ser definidas “somente quando as palavras das Escrituras são tão diretas” que ponham fim a toda discussão.11 No caso do Espírito Santo, isso não seria possível, já que a Bíblia não aplica a Ele a palavra “pessoa”. Entretanto, essa posição indefinida sobre o Espírito Santo seria modificada na década de 1890, quando Ellen G. White passou a usar o termo “pessoa” para se referir ao Espírito Santo.


Porém, os pioneiros tinham uma concepção bastante elevada sobre a posição do Espírito Santo. O hinário adventista continha diversos cânticos dirigidos a Ele (especialmente entre os números 136-167). Um deles tem as seguintes palavras: “Vem, Espírito Santo, vem; [...] então conheceremos, e adoraremos, e amaremos ao Pai, ao Filho e a Ti.”12 Um cântico bastante popular era a chamada “Doxologia”, que diz: “Louvai ao Pai, ao Filho e ao Espírito Santo.”13 Ellen G. White aprovava o uso desse hino.14


Encontramos apenas um texto anterior a 1890 que argumenta contra a personalidade do Espírito Santo.15 Mas ele contradiz em vários aspectos o ensino adventista da época, pois afirma, por exemplo, que Cristo não é Deus e que o Espírito Santo não é digno de louvor. Esse texto expressa, obviamente, a opinião pessoal do autor, e não a compreensão dos adventistas em geral.


Tensões sobre a personalidade do Espírito Santo (1890-1897) – Entre
1890 e 1897, houve alguma discussão entre aqueles que acreditavam na personalidade do Espírito Santo e aqueles que negavam esse conceito.16 Em 1890, os editores da casa publicadora da Austrália já tinham uma compreensão definida sobre a “Trindade” como constituída por “Pai, Filho e Espírito Santo”.17 Um estudo bíblico intitulado “A Trindade” argumentava sobre os “três personagens distintos do Céu”.18 O livreto “A doutrina bíblica da Trindade”, publicado pela Pacific Press e que apresentava “o Deus único subsistindo e atuando em três pessoas”, 19 era recomendado pela Associação Geral 20.


Aparentemente em resposta a essa compreensão que se popularizava, Uriah Smith, em 1890, passou a escrever alguns artigos contra a personalidade do Espírito Santo. Quanto é de nosso conhecimento, essa posição foi expressa claramente apenas por ele e por T. R. Williamson. Apesar disso, Smith acreditava que o Pai, o Filho e o Espírito Santo são “os três grandes agentes”21 ou “os três agentes”22 que realizam a obra da salvação.


Uriah Smith chegou a argumentar que, como “na fórmula batismal [Mt 28:19], o nome ‘Espírito Santo’ é associado aos nomes do Pai e do Filho”, pode “apropriadamente ser posto como parte da mesma trindade no hino de adoração ‘Louvai ao Pai, ao Filho e ao Espírito Santo’”.23 Embora Smith provavelmente nunca tenha aceitado a personalidade do Espírito Santo, ele não O considerava apenas um atributo de Deus.


Ênfase na aceitação da doutrina bíblica da Trindade (1897- ) – Em 1896, após ouvir sermões de W. W. Prescott e H. C. Lacey sobre a personalidade do Espírito Santo, Ellen G. White reconheceu como correta essa compreensão.24 A partir desse ano, ela passou a descrever repetidas vezes o Espírito Santo como “a terceira pessoa da Divindade”25 e uma das “três pessoas vivas pertencentes ao trio celestial”.26


Esses e outros textos de Ellen G. White foram decisivos para levar os adventistas a estudar mais profundamente a Bíblia e a chegar a uma posição definida a respeito das três pessoas da Divindade. Essas declarações de Ellen G. White sobre o assunto foram publicadas durante sua vida27 e eram conhecidas por seus contemporâneos. Estudos a respeito da Trindade e do Espírito Santo frequentemente citavam as declarações em que ela fala sobre “a terceira pessoa da Divindade”28 e as “três pessoas” do “trio celestial”. 29


Em resultado dos textos de Ellen G.White e principalmente do estudo da Bíblia, publicações sobre a Trindade e a personalidade do Espírito Santo se tornaram comuns entre os adventistas a partir de 1897. Desde então, os poucos que haviam argumentado contra a personalidade do Espírito Santo (inclusive Uriah Smith), nunca mais o fizeram. A doutrina da Trindade passou a ser defendida em consenso pelos adventistas.


Em nossa pesquisa foram localizados mais de 400 textos escritos entre 1897 e 1915 que mencionam explicitamente a existência das três pessoas da Divindade. A seguir, está uma pequena amostra do que foi escrito a respeito do tema durante a vida de Ellen G. White.


Publicações em geral. A. G. Daniells, então presidente da Associação Geral, acreditava que o Espírito Santo é “a terceira pessoa da Divindade” e “o sucessor e representante do Salvador”.30 S. N. Haskell, importante pioneiro e ministro ordenado em 1870, argumentou que o Espírito Santo não é “o anjo Gabriel”, porque “o Espírito Santo é uma [pessoa] da Trindade”.31 O hinário Christ in Song continha uma seção intitulada “Louvor à Trindade”.32


R. Hare, num artigo intitulado “A Trindade”, argumentou que a Divindade é formada pelas “três pessoas vivas do trio celestial”. 33 Em outro artigo com o mesmo título, W. R. French defendeu que “a Divindade é composta por três seres pessoais”.34 Entre 1909 e 1910, a Sociedade dos Missionários Voluntários (antecessora do Clube de Desbravadores) estudou “as grandes doutrinas da Palavra de Deus”. 35 De acordo com a primeira lição, intitulada “A Trindade”, existem “três pessoas” que “constituem a Divindade” e “o Espírito Santo é a terceira pessoa na santa Trindade”.36 F. W. Spies, então líder-geral da igreja no Brasil, escreveu: “Jesus declarou formal e categoricamente que o Espírito Santo [é] a terceira pessoa da Divindade (Mt 28:19).”37


Diversas séries sobre a Trindade foram desenvolvidas durante o período em consideração. Entre 1897 e 1901, foram publicados na Review and Herald muitos artigos extraídos do periódico The King’s Messenger, que enfatizavam a personalidade do Espírito Santo. M. E. Steward elaborou uma série de artigos intitulados “A Divindade – Deus, o Pai”; “A segunda pessoa da Divindade – Jesus Cristo”; e “A terceira pessoa da Divindade – o Espírito Santo”.38 G.B. Thompson publicou em periódicos algumas séries sobre a personalidade e obra do Espírito Santo, que depois foram lançadas em formato de livro.39


Ensino teológico e evangelismo. Em 1906, H. C. Lacey, professor de Teologia no Duncombe Hall Training College (atual Newbold College, Inglaterra), explicou que “a natureza e o caráter do Deus triúno” era assunto estudado em suas aulas e se constituía num dos “principais pontos de fé que compõem o sistema de crenças dos adventistas”.40 O. A. Johnson, do Walla Walla College (atual Universidade Walla Walla, EUA), escreveu o livro-texto Bible Doctrines. No capítulo “A Divindade”, ele argumenta que o Pai, o Filho e o Espírito Santo são as “três pessoas” que “constituem a Divindade” ou “Trindade”.41


O contato evangelístico com não cristãos ilustra a compreensão adventista sobre a Divindade. J. L. Shaw, um dos mais destacados evangelistas da época, aconselhou que, nos primeiros contatos com os muçulmanos, deveria ser “evitada a apresentação da Trindade, especialmente em público”.42 Mas a doutrina era ensinada durante o processo de evangelização. F. C. Gilbert, judeu converso, passou a crer na existência das “três pessoas da Divindade: Pai, Filho e Espírito Santo”, que formam a “Trindade”.43


Declarações de crenças. Vários textos que apresentam de forma representativa a doutrina da igreja confirmam que, no início do século 20, os adventistas compreendiam o ensino bíblico sobre as três pessoas da Divindade. Em 1907, a seção de consultoria doutrinária da Signs of the Times afirmou que, “sem dúvida, [os adventistas] creem que o Espírito Santo é a terceira pessoa da Divindade”.44


F. M. Wilcox, editor da Review and Herald, escreveu que, entre “os principais pontos de fé mantidos por esta denominação”, estava a “Trindade divina”, que inclui o “Espírito Santo, a terceira pessoa da Divindade”.45 O livro Bible Readings, a mais representativa exposição da doutrina adventista até então publicada, conclui que o Espírito Santo é uma das “três pessoas da Divindade” e “a terceira pessoa da Divindade”.46 O órgão geral da igreja no Brasil explicou que “os adventistas do sétimo dia creem” na “Trindade da Divindade” e na “personalidade do Espírito Santo”.47


Conclusão – Os primeiros adventistas rejeitavam corretamente a Trindade dos credos, que apresenta um Deus “sem corpo ou partes” e não distingue claramente as pessoas da Divindade. Os pioneiros não tinham uma posição definida sobre a personalidade do Espírito Santo, mas essa situação mudou na década de 1890, por influência de Ellen G. White. No início do século 20, o ensino bíblico sobre as três pessoas da Divindade já era considerado um dos “principais pontos de fé” do “sistema” teológico adventista, uma das “grandes doutrinas da Palavra de Deus” e um dos “principais pontos de fé” da igreja.


A partir de 1897, tornou-se abundante a literatura adventista sobre a Trindade e a personalidade do Espírito Santo. Não eram declarações incidentais e esporádicas, mas frequentes, extensas e em consenso sobre o assunto. Documentos históricos mostram que, nos primeiros anos do século 20, a Igreja Adventista do Sétimo Dia já tinha uma posição consolidada sobre as três pessoas da Divindade.


Os adventistas não aceitaram a Trindade por meio de algum líder da igreja há poucas décadas, mas pelo estudo da Bíblia e por influência de Ellen G. White, há mais de cem anos. Se a Trindade fosse uma doutrina falsa, por que Ellen G. White não reprovou seus contemporâneos que escreveram tão extensamente e em consenso sobre o tema a partir de 1897?


Estamos convictos de que, em vez de ter ocorrido uma apostasia, o Senhor guiou a igreja na compreensão da verdade bíblica e cumpriu Suas promessas: “A vereda dos justos é como a luz da aurora, que vai brilhando mais e mais até ser dia perfeito” (Pv 4:18); “Quando o Espírito da verdade vier, Ele os guiará a toda a verdade” (Jo 16:13, NVI).


Referências


1. Recursos para o tema deste artigo podem ser encontrados nas apresentações em PowerPoint “Os adventistas e a Trindade” e “Mitos e fatos sobre a Trindade na Igreja Adventista”, disponíveis em www.downloads.criacionismo.com.br. A maior parte das fontes históricas citadas pode ser encontrada no site dos arquivos da Associação Geral: www.adventistarchives.org/DocArchives.asp.


2. Tiago White, “Letter from Bro. White”, The Day-Star, 24 de janeiro de 1846, p. 25.
3. A. C. Bordeau, “The Hope That is in You”, Review and Herald (daqui em diante, RH), 8 de junho de 1869, p. 185, 186.
4. Veja Roger E. Olson e Christopher A. Hall, The Trinity (Grand Rapids, MI / Cambridge: Eerdmans, 2002); Norman Geisler, Teologia Sistemática, v. 1 (Rio de Janeiro: Casa Publicadora das Assembleias de Deus, 2009).
5. William C. Gage, “Popular Errors and Their Fruits. No. 3”, RH, 29 de agosto de 1865, p. 101.
6. W. H. Littlejohn, “Scripture Questions. 96 – Christ Not a Created Being”, RH, 17 de abril de 1883, p. 250.
7. Tiago White, “Christian Unity”, RH, 12 de outubro de 1876, p. 112.
8. Primeiros Escritos, p. 54, 77.


9. Para uma comparação entre a doutrina bíblica e a doutrina tradicional da Trindade, veja Woodrow Whidden, Jerry Moon e John W. Reeve, A Trindade: Como entender os mistérios da pessoa de Deus na Bíblia e na história do cristianismo (Tatuí, SP: Casa Publicadora Brasileira, 2003), p. 188-198; Fernando L. Canale, “Doutrina de Deus”, em Tratado de Teologia Adventista do Sétimo Dia (Tatuí, SP: Casa Publicadora Brasileira, 2011), p. 105-159; Norman R. Gulley, Systematic Theology: Doctrine of God (Berrien Springs, MI: Andrews University Press, a ser publicado).


10. Jerry Moon, “The Quest for a Biblical Trinity: Ellen White’s ‘Heavenly Trio’ Compared to the Traditional Doctrine”, Journal of the Adventist Theological Society, primavera de 2006, p. 142 (ênfase no original).


11. J. H. Waggoner, “The Gifts and Of ces of the Holy Spirit – No.1”, RH, 23 de setembro de 1875, p. 89 (ênfase acrescentada).
12. General Conference Association of the Seventh-day Adventists, The Seventh-day Adventist Hymn and Tune Book for Use in Divine Worship (Battle Creek, MI: Review and Herald /Oakland, CA: Paci c Press, 1888), p. 55.


13. Ibid., p. 86. Esse hino corresponde ao nº 581 do atual Hinário Adventista.
14. RH, 4 de janeiro de 1881; Carta 57, 1897.
15. D. M. Canright, “The Holy Spirit not a Person, but an Influence Proceeding from God”, RH, 25 de julho de 1878, p. 218, 219, 236.


16. Para estudo mais detido desse e do período seguinte, veja Matheus Cardoso, “A doutrina da Trindade na Igreja Adventista do Sétimo Dia (1890-1915)”, Kerygma, 2º semestre de 2011, disponível em www.unasp-ec.com/kerygma.


17. “Queries”, Bible Echo and Signs of the Times, 15 de dezembro de 1891, p. 376.
18. Charles L. Boyd, “The Trinity”, Bible Echo and Signs of the Times, 15 de outubro de 1890, p. 315.
19. Samuel T. Spear, “The Bible Doctrine of the Trinity”, Bible Student’s Library, nº 90 (março de 1892), p. 14.
20. Seventh-day Adventist Year Book (General Conference Association of Seventh-day Adventists, 1893), p. 95.


21. Uriah Smith, “The Spirit of Prophecy and Our Relation to It” General Conference Daily Bulletin, 14 de março de 1891, p. 147.
22. Ibid., “Begging the Question”, RH, 10 de abril de 1894, p. 232.
23. Idem, “696. Worshiping the Holy Spirit”, RH, 27 de outubro de 1896, p. 685.
24. Gilbert Valentine, W. W. Prescott: Forgotten Giant of Adventism’s Second Generation (Hagerstown, MD: Review and Herald, 2005), p. 121, 122, 129.


25. Carta 8, 1896; Special Testimonies for Ministers and Workers, n° 10, p. 25 (publicado em 1897); Special Testimonies, série A, nº 10, p. 37 (publicado em 1897); O Desejado de Todas as Nações, p. 671 (publicado em 1898); Signs of the Times, 1° de dezembro de 1898;
RH, 19 de maio de 1904; Southern Watchman, 28 de novembro de 1905; Signs of the Times australiana, 4 de dezembro de 1911.


26. Special Testimonies, série B, nº 7, p. 62, 63 (publicado em 1906); Bible Training School, 1° de março de 1906.
27. “Original Sources for Ellen White’s Statements on the Godhead Printed in Evangelism, pp. 613-617” (Ellen G. White Estate, 2003); Tim Poirier, “As declarações trinitarianas de Ellen G. White: o que ela realmente escreveu?”, Parousia, 1º semestre de 2006, p. 27-46.


28. R. A. Underwood, “The Holy Spirit a Person”, RH, 17 de maio de 1898, p. 310, 311; A. T. Robinson, “The Holy Spirit”, Australian Union Conference Record, 1º de maio de 1900, p. 2.


29. R. Hare, “The Trinity”, Australian Union Conference Record, 19 de julho de 1909, p. 2; W. R. French, “The Trinity”, RH, 19 de dezembro de 1912, p. 5, 6.


30. A. G. Daniells, “The Ministry of the Holy Spirit”, RH, 22 de novembro de 1906, p. 6.
31. S. N. Haskell, “Is Gabriel the Holy Spirit?”, Bible Training School, junho de 1907, p. 10.
32. Franklin E. Belden, org., Christ in Song for All Religious Services, 2ª edição (Washington, DC: Review and Herald, 1908), p. vi.
33. R. Hare, “The Trinity”, Australian Union Conference Record, 19 de
julho de 1909, p. 2.
34. W. R. French, “The Trinity”, RH, 19 de dezembro de 1912, p. 5, 6.
35. “Study for the Missionary Volunteer Society”, Youth’s Instructor, 5 de outubro de 1909, p. 11.


36. “Society Studies in Bible Doctrines, Lesson I – The Trinity”, Youth’s Instructor, 19 de outubro de 1909, p. 12, 13.


37. F. W. Spies, “O Espirito [sic] Santo – Seus dons e manifestações”, Revista Mensal (atual Revista Adventista), maio de 1913, p. 1 (grafia atualizada).
38. M. E. Steward, “The Divine Godhead – God, the Father”, RH, 15 de dezembro de 1910, p. 8; ibid., “The Second Person of the Godhead – Jesus Christ”, RH, 22 de dezembro de 1910, p. 5; idem, “The Third Person of the Godhead – the Holy Spirit”, RH, 29 de dezembro de 1910, p. 4, 5.
39. G. B. Thompson, The Ministry of the Spirit (Washington, DC: Review and Herald, 1914).


40. H. Camden Lacey, “The Bible Classes”, The Missionary Worker, 6
de junho de 1906, p. 91.
41. O. A. Johnson, Bible Doctrines Containing 150 Lessons (College Place, WA: Press of Walla Walla College, 1910), p. 13, 15-17.
42. J. L. Shaw, “Workers for Moslems and Best Methods of Approach”, RH, 18 de maio de 1911, p. 10.
43. F. C. Gilbert, Practical Lessons from the Experience of Israel for the Church of Today (South Lancaster, MA: South Lancaster Printing Company, 1902), p. 242, 246.
44. M. C. Wilcox, “2089. – The Holy Spirit”, Signs of the Times, 22 de maio de 1907, p. 322.
45. F. M. Wilcox, “The Message for Today”, RH, 9 de outubro de 1913, p. 21.
46. Bible Readings for the Home Circle: A Topical Study of the Bible, Systematically Arranged for Home and Private Study (Washington, DC: Review and Herald, 1914), p. 182.
47. “A nossa crença”, Revista Mensal, maio de 1920, p. 11 (grafia atualizada)


MATHEUS CARDOSO é editor-assistente dos livros do Espírito de Profecia na Casa Publicadora Brasileira. Texto publicado na RA de Ago/2011.Via Sétimo Dia

segunda-feira, 24 de outubro de 2011

Os caçadores da verdade

No passado alguns homens tinham no coração um profundo desejo de conhecer os mistérios da Bíblia. Dentre esses homens podemos citar:
*Guilherme Miller (1782-1849)
*Josué Vaughan Himes (1805-1895)
*Josias Litch (1809-1886)
*Carlos Fitch (1805-1844)
Foram corajosos, que não temeram chamar o pecado pelo nome e enfrentaram grandes e terríveis desafios.


O Investigador – Guilherme Miller
Quando Guilherme mal tinha quatro anos, seus pais mudaram-se para um sítio de 10 alqueires, “um sertão quase sem habitantes”, em Low Hampton, nos Estados Unidos.


A hipoteca anual era paga com 20 alqueires de trigo. Apenas umas seis casas existiam no município. Nesse ambiente, onde animais selváticos vagavam, arvores eram derrubadas para construir cabanas, o terreno era limpo e os Miller viviam como sitiantes.


Era uma vida rústica, e mesmo o jovem Guilherme tinha que ajudar na roça. A educação era limitada a três meses no inverno quando a colheita tinha sido feita. Miller freqüentou a escola dos 9 aos 14 anos.


Durante os longos meses de inverno, sua mãe o ensinou a ler. Tornou-se um leitor ávido, sedento de conhecimento. Mas os únicos materiais à sua disposição eram a Bíblia, o hinário e o livro de oração. Logo saiu da escola, mas continuou a aprender sozinho.


Vela era artigo precioso e assim Guilherme descobriu que nós de pinho faziam boa luz para a leitura. Certa noite, quando lia já tarde, seu pai acordou, viu a luz oscilante, e pensou que a casa se incendiara. Mas quando reconheceu que Guilherme estava lendo, mandou-o para a cama imediatamente. O ardente leitor reconheceu a vizinhança como boa fonte de material de leitura.


Algumas pessoas lhe emprestavam livros, outras lhes deram livros de presente. Sua juventude era típica da maior parte dos rapazes de então. Porém ele almejava algo melhor para a sua vida. Casou-se em 1803 com Lucy Smith. Seguindo o modismo da época, aderiu à maçonaria, chegando até o seu alto grau.


Lutou na guerra de 1812 contra os ingleses, e na batalha de Plattsburgh viu os norte americanos esmagarem um número muito superior de ingleses – um fato que ocasionou a reviravolta em sua vida. Ao final da guerra, ele retornou para o seu lar. Esse retorno foi marcado por um senso de reflexão sobre as questões espirituais.


Em 1816 converteu-se e começou a estudar intensivamente a Bíblia. Comparando versículo com versículo, chegou a conclusão de as Escrituras apontavam para seus dias o último período da história terrestre.


Em Daniel 8:14, ele leu:”Até 2.300 tardes e manhãs, e o santuário será purificado”. Sua compreensão foi de que Cristo voltaria a fim de purificar a terra do pecado.


Em agosto de 1831, fez um pacto com Deus no qual ele se comprometia em pregar sobre a vinda de Cristo caso fosse convidado. No mesmo dia, o convite surgiu para falar sobre o segundo advento em Dresden.

Em 1883, foi-lhe concedida pelos batistas a licença de pregar e, no final de 1834, ele estava dedicando todo o seu tempo para a pregação. De outubro de 1834 até junho de 1839, Miller registrou 800 palestras em seu caderno de anotações.
Outras pessoas concordavam com as idéias de Miller. Surgiu então o movimento Milerita.


O Programador – Josué V. Himes


Josué Himes foi um grande promotor e organizador do milerismo. Em 1840, ele lançou a revista sinais dos tempos sem patrocínio nenhum e sem ainda ter nenhum assinante, com apenas um dólar de capital.


Seu trabalho foi realizado inteiramente pela fé. Além disso, ele também publicou uma segunda e uma terceira edição dos Sermões de Miller, diagramas, folhetos, livros, tratados, hinários, páginas avulsas e boletins com as mensagens adventistas.

Na cidade de Nova Iorque, Himes lançou uma revista diária, o clamor da meia-noite, em 1842, em conexão com uma grande série evangelística. Dez mil cópias foram impressas diariamente por várias semanas e distribuídas por garotos.


Foi sua tarefa de organizar a primeira “Associação Geral dos Cristãos que Esperam o Advento para outubro de 1840”. Com um temperamento empreendedor, Himes liderou a abertura das reuniões campais e providenciou uma tenda gigante, grande o suficiente para acomodar quatro mil assentos, para ser usada nas cidades onde não havia Igrejas ou salas para os sermões mileritas.


O Escritor – Josias Litch

Josias Litch (1809-1886) era ministro metodista e aceitou os ensinos de Miller em 1838. Ele escreveu um resumo de 48 páginas dos mesmos intitulado O Clamor da Meia-Noite ou uma revisão dos Sermões de Miller. No mesmo ano escreveu um livro de 200 páginas: A Probabilidade da vinda de Cristo Aproximadamente em 1843 A.D.


Em 1841, ele tornou-se um “agente geral” em tempo integral do comitê Milerita de publicações. Também foi um dos editores da Sinais dos Tempos e de outra publicação milerita em Filadélfia, Trombeta de Alarme, ele viajava exaustivamente e pregava sobre as profecias com grande efeito.


Pregador – Carlos Fitch

Carlos Fitch era um conceituado ministro congregacionalista. Aceitou os ensinos de Miller e, através de Josias Litch, aceitou a fé do adventismo. Desde então, tornou-se um dos mais corajosos e bem-sucedidos líderes mileristas.


Juntamente com Apollos Hale, outro ministro ligado ao movimento, criou o “diagrama profético de 1843”, grandemente usado, pintado em tecido.


Ele começou a editar um jornal semanal chamado Segundo Advento de Cristo, onde foi publicado seu sermão sobre o poderoso anjo que bradava: “Caiu, caiu a grande Babilônia”, e que foi seguido pela voz: “Sai dela povo meu, para não serdes cúmplices em seus pecados, e para não praticardes dos seus flagelos” (Ap 18:1-5). No sermão, ele dizia que o termo “Babilônia” se referia ao anticristo, ou seja, todas as organizações católicas e protestantes que se opunham à verdade sobre a vinda de Jesus.


Esperar até quando?


Como já vimos, Guilherme Miller e seus companheiros esperavam que Jesus voltasse naqueles dias. Eles estabeleceram entre 21 de março de 1843 e 21 de março de 1844, só que Jesus não retornou.


Você imagina como eles se sentiram? Isso fez com que voltassem novos questionamentos novos estudos tentando achar onde haviam errado.


Durante esse período, uma nova compreensão alimentou a esperança dos crentes no segundo advento. Em agosto de 1844, numa reunião em Exeter, o ministro Samuel S. Snow apresentou seus estudos que apontavam para o cumprimento da profecia no dia de Expiação. Este dia segundo cálculos feitos tendo como base o calendário dos judeus caraítas, se daria em 22 de outubro de 1844.


A princípio, eles hesitaram em fixar com tamanha precisão a vinda de Cristo, mas o entusiasmo que se seguiu após essa conclusão os levou a abraçar a mensagem. Então deram tudo de si em um último esforço para advertir o mundo de seu juízo iminente. Sabe o que eles decidiram fazer? Deixaram as colheitas por fazer, fecharam lojas e demitiram-se do emprego. Afinal nada disso teria mais valor porque Jesus estava voltando.


O Grande Desapontamento


Uma data foi fixada de acordo com a profecia: 22 de outubro de 1844. Nesse dia, dez mil crentes esperaram, esperaram… O dia findou e nada aconteceu, desânimos decepção e dor tomaram conta dos mileritas.


O que aconteceria após?
Um grupo retornou as suas igrejas de origem e abandonou a crença do segundo advento de Cristo. Outro grupo abandonou a fé cristã. Um terceiro grupo continuou crendo na mensagem milerita. Este último grupo subdividiu-se em três grupos:
Os que acreditavam que o retorno de Cristo era um caso certo, porém a data estava errada.
Os que criam que Cristo viera em 22/10/1844, mas de forma espiritual.
Aqueles que acreditavam que o erro não estava na data e sim no evento.


Dos três grupos, o último era o menor deles, porém foi através dele que a Igreja Adventista do Sétimo Dia se originou.
Adventistas 7

quinta-feira, 20 de outubro de 2011

Guilherme Miller: o Homem Atrás da História de 1844


22 de outubro de 1994. Milhares de fiéis de todos os Estados Unidos remiram-se na pequena casa de fazenda em Low Hampton, Estado de New York. Vieram não só para adorar, mas para meditar sobre um fenómeno religioso ocorrido há 150 anos. Vieram para comemorar a ocasião em que os "fiéis" tinham vendido seus sítios, endireitado seus erros e se reunido no sitio de Low Hampton para aguardar a Segunda Vinda. Vieram para renovar sua dedicação a uma visão, porque "a visão ainda para cumprir-se no tempo determinado...se tardar, espera-o, porque certamente virá" (Habacuque 2:3).

Vieram para relembrar Guilherme Miller, o homem atrás da história de 1844.

Glilherme Miller nasceu em 15 de fevereiro de 1782, em Pittsfield, Massachusetts, no nordeste dos Estados Unidos. Seu pai tinha lutado na Guerra Revolucionária Americana. Embora não fizesse profissão pública de religião, abriu sua casa aos vizinhos para culto e pregação. Sua mãe, Paulina Phelps, filha de ministro batista, trouxe uma tradição religiosa para o lar.

A vida do jovem Guilherme reflete o período inicial da história norte-americana. Era o mais velho de 16 crianças e "sua era a história clássica de pobreza, zelo fora do comum de aprender a ler, a necessidade de diligência no cultivo da terra para sobreviver".' Sua herança era de orgulho por patriotismo e religião demonstrados, e pelo ideal norte-americano de progresso. Sua época, como sua vida, foi "de incertezas opressivas e mudanças chocantes".2

Vida de um autodidata

Quando Guilherme mal tinha quatro anos, seus pais mudaram-se para um sítio de 100 alqueires, "um sertão quase sem habitantes",3 em Low Hampton. A hipoteca anual era paga com 20 alqueires de trigo. Apenas umas seis casas existiam no município. Neste ambiente, onde animais selváticos vagavam, árvores eram derrubadas para construir cabanas, o terreno era limpado e os Millers viviam como sitiantes. Era uma vida rústica, e mesmo o jovem Guilherme tinha de ajudar na roça. A educação era limitada a três meses no inverno quando a colheita tinha sido feita. Miller frequentou a escola dos 9 aos 14 anos. Durante os longos meses de inverno, sua mãe ensinou-o a ler. Tornou-se um leitor ávido, sedento de conhecimento. Mas os únicos materiais a sua disposição eram a Bíblia, o saltério e o livro de oração. Logo saiu da escola mas continuou a aprender sozinho.

Velas eram artigo precioso, e assim Guilherme descobriu que nós de pinho faziam boa luz para a leitura. Certa noite, quando lia já tarde, seu pai acordou, viu a luz bruxuleante, e pensou que a casa se incendiara. Mas quando reconheceu que Guilherme estava lendo, mandou-o para a cama imediatamente. O ardente leitor reconheceu a vizinhança como boa fonte de material de leitura. Algumas pessoas lhe emprestaram livros, outros lhe deram livros como presente."

Ainda adolescente. Guilherme começou a escrever um diário. Um registro que data de 10 de julho de 1791, tem por título, "A História de Minha Vida," e aí se lê: "Fui cedo educado a orar ao Senhor." Sua juventude era típica da maior parte dos rapazes de então. Não obstante. Guilherme almejava algo melhor. Procurou até o auxílio de um médico local, generoso, para poder continuar os estudos. Seu sonho não se realizou, mas ele fez seu melhor por conta própria. Aprendeu a usar bem as palavras e tornou-se o "escrivão geral" entre os jovens. Se alguém queria compor uma carta ou uma poesia, era a Guilherme que pediam.5

A família mudou-se mais uma vez para Poultney, no Estado de Vermont. Ali ele ficou conhecendo Lucy Smith e desposou-a em 1803. Aderiu à fraternidade maçónica e nela subiu até o mais alto grau. Seis anos depois de seu casamento ele era o vice cherife e também servia a comunidade como juiz de paz. Apesar de continuar com o cultivo de terra, não era essa sua ocupação principal. Continuava a ler e escrever. Na biblioteca pública ele lia obras de autores deístas, história e filosofia. Escrevia cartas, notas, porções do diário e poemas patrióticos, um dos quais foi usado pela comunidade para sua comemoração da independência. Parece que este pendor patriótico e os exemplos de seu pai e de seu avô em guerras prévias foram responsáveis pela decisão que Miller tomou de abandonar um emprego seguro em sua vizinhança e apresentar-se como voluntário ao serviço militar em 1810. Lutou na guerra de 1812 contra os ingleses, e na batalha de Plattsburgh viu os norte-americanos esmagarem um número muito superior de ingleses — um fato que ocasionou uma vira-volta na vida de Miller.

Um deísta insatisfeito

Embora Guilherme tivesse abraçado o deísmo, ele não estava inteiramente satisfeito. Perturbava-o a noção deística de que a natureza humana era basicamente boa; sua leitura e observação mostravam justamente o contrário.6 A batalha de Plattsburgh finalmente destruiu sua crença no deísmo. Ele reconta o incidente: "Muitos acontecimentos serviram para enfraquecer minha confiança nos princípios deísücos...Fui particularmente impressionado com o seguinte...quando estive na batalha de Plattsburgh, com 1.500 regulares e 4.000 voluntários, nós derrotamos os ingleses que contavam com 15 mil homens.... Um resultado tão surpreendente contra toda expectativa, pareceu-me a obra de um poder superior ao do homem."7

O resultado da batalha levou-o a duvidar de outra noção deística, a de que Deus não interfere nos assuntos humanos. Além disto, durante a guerra de 1812, Miller perdeu uma irmã e seu pai em rápida sucessão, confrontando-o com a morte e sua própria mortalidade. Estes acontecimentos impeliram Miller a voltar à herança religiosa de sua juventude que ele rejeitara. Miller, como muitos em seus dias, estava interessado em reformas sociais. Envolveu-se com temperança e outras reformas. William Garrison (1805-1879), jornalista norte-americano famoso por sua denúncia da escravatura, descreveu Miller como um amigo sincero da causa da temperança, da abolição, reforma moral e paz. Era a favor de tratar bem todos os seres humanos, embora não haja evidência de que ele estivesse diretamente envolvido no movimento anti-escravagista.

Mesmo no exército Miller continuou a fazer todas as coisas de que gostava. Escrevia à esposa frequentemente e ficava aflito se não recebesse cartas dela regularmente. Era bem respeitado e isento dos vícios tão comuns na vida militar. Quando saiu do exército em 1815, teve de tratar de negócios da família. Seu pai tinha morrido, deixando uma hipoteca sobre a propriedade em Low Hampton. Liquidou-a e permitiu que sua mãe continuasse a morar na casa. Depois comprou um sítio à distância de um quilómetro e mudou-se com a família de Vermont para Low Hampton. Construiu uma casa no estilo típico da época, "branca com venezianas verdes, e vermelha nos fundos".

De novo Miller tornou-se ativo na comunidade. Perto de sua casa havia um belo bosque que foi escolhido para a festa da independência de 1816. Sua generosidade também se mostrou em abrir sua casa ao ministro, seu tio, Eliseu Miller, da igreja vizinha. Como seus pais, sua casa estava aberta a pregadores itinerantes de várias denominações. Ali encontravam alimento, e Miller os arreliava quanto a sua fé, para o deleite de seus amigos e o horror de sua família.8

Embora não professasse o cristianismo, Miller frequentava a igreja quando havia pregador. Quando o pastor estava ausente e o diácono lia o sermão, Miller sentia que "não era edificado pela maneira em que os diáconos liam", e ausentava-se. Sentia também que se ele pudesse fazer a leitura, eles aproveitariam mais. Sua mãe piedosa notou sua ausência e, descobrindo a razão, logo fez arranjos para que ele fizesse a leitura quando o ministro estivesse ausente. Estas leituras devem ter influenciado imperceptivelmente o pensamento de Miller.

Uma mudança crucial

Dois acontecimentos em 1816 o levaram a um ponto crucial. No dia 11 de setembro, Miller e seus amigos estavam animados com um baile a ser realizado como evento principal na comemoração da batalha de Plattsburgh. Como parte da comemoração, um tal Dr. B. pregou algumas noites antes do baile. O efeito do sermão foi evidente, segundo Bliss: "Ao voltar, a Sra. (Miller) que tinha ficado em casa observou uma maravilhosa mudança em seu comportamento. Sua hilaridade foi-se, e todos estavam pensativos, sem disposição para conversar, em resposta a suas perguntas quanto à reunião e ao baile.... Ficaram completamente incapacitados para qualquer participação nos arranjos festivos.... Naquela vizinhança reuniões de oração e louvor substituíram a brincadeira e o baile".9

No domingo seguinte Guilherme Miller foi de novo chamado para ler o sermão que os diáconos tinham escolhido. Miller foi tomado de emoção logo depois de começar a ler o sermão sobre "a importância dos deveres dos pais", e teve que parar de ler. Neste ponto parece que sua luta com os conceitos deístas terminou, como ele disse mais tarde:

"Subitamente o caráter de um Salvador foi vividamente impresso sobre minha mente. Pareceu-me que bem poderia haver um Ser tão bom e compassivo a ponto de Ele mesmo fazer expiação por nossas transgressões e assim nos salvar de sofrer a penalidade do pecado.... Mas a questão surgiu: Como pode ser provado que um tal Ser existe?"10

Este foi o começo da conversão de Guilherme Miller. Guilherme Miller, o deísta, o zombador, tomou-se um cristão. Imediatamente começou o culto em família e abriu sua casa para a reunião de oração. Do mesmo modo como tinha sido um devotado e fiel soldado de sua pátria, ele agora tornou-se um soldado para o Salvador. Seus amigos consideravam sua conversão uma grande perda, mas Miller resolveu conduzir-se como um cristão exemplar. Como crítico do cristianismo ele conhecia todos os argumentos; agora passou a usar todo seu poder argumentativo para responder às perguntas que dantes ele mesmo fazia."

Miller começou sua busca com a Bíblia. Abandonou todas suas pressuposições e decidiu deixar que as Escrituras falassem por si mesmas. Através deste estudo profundo e extenso, ele desenvolveu as seguintes ideias: A Bíblia é sua própria intérprete; algumas partes da Bíblia, tais como as profecias, são figurativas; os livros de Daniel e Apocalipse predizem a volta literal de Cristo, que devia ocorrer logo, dentro de 25 anos.12

Enquanto fazia sua pesquisa, Miller continuou a cuidar do sítio, a servir como juiz de paz e a frequentar fielmente a igreja. Além disto, tornou-se o pai de oito crianças — seis filhos e duas filhas. Ainda assim Miller achava tempo para estudar a Bíblia, impelido por uma sede da verdade. Depois de dois anos de estudo intensivo, ele falou a seus amigos e vizinhos sobre a breve volta de Cristo, mas encontrou pouca receptividade. Pouco depois uma onda de reavivamento atingiu Low Hampton, e Miller sentiu-se culpado de não partilhar o que ele considerava a mais importante verdade atual. Embora sentisse que Deus o estivesse chamando para pregar, Miller resistiu.

Uma barganha com Deus

Finalmente ele fez uma promessa ao Senhor. Em agosto de 1831 ele decidiu que se ele fosse convidado a pregar, ele interpretaria isto como um sinal de que Deus queria que ele disseminasse a verdade que achara. Meia hora depois ele recebeu um convite para falar numa cidade vizinha.13 Daí em diante ele foi de cidade em cidade usando o estilo reavivalista de pregação. Sua mensagem centralizava-se em aceitação de Cristo e de Seu breve retorno. Sua abordagem lógica baseada na Bíblia, sua sinceridade e mensagem poderosa ganharam-lhe muitos seguidores.

Mas a maior parte dos ministros da época não seguiram Miller, e com efeito começaram a se opor a sua pregação. Não obstante, Miller imprimiu nova vida à causa evangélica do dia.14 O método principal que Miller e seus associados usavam para comunicar sua mensagem não era diferente de outro reavivamento evangélico qualquer. Miller, porém, foi contra a opinião popular de sua época ao pregar que Jesus voltaria antes do começo do milénio.15 Poderia ter permanecido um pregador obscuro não fosse pela determinação de Josué V. Himes, ministro e publicador, de trazer a mensagem de Miller a Boston e outras cidades. Então a mensagem e o mensageiro se tornaram mais visíveis à medida que jornais locais publicavam histórias de suas reuniões. Além disto, Himes providenciava cartazes e outras formas de publicidade. Jornais, tratados e panfletos eram também impressos e distribuídos.

Por volta de 1834, os convites para pregar eram tantos que Miller tornou-se um pregador de tempo integral. Um ano antes a igreja batista local tinha-lhe dado uma licença para pregar, mas Miller não favorecia uma denominação sobre outra. Sua preocupação era levar pessoas a aceitar Cristo e preparar-se para Sua breve volta. Pregar a tempo integral era uma luta, pois não recebia salário regular e às vezes nem o custo de viagens. Ele tinha duas fontes de renda. Uma era seu sítio, agora confiado a seus filhos, e recebia uma soma para fazer frente às despesas. A outra fonte era suas economias. Somente quando seu estipêndio não era suficiente para as necessidades consentia que as igrejas partilhassem suas despesas.16

O movimento em marcha

Ao trabalhar com Himes e outros pregadores que aceitaram sua ideia de um Cristo prestes a voltar, Miller começou a imprimir sua mensagem. Tratados e folhetos começaram a ser distribuídos em número crescente. O movimento de Miller também adotou o tipo metodista de reuniões campais, a primeira das quais teve lugar em Boston, em maio de 1842. Como resultado, o movimento continuou a se expandir, atraindo milhares.

A mensagem original de Miller incluía um elemento de tempo, mas ele não se preocupava em marcar uma data específica. Cria que Jesus voltaria, segundo seus cálculos, por volta de 1843. Finalmente concordou com a data de 22 de outubro de 1844. Ele, com milhares de seguidores, ficou amargadamente desapontado quando Cristo não voltou como esperava. No dia seguinte escreveu:

"Passou. E no dia seguinte parecia que todos os demónios do abismo foram soltos. As mesmas pessoas e muitas mais que estavam clamando por misericórdia dois dias antes, misturavam-se agora com a ralé, caçoando e ameaçando com blasfémias."17

Mas Miller nunca hesitou em sua crença na breve volta de Cristo. Em 10 de novembro de 1844, ele escreveu para Himes: "Fixei minha mente sobre outro tempo, e aqui pretendo permanecer até que Deus me dê mais luz — E isto é Hoje, Hoje e Hoje até que Ele venha."18 Miller continuou a pregar e a encorajar outros com a esperança cristã, embora tivesse de lutar com mais adversários e críticos.

Em janeiro de 1848 Miller perdeu a vista, mas isto não o impediu de aguardar a volta de Cristo. Naquele mesmo ano ele fez construir uma pequena capela em seu sítio, perto de sua casa, onde os fiéis crentes adventistas pudessem adorar. Inscritas na capela estão estas palavras da Bíblia: "A visão está ainda para cumprir-se no tempo determinado...se tardar, espera-o porque certamente virá." 19 Esta foi sua posição sobre a segunda vinda de Cristo até sua morte aos 67 anos, em 20 de dezembro de 1849.

As ideias de Miller sobre as profecias bíblicas e a iminente volta de Jesus podem ser melhor compreendidas no contexto de um amplo movimento religioso que surgiu ao mesmo tempo na Europa e nas Américas durante a primeira parte do século 19.20 Com o encerramento do reavivamento milerita, muitas destas ideias foram absorvidas na Igreja Adventista do Sétimo Dia, que continua a pregar a iminente volta de Jesus, mas sem fixar uma data específica.21

Joan Francis (Ph.D., Camegie-Mellon University), nascida em Barbados, ensina História no Atlantic Union College, em South Lancaster, Massachusetts, E.U.A.

Notas e Referências

  1. Ronald L. Numbers e Jonathan M. Butler, eds., The Disappointment: Millerism and Millenarianism in the Nineteenth Century (Indianapolis: Indiana University Press, 1987), pág. 17.

  2. Marvin Meyers, como citado em Numbers, pág. 17.

  3. Sylvester Bliss, Memoirs of William Miller (Boston: Joshua V. Himes, 1853), pág. 7.

  4. Ibidem.

  5. Ibidem.

  6. Ibidem, págs. 32-33. Ver também George R. Knight, Millennial Fever and the End of the World (Boise, Idaho: Pacific Press Pub. Assa., 1993), págs. 28-31.

  7. Bliss, págs. 52-53.

  8. Idem, pág. 64.

  9. Idem, pág. 66.

10. Idem, págs. 66-67.

11. Idem, págs. 67-68.

12. Ver Bliss, capítulos 6-8, para detalhes da conversão de Miller e seu método de estudar a Bíblia.

13. Bliss, págs. 97-99.

14. Ruth Alden Doan, "Millerism and Evangelical Culture", em Numbers, pág. 121.

15. Knight, págs. 54-55.

16. Idem, págs. 57-59.

17. Carta escrita à mão, 13 de dezembro de 1844, como citada em Paul A. Gordon, Herald of the Midnight Cry: William Miller and the 1844 Movement (Boise, Idaho: Pacific Press Pub. Assn., 1990), pág. 103.

18. Gordon, pág. 107.

19. Habacuque 2:3.

20. Ver Leroy Edwin Froom, The Prophetic Faith of Our Fathers, 4 vols. (Washington, D.C.: Review and Herald, 1950-1954). Ver também "Manuel Lacunza: a Conexão Adventista," Diálogo 6:1 (1994), págs. 12-15, e "Francisco Ramos Mexia: o Primeiro Adventista Moderno?" Diálogo 6:2 (1994), págs. 13-15.

21. As afirmações de Cristo a respeito são claras; ver, por exemplo, Mateus 24:36, 42, 50; 25:13; Marcos 13:32; Atos 1:6-7. Segundo Gordon (Herald.. .págs. 119-120), um dos oito filhos de Miller, Langdon, uniu-se aos adventistas sabatistas.


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