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terça-feira, 29 de março de 2016

As Mulheres Devem Ficar Caladas na Igreja? – 1Coríntios 14:34-35




“Conservem-se as mulheres caladas nas igrejas, porque não lhes é permitido falar; mas estejam submissas como também a lei o determina. Se, porém, querem aprender alguma coisa, interroguem, em casa, a seu próprio marido; porque para a mulher é vergonhoso falar na igreja”.

Baseados nestes dois versos de Paulo e com a mesma ideia confirmada em 1Timóteo 2:11-12, muitos membros de algumas igrejas tem declarado não ser próprio às mulheres ensinarem na Escola Sabatina e usarem da palavra, na igreja, em outras circunstâncias.

O que levou Paulo a fazer estas declarações? Será que suas taxativas afirmações eram somente para aquela época, ou elas ainda estão em vigor em nossos dias? Qual tem sido a posição da Igreja Adventista quanto às mulheres usarem o púlpito, e um dia chegarem a ser ordenadas? Como os nossos líderes tem visto as reivindicações de algumas senhoras que pleiteiam estes privilégios?

Neste estudo, o prezado leitor encontrará uma tentativa de dar uma resposta a algumas destas inquirições.

COMENTÁRIOS GERAIS

1. Paulo e a Igreja de Corinto. Esta carta provavelmente foi escrita em Éfeso, no ano 57, durante sua terceira viagem missionária. Paulo recebera completas e seguras notícias da situação da igreja de Corinto, onde havia uma série de problemas, tais como: partidos, escândalos, impureza, alimentos oferecidos em sacrifício, o problema das línguas, processos em tribunais pagãos, o comportamento da mulher no culto público, desordem na celebração da ceia, etc. Visando orientar a igreja na solução destes problemas, esta carta foi redigida.

2. Paulo – Sua formação e a situação da mulher em seu tempo. Creem alguns comentaristas que Paulo, sendo um produto da cultura judaica, recebeu influências do tratamento que esta dava à mulher.

Eis o que declara Adam Clarke: “Esta era uma ordenança judaica: Às mulheres não era permitido ensinar nas assembleias, nem mesmo fazer indagações. Os rabinos ensinavam que ‘uma mulher  não deve saber outra coisa senão como usar os seus utensílios caseiros’. E as declarações do rabino, conforme transmitidas, são ambas dignas de observação e execração. Estas declarações são as seguintes: ‘Antes sejam queimadas as palavras da lei, do que serem ensinadas a uma mulher'”.

Robertson insiste que não é fácil interpretar estas palavras de Paulo, desde que elas são bastante claras no que querem expressar, mas, na realidade, universalmente os cristãos não obedecem a estas declarações paulinas.

Outro comentarista afirma: “As mulheres devem manter silêncio nos cultos públicos. Cumpre-lhes participarem do Amém (ver o sexto versículo), mas em tudo o mais não devem ser ouvidas. Elas vinham reivindicando igualdade com os homens na questão do véu, deixando de lado esse sinal de sujeição na igreja, e aparentemente também tinham tentado pregar, ou, pelo menos, vinham formulando perguntas durante as reuniões públicas … O ensino foi proibido a elas pelo apóstolo … uma regra extraída da sinagoga e mantida na Igreja primitiva (ver 1Timóteo 2:12). O abandono do véu equivalia a reivindicar igualdade com os homens; ensinar em público equivalia a exercer autoridade sobre eles” (Novo Testamento Interpretado, de Russell Norman Champlin, vol. 4, pág. 231).

William Barclay, em suas “Letters to the Corinthians“, nos informa o seguinte sobre a situação da mulher no mundo antigo: “É conhecido que, nos tempos antigos, o lugar que a mulher ocupava era muito baixo. No mundo grego, Sófocles falou: ‘O silêncio confere graça para as mulheres’. As mulheres, a não ser que fossem muito pobres ou de mui baixa moral, tinham que viver isoladas em casa. Os judeus tinham inclusive uma ideia mais baixa da mulher. Entre os rabinos havia alguns ditos que colocavam a mulher ainda numa situação muito pior, como estes: ‘Ensinar a lei para a mulher é ensinar a impiedade’. Outro sentenciava: ‘Ensinar a lei para a mulher é como jogar pérolas aos porcos’.

No Talmud, na lista relacionada com as pragas do mundo, aparece: ‘A mulher faladora, a viúva curiosa e a virgem que perde todo o seu tempo fazendo orações’. Era inclusive temível falar com as mulheres na rua. Ninguém podia solicitar um serviço para uma mulher, nem podia cumprimentá-la.

“Esta sociedade era similar à que Paulo tinha quando escreveu aos coríntios… Seria certamente muito errado tomar estas palavras de Paulo fora do contexto em que foram escritas, e fazer delas uma regra universal para todas as igrejas”.

Charles R. Erdman, em seu escrito “Primeira Epístola de Paulo aos Coríntios“, declara: “Mulheres casadas não devem exercer publicamente o dom de profetizar. Paulo já teve ocasião de corrigir certas anomalias com referência à maneira de vestir, e agora menciona algumas inconveniências relativas ao dom da palavra que surgiram naquela igreja. E o ponto em que se baseia é o mesmo anteriormente citado, a saber, o marido é o cabeça da família, e a mulher é dependente do marido. A autoridade de ensinar na igreja e o exercício público da profecia cabiam aos maridos e não às mulheres. Estas nem deviam interromper o culto sob o pretexto de fazer perguntas. Se quisessem perguntar alguma coisa, que o fizessem em casa, a seus esposos. Era impróprio para mulheres casadas tomarem o lugar de seus maridos no desempenho de profetizar na igreja”.

O conhecido comentarista Lange, ao falar sobre 1Coríntios 14:34-35, insiste na mesma tecla: “Tanto o costume grego como o romano, e também o judeu, proibia a apresentação das mulheres em público. A ordem da igreja cristã aderiu ao costume de conformidade com a ordem divina (nomos, em grego) de Gênesis 3:16, que impunha sobre a mulher explícita submissão ao homem, uma vez que ela, por seu ato voluntário, o havia envolvido em apostasia. A isto se deve o fato de calarem-se as mulheres nas assembleias públicas; enquanto o falar em público, quer seja na forma de discurso, ou na forma de perguntas, indicava um esforço feminino por independência para sair da posição subordinada que lhe foi designada por Deus”.

Este desejo da mulher, de libertar-se da condição de subordinada, é muito mais real e vivo em nossa sociedade.

O artigo “Mulher – Fermento do Mundo“, de H. Corazza, estampado na revista Família Cristã, é a comprovação máxima desta realidade. Eis suas partes mais significativas: “Libertação e direitos da mulher. Seu papel no mundo, na sociedade e na igreja. O assunto prolifera sob os mais diversos ângulos e opiniões. Mas qual o seu verdadeiro lugar? Até que ponto ela sabe descobri-lo e realizá-lo, no profundo do seu ser como mulher?

“O desenvolvimento do mundo atual. Os estudos revolucionaram também o campo feminino. Isto possibilitou à mulher um despertar para os valores de sua vida e presença na sociedade, por tanto, tempo ignorados e subestimados.

“Já passou o tempo em que a mulher era considerada desigual ou inferior ao homem. Hoje ela quer ser tratada como Pessoa, e não como coisa. O conhecimento mais profundo de sua personalidade e direitos faz com que tome consciência das possibilidades de atuação que tem no mundo. Há lugar e vez também para ela assumir uma profissão e colaborar positivamente para o construção da sociedade.

“Engajada em novas realidades. Como nos tempos primitivos, a Igreja hoje deseja que a mulher atue na evangelização. Sua presença está sendo não só reconhecida e incentivada, mas solicitada nos diversos setores da pastoral: promoção humana, comunidade de base, catequese, educação, comunicação social, etc.

“Toda mulher engajada na comunidade cristã, seja ela leiga ou consagrada, pode favorecer muito à penetração do Reino de Deus nas diversas camadas sociais, onde, talvez, outros meios ou pessoas não chegariam.

“As qualidades tipicamente femininas fazem da mulher outra Maria de Nazaré. Providencia o necessário à família. Está atenta às necessidades dos outros: amigos, vizinhos, conhecidos e desconhecidos. Sabe, na hora certa, dar um sorriso, dizer uma palavra segura e precisa. A intensa dedicação e a persistência no bem podem reconduzir lares à harmonia entre si e à paz com Deus.

“Consciente da importância de seu papel na sociedade e na igreja, cabe à mulher realizar o plano de Deus a seu respeito. Na criação, Deus fez homem e mulher. Ele os fez à Sua imagem e semelhança. Complementares. Não ‘submissos’, nem dominadores. Paulo diz: ‘Nem a mulher é sem o homem, nem o homem sem a mulher, no Senhor. Porque, assim como a mulher foi tirada do homem, o homem nasce da mulher; e tudo vem de Deus’. A dominação veio com o pecado e não é conforme o plano de Deus.

“A mulher, vivendo sua missão, contribui para transformar o próprio lar, o ambiente de trabalho e de influências. E, na palavra de Paulo VI, podemos afirmar: ‘Chegou a hora em que a vocação da mulher se realiza em plenitude e ela adquire, na sociedade, uma influência, um alcance, um poder jamais conseguidos até aqui. Por isso, neste momento em que a humanidade sofre uma tão profunda transformação, as mulheres, impregnadas do espírito do Evangelho, podem ajudar muito a humanidade a não decair’.

“Chegou a hora da mulher ser fermento do mundo!”

As declarações paulinas em 1Coríntios 14:34-35 e 1Timóteo 2:11-12 são um lado da moeda, mas se a virarmos do outro lado, o próprio Paulo, na mesma carta à igreja de Corinto, capítulo 11, verso 5, diz “a mulher que ora ou profetiza” – sem dúvida uma referência às mulheres que em reuniões públicas falavam a respeito das coisas divinas.

Lucas, em Atos 21:9, nos cientifica de que as quatro filhas de Filipe profetizavam – nada mais nada menos do que publicamente se tornarem portadoras das revelações de Deus.

Outros exemplos comprovativos são encontrados nas páginas Sagradas, como uma demonstração eloquente de que as mulheres, mesmo no passado, tiveram uma parte decisiva na causa do Evangelho. Basta nos reportarmos a Romanos, capítulo 16, onde encontramos, no primeiro verso, Febe, a diligente diaconisa da igreja de Cencreia. No verso 3 aparece Priscila, e, no verso 12, Trifena e Trifosa, exemplo de nossas dedicadas obreiras bíblicas (Filipenses 4:3).

3. Posição da Igreja Adventista neste Problema. Os dois trechos seguintes, do Espírito de Profecia, são oportunos neste aspecto:

1) O Homem e a Mulher Criados Iguais. “A negligência, por parte da mulher, em seguir o plano de Deus ao criá-la, o esforço de alcançar importantes posições para as quais não se habilitou, deixa vago o lugar que ela podia preencher de maneira aceitável. Saindo de sua esfera, perde a verdadeira dignidade e nobreza feminina. Ao criar Eva, Deus pretendia que ela não fosse inferior nem superior ao homem, mas, em todas as coisas, lhe fosse igual. O santo par não devia ter nenhum interesse independente um do outro; e, não obstante, cada um possuía individualidade de pensamento e de ação.

“Depois da queda de Eva, porém, como ela houvesse sido a primeira na transgressão, o Senhor lhe disse que Adão teria domínio sobre ela. Devia ser sujeita a seu marido, o que constituía parte da maldição. Em muitos casos essa maldição tem tornado a sorte da mulher dolorosa, fazendo de sua vida um fardo. O homem tem abusado a muitos respeitos da superioridade que Deus lhe deu, exercendo poder arbitrário” (Testemunhos Seletos, vol. 1, págs. 412-413).

2) Mulheres Como Obreiras Evangélicas. “A obra das mulheres está satisfazendo a uma positiva necessidade das mulheres que se consagraram ao Senhor e estão se voltando a ajudar um povo carecido, vítima do pecado. É preciso que se faça obra evangélica pessoal. As mulheres que empreendem essa obra levam o evangelho aos lares do povo nos caminhos e valados. Leem e explicam a Palavra às famílias, orando com elas, cuidando dos doentes, aliviando-lhes as necessidades temporais. Apresentam a famílias e indivíduos a influência purificadora, transformadora da verdade. Elas mostram que o meio de alcançar a paz e a alegria é seguir a Jesus” (Testemunhos Seletos, vol. 2, pág. 405).

Do livro Evangelismo, capítulo ‘Instrutor Bíblico’, págs. 456-481, destacaremos os seguintes tópicos: 1 – Mulheres Como Mensageiras de Misericórdia. 2 – Necessidade de Mulheres Conselheiras. 3 – Mulheres no Evangelismo: a) Neste Tempo de crise. b) Mulheres que tem a Obra no coração. c) Como Conselheira, Companheira e Coobreira. d) Tanto Homens como Mulheres chamados à Obra Bíblica. 4 – Mulheres no Ministério Público: a) A Eficácia da obra Feminina. b) Marido e Mulher unidos numa Mesma obra. c) Uma instrutora Bíblica Fala à Congregação: “Cada semana conta a sua história; uma ou duas almas recebem a Verdade, e a maravilhosa mudança em sua fisionomia e caráter é tão notável aos olhos dos vizinhos que a convicção produzida pela própria vida dessas pessoas leva a outros a verdade; e elas estão agora examinando diligentemente as Escrituras… “As irmãs R e M estão fazendo um trabalho tão eficiente como o dos ministros, e em algumas reuniões em que os ministros são chamados a outra parte, a irmã M toma a Bíblia e dirige a congregação” (Ellen White, Carta 169, 1900). d) Uma Irmã Dirigir-se à Multidão: “Ensinai isto, minha irmã. Tendes muitos caminhos abertos diante de vós. Dirigi-vos à multidão sempre que vos for possível” (Review and Herald, 09/05/1899).

Há um pensamento em Obreiros Evangélicos, pág. 468, para o qual devemos atentar: “Os Adventistas do Sétimo Dia não devem de nenhuma maneira depreciar a obra da mulher”.

O Comentário Bíblico Adventista, ao tecer considerações sobre 1Coríntios 14:33-34, pondera: “Se a última frase do verso 33 está relacionada com o verso 34, a passagem diz: ‘Como em todas as igrejas, as mulheres guardam silêncio’. Esta imposição para as mulheres guardarem silêncio não foi meramente uma restrição regional, por causa de alguma circunstância local, mas uma reflexão do costume geral de todas as igrejas. Que o costume era geral pode também ser deduzido de 1Timóteo 2:11-12, onde Paulo sem destacar nenhuma igreja definida, admoesta: ‘A mulher aprenda em silencio, com toda a submissão. E não permito que a mulher ensine, nem que exerça autoridade sobre o marido; esteja, porém, em silêncio’.

“Alguns tem achado dificuldade em compreender esta proibição, em virtude não somente de nossos conceitos modernos do lugar da mulher na igreja, mas também do lugar e serviço das mulheres na história Bíblica (ver Juízes 4:4; 2Reis 22:14; Lucas 2:36-37; Atos 21:9). O próprio Paulo fez recomendações sobre as mulheres que trabalharam com ele na propagação do evangelho (Filipenses 4:3). Não há dúvida de que as mulheres tiveram um papel destacado na vida da igreja.

“Lei: As Escrituras ensinam que, por causa da sua parte na queda do homem, Deus designou à mulher uma posição de subordinação a seu marido (ver Gênesis 3:6 e 16; Efésios 5:22-24; 1Timóteo 2:11-12; Tito 2:5; 1Pedro 3:1 e 5-6)”.

A Ordenação de Mulheres – as Mulheres Usando o Púlpito

Concernente a este aspecto, nossa revista denominacional “Ministry“, fevereiro de 1978, págs. 24-25, trouxe o seguinte artigo: O Ministério das Mulheres – “É possível que uma visão mais próxima da nossa Teologia de ordenação possa auxiliar na resolução de problemas mais delicados, dentre os quais está a questão do ministério da mulher. Negligenciado por tanto tempo, este problema, no presente, é uma preocupação das igrejas através do mundo inteiro. Cada igreja, evidentemente, responderá à luz de seu próprio entendimento do evangelho em bases nas suas próprias percepções. Ainda assim, não pode ser dito que uma solução integral tenha sido indicada, até entre entidades como o Concílio Mundial das Igrejas.

“Não há dúvida de que a igreja primitiva não ordenava mulheres. Alguns afirmam que diaconisas e viúvas eram mais que simplesmente comissionadas; mas, em geral a ordenação era reservada para homens. No entanto, é necessário investigar por que as mulheres não eram ordenadas. Seria este impedimento explicado pela situação social e cultural da igreja primitiva, ou seria esta uma prática obrigatória para todos os séculos?

“A intuição de Paulo, na igualdade dos sexos e na natureza e posição da  dignidade da mulher, tem atuado como um fator decisivo na manifestação do desempenho das mulheres no mundo. … Eu fui induzido a concluir que não há um argumento teológico conclusivo que proíba a ordenação da mulher para o ministério evangélico. Entretanto, ao mesmo tempo, desde que a ordenação não é apenas a resposta a um chamado de Deus, mas uma forma reconhecida de nomeação pela igreja para um cargo designado, será que é sábio passar por alto tão rapidamente a questão, como se o tempo é chegado para tal procedimento? Seria tal transformação almejada, enquanto a igreja, como um todo, sensível a orientação do Espírito Santo, não tem reconhecido a liderança de Deus neste sentido?

“O Concílio Anual de 1973 registrou o seguinte tópico: ‘O Papel da Mulher na Igreja‘. No parágrafo 3º solicita às Divisões continuarem seus estudos sobre esta questão e a compartilharem suas decisões com a Conferência Geral em tempo para a consideração do Concílio Anual de 1974. O pedido foi atendido pelas Divisões, que votaram reafirmar os parágrafos 4º, 5º e 7º do Concílio Anual de 1973, que dizia o que se segue: “Que a ênfase sobre o sacerdócio de todos os crentes, e a necessidade do envolvimento total dos recursos da igreja, para a terminação rápida da comissão evangélica, fosse aceita.

“A primazia do papel da mulher casada, no lar, como é confirmada tantas vezes na Bíblia e no Espírito de Profecia, continua sendo reconhecida por toda a igreja em harmonia com conselhos, tais como o seguinte da pena inspirada: ‘Existe um Deus em cima no Céu, e a luz e glória do Seu trono repousam sobre a mãe fiel enquanto ela se esforça por educar os filhos para resistirem à influência do mal. Nenhuma outra obra se pode comparar à sua em importância’ (A Ciência do Bom Viver, págs. 377-378).

“Em áreas propícias para tal atividade, continua o reconhecimento da importância em designar mulheres para a obra evangelística e pastoral, e as credenciais apropriadas de missionárias lhes serão concedidas.

“Sendo que a Igreja Adventista do Sétimo Dia é uma igreja mundial, incluindo entre seus membros povos de todas as nações e de diferentes culturas, e porque um estudo das Divisões mundiais revela que o tempo ainda não é chegado nem oportuno para este mister; logo, no interesse da união mundial de nossas igrejas, nem um passo será dado no sentido de ordenar mulheres para o ministério evangélico”.

Segue-se uma parte da resposta dada pela Revista Adventista, setembro de 1975, pág. 27, à seguinte consulta: “Paulo diz: ‘Conservem-se as mulheres caladas nas igrejas’ (1Coríntios 14:34). E isso é confirmado em 1Timóteo 2:11-12. Daí porque discordo que as mulheres ensinam em classes da Escola Sabatina ou falem na reunião missionária das Dorcas. Que me dizem sobre o assunto? R. C. de O.

“Não é regra que a mulher ocupe a frente para falar aos membros da igreja. Entretanto, ocasiões há em que isso pode e deve ocorrer. Na Igreja Adventista, a irmã White falou do púlpito centenas de vezes, trazendo mensagens inspiradas ao povo de Deus. O próprio fato de Deus ter chamado mulheres para Seu serviço público, como as mencionadas, e poderíamos acrescentar Débora e Hulda em tempos mais recuados, mostra que uma declaração feita sob certas circunstâncias, em determinada época, como a de Paulo, é restrita em suas aplicações. Entretanto, como há ainda na maioria dos países muito preconceito sobre a mulher, ela não deve se ocupar do ministério da palavra. Nos dias de Cristo e de Paulo, a mulher era praticamente uma escrava, quase sempre sem direitos, tida como inferior, e qualquer participação ostensiva dela na vida religiosa de uma igreja talvez trouxesse má reputação para o Evangelho. Hoje as mulheres chegam a altos postos eletivos na vida política e administrativa de alguns países (Golda Meir, Indira Gandhi e, em nossos dias, a primeira ministra inglesa Margaret Thatcher), outras brilham nas artes, nas ciências, na literatura e nos desportes, e, com isto, as barreiras de preconceitos vão sendo derribadas lá fora, no mundo”.

CONCLUSÃO

A análise feita das declarações do apóstolo nos mostram que os comentaristas têm chegado a conclusões as mais variadas.

Concluímos também que este tema continuará a merecer a atenção da Igreja ainda por muitos anos, especialmente a problemática da ordenação de senhoras.

As declarações de Paulo nestes dois versos revelam uma faceta da sua personalidade decisiva. Eles são tão fortes que quase chegam a ferir a nossa sensibilidade latina, mas insistimos mais uma vez que a intervenção pública da mulher teria sido vergonhosa e até escandalosa para aquele tempo.

Não nos resta dúvida de que Paulo, escudado nas Escrituras, podia declarar que Deus estabeleceu uma hierarquia, colocando o marido como chefe da família e a mulher como subordinada ao marido.

Não olvidemos que o apóstolo se referia às reuniões “oficiais” da igreja, mas ele mesmo era favorável ao ministério feminino em outras esferas e ocasiões.

Se o papel da mulher na sociedade daquele tempo era humilhante, em nossos dias ela goza dos mesmos privilégios e oportunidades concedidos aos homens.

Livro: Leia e Compreenda Melhor a Bíblia, de Pedro Apolinário.

quarta-feira, 15 de agosto de 2012

As mulheres são proibidas de participar na liderança na igreja?

1. As mulheres são proibidas de participar na liderança da igreja ou falar em público?
2. Os escritos de Ellen White são tão importantes quanto a Bíblia?
3. Em I Cor. 9:19-21 Paulo afirma que não precisamos guardar a Lei?
4. O que a Bíblia fala sobre a língua dos anjos?
5. Se os Estados Unidos se unirem com o Vaticano, podemos dizer que estamos nos últimos dias?
6. Os salvos que morreram já estão no Céu com Cristo?
7. Se Jesus morreu na sexta e ressurgiu no domingo, Ele não ficou 3 dias no túmulo?

quinta-feira, 19 de janeiro de 2012

Por que razão Paulo ordenou que as mulheres ficassem caladas na igreja? (I Co 14:34 e 35)


A igreja de Corinto era composta de conversos de origem judaica e grega (At 18:4). Nos serviços religiosos das sinagogas da época, as mulheres judias assumiam uma atitude passiva, permanecendo separadas dos homens e comportando-se com decoro e discrição. Já o paganismo grego de Corinto estimulava uma participação litúrgica feminina proverbialmente irreverente e imoral. Alusões são encontradas a cerca de mil prostitutas cultuais que atuavam no templo dedicado à Afrodite (deusa do amor), na Acrópole daquela cidade.


O conselho de Paulo em I Coríntios 14:34 e 35 pode ter sido motivado pela manifestação de resquícios de irreverência litúrgica entre as mulheres que aceitaram o cristianismo, provenientes do paganismo. Endossando essa posição, Jack J. Blanco parafraseou interpretativamente esse texto, em sua The Clear Word, da seguinte forma: “Como em nossas sinagogas, as mulheres que freqüentam a igreja não deveriam falar em voz alta e comportar-se de maneira repreensível, como fazem nos templos pagãos, mas permanecer em silêncio e prestar atenção, como a lei ordena, de modo a não ofender os crentes judeus. Se vossas mulheres não conseguem entender o que está sendo ensinado, não deveriam interromper o pregador, mas esperar até chegarem em casa e perguntarem a seus maridos. Embora as mulheres pagãs falem em voz alta e interrompam os outros nos lugares de culto, é desonroso a uma mulher cristã comportar-se dessa maneira.”


Não se pode descartar a possibilidade de que Paulo, no texto em discussão, estivesse também restringindo o ensino religioso público às pessoas do sexo masculino. Mesmo sancionado à mulher o direito de orar e profetizar (ver I Co 11:5), Paulo era incisivo em não permitir que a mulher ensinasse publicamente: “A mulher aprenda em silêncio, com toda a submissão. E não permito que a mulher ensine, nem exerça autoridade de homem; esteja, porém, em silêncio” (I Tm 2:11 e 12; ver também Ef 5:22-24). Essa atitude do apóstolo, de aparente discriminação da mulher, tem sido entendida por muitos comentaristas como uma manifestação de respeito para com a cultura religiosa judaica da época (ver I Co 9:20; I Ts 5:22), não podendo ser considerada como universalmente normativa. Mesmo sem que lhes seja permitido o exercício das funções ministeriais, as mulheres têm participado ativamente nos cultos públicos cristãos em culturas que o permitem.


Texto de autoria do Dr. Alberto Timm, publicado na Revista Sinais dos Tempos, março de 1999, p. 27.
Via Sétimo Dia

domingo, 1 de maio de 2011

Mulheres Podem Falar na Igreja?

por Rubem M. Scheffel
Muitas pessoas acham difícil entender a Bíblia. Outras ficam confusas ou tiram conclusões erradas, por desconhecerem o tempo, circunstâncias e cultura relacionados com certa passagem. Nesta curiosa matéria, o autor comenta alguns desses equívocos e dá importantes dicas para compreender melhor a Bíblia.
O rei Salomão, que tinha muita experiência no trato com as mulheres, dirigiu certa vez o seguinte galanteio à sua amada Sulamita: "Às éguas dos carros de Faraó te comparo, ó querida minha." Cantares de Salomão 1:9. E a Sulamita deve ter-se sentido lisonjeada com tais palavras. Entretanto, se um rapaz de nossa sociedade quisesse imitar Salomão, e comparasse sua namorada a uma égua, estaria cometendo uma gros­seria que talvez lhe custasse um olho roxo.
Por que essa diferença de reação? Simplesmente porque os tempos, as circunstâncias e a cultura são outros. Mil anos antes de Cristo, na Palesti­na, comparar uma jovem às éguas de Faraó era considerado um elogio, pois as parelhas dos carros de Faraó eram animais de estirpe, luzidios, ri­camente adornados com laços, plu­mas e chocalhos, o que os tornavam realmente figuras elegantes e admi­radas.
Por isso, o que naquela época, no Oriente, era elogio, hoje no Ocidente é grosseria. Aqui e agora, rapazes e mocinhas se comparam com gatinhos e gatinhas. Entre nós a comparação com equinos é sempre ofensiva.
Linguagem e costumes diferentes
A versão bíblica do rei Jaime (King James Version) foi traduzida para o in­glês em 1611. Em 1955, quase 350 anos mais tarde, Luther A. Weigle, deão da Escola de Divindades da Universidade de Yale, publicou uma lista de 857 palavras bíblicas que ha­viam mudado de significado. Hoje, essa lista poderia ser ainda maior.1
Ora, se em 350 anos a linguagem mudou tanto, o que não terá aconte­cido em 3.500 anos, que é mais ou menos o tempo que nos separa de Moisés – o autor do livro de Jó e do Pentateuco?
Mas a linguagem não é tudo. É pre­ciso levar em consideração também a cultura da época, as circunstâncias em que o texto foi escrito, e a quem se destinava em primeiro plano, pa­ra termos uma compreensão adequa­da das Escrituras. A falha em obser­var esses fatores tem levado os ho­mens a praticar inúmeras distorções das verdades bíblicas. Vamos men­cionar apenas algumas.
O livro de Gênesis relata, no capí­tulo 3, a queda do homem. E como uma das consequências do pecado, a mulher sofreria durante a gravidez, e "em meio de dores" daria à luz fi­lhos. Por causa dessa afirmação, há extremistas que se opõem a todo e qualquer método que alivie as dores de parto.
Outros leem, também no Gênesis: "Sede fecundos, multiplicai-vos, en­chei a Terra", e se recusam a fazer qualquer planejamento familiar, en­tendendo que essa ordem divina pressupõe ter o maior número possível de filhos. Qualquer método anti­concepcional seria, nesse caso, con­trário à vontade de Deus.
Por outro lado, mentes liberais leem, no Antigo Testamento, que mui­tos patriarcas praticavam a poligamia, e concluem que isso constitui licença para praticá-la.
Deus falou através dos profetas, e o que Ele disse precisa ser interpre­tado corretamente. Essa necessidade aumenta à medida que o texto se dis­tancia de nossa época e cultura. Quanto mais remoto o autor, no tem­po e no espaço, tanto mais as opi­niões e circunstâncias de sua época e país diferirão da nossa, e maior a necessidade de observarmos algu­mas regras específicas a fim de en­tendermos suas declarações.
A ciência que procura interpretar corretamente as Escrituras se chama hermenêutica. O seu objetivo é des­cobrir o pensamento dos escritores bíblicos, expresso em palavras sob circunstâncias especificas.2
Três regras simples
Há mais de 30 anos, T. House Je­mison, professor de religião na Uni­versidade Andrews, Estados Unidos, sugeriu três regras simples de inter­pretação dos escritos inspirados:
1. Analise tudo que o profeta dis­se sobre o tópico em questão, an­tes de tirar uma conclusão final. A razão para essa regra é óbvia: declarações isoladas podem apre­sentar apenas um ângulo da questão. Tomadas isoladamente, servirão ape­nas para distorcer a verdade.3
Temos um exemplo desse fato em São Mateus 17:12 e 13: "Eu, porém, vos declaro que Elias já veio, e não o reconheceram Então os discípu­los entenderam que [Jesus] lhes fala­ra a respeito de João Batista."
Tomando esses textos isoladamen­te, os proponentes da doutrina da reencarnação pretendem encontrar aqui uma base bíblica para esse ponto de vista. João Batista seria a re­encarnação de Elias. Aplicando, porém, o princípio de Jemison, e ana­lisando outra declaração bíblica, veremos não terem fundamentos tais pretensões. Quando os sacerdotes e levitas perguntaram a João Batis­ta: "Quem és, pois? És tu Elias? Ele disse: Não sou." São João 1:21.
João, portanto, rejeita aqui a ideia da reencarnação, que havia se intro­duzido na teologia rabínica por influên­cia do helenismo grego. "O Elias que havia de vir" (Malaquias 4:5 e 6) era uma mensagem, e não um homem.

2. Se uma declaração parece destoar do sentido geral de ou­tras declarações correlatas, estu­de o contexto interno e exter­no — em seu esforço para solucionar a aparente discrepância.
O contexto interno tem a ver com o que o escritor inspirado escreveu imediatamente antes ou imediatamen­te depois do texto em questão. O con­texto externo procura responder as seguintes indagações: A quem foi endereçada a mensagem? Quando e por que foi escrita? Que circunstan­cias a tomaram necessária?

3. Procure verificar se o conselho do profeta é um princípio ou uma norma de conduta.
De um modo geral, podemos dizer que todos os profetas, ao dar conse­lhos e instruções, estarão fazendo uma de duas coisas: declarando um prin­cípio (padrão imutável de conduta humana que se aplica a todos, em to­das as épocas e em todos os lugares), ou aplicando um princípio a uma situação imediata. Essa aplicação po­de ser chamada norma. Os princípios nunca mudam. As normas, porem, podem mudar de acordo com as circunstâncias.
Mulheres na igreja
Vamos agora aplicar es­sas três regras de interpretação a um caso especifi­co, e ver como funcionam. O apóstolo Paulo diz em I Timóteo 2:12: "E não per­mito que a mulher ensine, nem que exerça autoridade sobre o marido; esteja, porém, em silêncio." O mes­mo apóstolo diz ainda, em I Coríntios 14:34: "Conser­vem-se as mulheres cala­das nas igrejas, porque não lhes é permitido falar; mas estejam submissas como também a lei o determina."
Isto é tudo o que o após­tolo escreveu sobre o as­sunto. Portanto, passemos para a regra no. 2. Comece­mos analisando o contexto interno, a fim de ver o que Paulo disse antes e depois dos textos em questão.
"Quero, portanto, que os varões orem em todo lugar, levantando mãos santas, sem ira e sem animosida­de. Da mesma sorte, que as mulheres, em traje de­cente, se ataviem com modéstia e bom senso, não com cabeleira frisa­da e com ouro, ou pérolas, ou vestuário dispendioso, porém com boas obras (como é próprio às mulheres que professam ser piedosas). A mu­lher aprenda em silencio, com toda a submissão. E não permito que a mulher ensine, nem que exerça autorida­de sobre o marido; esteja, porém, em silêncio." I Timóteo 2:8-12.

"Porque Deus não é de confusão; e, sim, de paz. Como em todas as igrejas dos santos, conservem-se as mulheres caladas nas igrejas, porque não lhes é permitido falar; mas estejam submissas como também a lei o determina. Se, porem, querem apren­der alguma coisa, interroguem, em casa, a seus próprios maridos; por­que para a mulher é vergonhoso fa­lar na igreja." I Coríntios 14:33-35.
Em ambos os textos Paulo esta falando da oração e de outras práticas religiosas em lugares públicos de adoração. Ele esta obviamente preo­cupado em manter um espírito de re­verência. Aparentemente havia um problema nas igrejas cristas de Éfe­so e Corinto.
Com respeito às mulheres crentes em particular, Paulo expressou preocupação no tocante a uma possível falta de modéstia e discrição. E ele não apenas investiu contra as jóias ornamentais, mas também contra o fri­sado dos cabelos.
Historiadores da bacia do Mediterrâneo, do primeiro século AC, referem que algumas mulheres ousadas entremeavam fios de prata e ouro nas tranças de seus cabelos. E quando caminhavam sob luz solar direta, as raios solares incidiam com força nes­ses fios metálicos, ofuscando as olhos dos homens que estivessem muito próximos. Por motivos ligados às jóias ornamentais, Paulo tinha preocupação em que as mulheres cristãs não atraíssem atenção indevida a si próprias e a seus corpos — uma prática preferida por mulheres pagãs e mui­tas vezes despudoradas.
Nada havia de imodesto ou indis­creto no fato de as mulheres trança­rem o cabelo. O que desagradou o apóstolo, tanto por razões praticas co­mo teológicas, é o que as mulheres colocavam no cabelo.
O contexto externo
Ao examinarmos a contexto exter­no, veremos que Paulo estava com­batendo três problemas: irreverência, imoralidade sexual, e a cultura greco­ - judaica daquela época.
Irreverência. Parece que havia difi­culdade em manter reverência nas igrejas cristãs primitivas. Ao contrário do costume nas sinagogas judaicas, homens e mulheres adoravam juntos. E as mulheres, que sempre haviam sido obrigadas a permanecer em si­lêncio nas sinagogas, exerciam ago­ra a sua liberdade fazendo perguntas quando não entendiam alguma coisa que o pregador havia dito. Isto cau­sava irreverência e confusão nas igre­jas de Corinto e Éfeso.
Imoralidade Sexual. Em segundo lugar, os problemas relacionados com imoralidade sexual nessas cidades ameaçavam a própria existência da igreja cristã. Corinto era uma metrópole comer­cial da Grécia, e uma das maiores e mais ricas cidades do Império Roma­no. Com uma população de 400 mil habitantes, era conhecida por sua desenfreada imoralidade. Chamar uma mulher de "coríntia" equivalia a cha­má-la de prostituta. No topo de um monte, nas cercanias da cidade, erguia-se a templo de Afrodite, o qual possuía mil sacerdotisas-prostitutas cujos salários provinham de impostos locais.
A idade de Éfeso também tinha os seus templos, e o templo de Diana mantinha centenas de sacerdotisas­-prostitutas semelhantes as do templo de Afrodite. O paganismo sempre procurou misturar espiritismo com imoralidade sexual. Isso era o que Paulo estava, em parte, combatendo.
E a que isso tem a ver com as mulheres cristãs de Corinto e Éfeso? A se­guinte ilustração facilitará a compreensão do problema: Digamos que um cristão da igreja de Corinto e um pagão tenham feito amizade. Um dia o cristão convida o pagão para ir à igre­ja. O pagão aceita, e juntamente com seu amigo cristão se assentam em meio a congregação. O convidado no­ta então que há várias irmãs de boa aparência, e uma delas, ainda mais atraente, está regendo os hinos, e par­ticipando ativamente do culto divino.
Inocentemente, o pagão cochicha ao seu amigo, dizendo-lhe que gos­taria de conhecer aquela irmã. Após o culto, os dois são apresentados, e o visitante, habituado às sacerdotisas pagãs, lhe faz uma proposta obsce­na. Nossa irmã fica horrorizada, e se retira chocada. O amigo cristão fica constrangido, e o visitante surpreso com essa reação. O que teria feito de errado?
Dá para entender? Não houve nada de imoral. Mas se você deixar um visitante envergonhado em sua igreja, ele jamais retornará. Por isso o apóstolo Paulo achou necessário estabelecer algumas regras, a fim de evitar situações perigosas como essa: as mulheres cristãs de Corinto e Éfeso deveriam permanecer caladas na igreja para não serem confundidas com as sacerdotisas pagãs locais.
Cultura. Em terceiro lugar, Paulo estava desafiando as culturas grega e judaica. A cultura judaica, na qual o cristianismo se desenvolveu, relegava as mulheres a uma posição inferior. Elas simplesmente não tinham importância. 4
William Barclay diz que “segundo a lei judaica, a mulher não era uma pessoa mas uma coisa: ela estava inteiramente à disposição de seu pai ou marido. E estava proibida de aprender a lei; instruir na lei uma mulher era como lançar pérolas aos porcos. As mulheres não participavam do serviço na sinagoga; ficavam isoladas numa seção ou galeria, onde não pudessem ser vistas. ... Mulheres, escravos e crianças tinham a mesma classificação. Em sua oração matinal um judeu agradecia a Deus por não ter nascido gentio, escravo ou mulher.”5
“No mundo grego a posição da mulher era semelhante. As mulheres gregas honradas viviam uma vida reclusa. ... elas nunca andavam sozinhas na rua, e nunca iam a uma reunião pública. Portanto, se numa cidade grega as mulheres cristãs tornassem parte ativa e falassem na igreja, estas inevitavelmente conquistariam a reputação de mulheres dissolutas.”6
Assim sendo, Paulo não teve alternativa, senão de impor normas que governassem as atividades das mulheres cristãs em seu tempo e lugar.
Princípio ou norma?
Se o silêncio que Paulo impôs às mulheres nas igrejas cristãs fosse um princípio – o qual nunca muda – isto se aplicaria com a mesma força hoje e em qualquer tempo. Mas nesse caso teríamos de explicar por que Ana, que profetizou no templo com respeito à obra futura do menino Jesus, não foi censurada pelo sacerdote que testemunhou esse fato (ver São Lucas 1:25-38).
Quatro profetizas são mencionadas pelo nome no Velho Testamento e uma delas, Miriam, liderou um coral perante toda a congregação (ver Êxodo 15:20-21).
Assim, a lógica e a coerência levam a crer que Paulo, ao impor silêncio às mulheres nas igrejas de Corinto e Éfeso, não estava estabelecendo um princípio, e sim, uma norma adequada às circunstâncias locais. O seu permanente princípio, com respeito à igualdade de todos perante Deus é encontrado em Gálatas 3:27 e 28: “Porque todos quantos foste batizados em Cristo, de Cristo vos revestistes. Dessarte, não pode haver judeus nem grego, nem escravo nem liberto, nem homem, nem mulher, porque todos vós sois um em Cristo Jesus.”
Referências:
1. Roger W. Coon. Journal of Adventist Education, Sumer, 1988, pág. 17.
2. Gordon M. Hyde. A Symposium on Biblical Hermeneutics. Washington D.C., Review and Herald Publ. Ass. 1974, pág. 2
3. Coon, op. cit. pág. 19.
4. Ibid, págs. 23,026-28.
5. W. Barclay, Timothy, págs, 66 e 67.
6. Coon, op. cit. pág. 29.

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