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sábado, 3 de novembro de 2012

Pregação de Cristo aos “espíritos em prisão”



Quais são os significados destas citações de Pedro sobre Jesus , em 1 Pedro 3:18 b – 20? Entre as várias interpretações, está a de que Noé foi incumbido por Cristo de pregar aos ímpios de sua época. Outra afirma que Cristo, entre Sua morte e ressurreição, pregou aos mortos ímpios pré-diluvianos. Afinal, qual interpretação tem base bíblica?

Nesse texto, a parte que traz dificuldade de interpretação é: “Pois também Cristo…, morto, sim, na carne, mas vivificado no espírito, no qual também foi e pregou aos espíritos em prisão” (I Pe 3:18-19).

Entre as várias interpretações, uma é comum aos católicos e evangélicos: Cristo, entre Sua morte e ressurreição, teria ido ao Hades pregar a espíritos. Para os que crêem na imortalidade da alma, o Hades seria um lugar intermediário para onde supostamente vão os espíritos desincorporados. Essa interpretação não tem base bíblica pelas seguintes razões:

1. Com a morte, encerra-se o tempo de preparo para a salvação. O passo seguinte após a morte é o juízo: “E, assim como aos homens está ordenado morrerem uma só vez, vindo, depois disto, o juízo…” (Hb 9:27). O tempo de preparo para a vida eterna é “hoje” e “agora”: ‘Assim, pois, como diz o Espírito Santo: Hoje, se ouvirdes a Sua voz, não endureçais o vosso coração” (Hb 3:7,8); “Porque Ele diz: Eu te ouvi no tempo da oportunidade e te socorri no dia da salvação; eis, agora, o tempo sobremodo oportuno, eis, agora, o dia da salvação” (2Co 6:2).

2. Os mortos não podem ouvir a pregação do evangelho; tampouco podem aceitá-lo, pois viraram pó: “… até que tornes à terra, pois dela foste formado; porque tu és pó e ao pó tornarás” (Gn 3:19). Como conseqüência disso, quem morreu não têm consciência: “Sai-lhes o espírito, e eles tornam ao pó; nesse mesmo dia, perecem todos os seus desígnios” (SI 146:4); “Os mortos não louvam ao Senhor, nem os que descem à região do silêncio” (Sl 115:17); “… os mortos não sabem coisa nenhuma…; a sua memória jaz no esquecimento…; porque no além, para onde tu vais, não há obra, nem projetos, nem conhecimento, nem sabedoria alguma” (Ec 9:5,10).

A própria Bíblia e o contexto de 1 Pedro 3:18-21 nos ajudam a entender o texto em questão:

1. Jesus foi “vivificado no espírito” (1 Pe 3:18). Pelo original grego, podemos também traduzir essa frase como: ”Vivificado pelo Espírito” Ou seja, o Espírito Santo participou na ressurreição de Cristo (ver Rm 8:11).

2. “No qual também foi e pregou aos espíritos em prisão.” A expressão “no qual” se refere ao Espírito Santo, mencionado na parte final de 1 Pe 3:18. Então, Jesus, através do Espírito Santo, pregou a esses “espíritos em prisão”. No entanto, o elemento humano usado pelo Espírito Santo foi Noé (ver IPe 3:20). A menção a esse patriarca fornece a pista para se saber em que tempo foi feita essa pregação.

3. A pregação se deu, não no período entre a morte e a ressurreição de Cristo, mas “nos dias de Noé” (3:20), isto é, no tempo anterior ao Dilúvio, “enquanto se preparava a arca” (3:20).

4. Quem seriam esses “espíritos” aos quais foi feita a pregação? O próprio contexto nos esclarece: foram os “desobedientes nos dias de Noé, enquanto se preparava a arca” (3:20). Ou seja, a pregação foi feita aos antediluvianos, e não a espíritos desincorporados no Hades. A parte final de 3:20 nos esclarece que “poucos, a saber, oito pessoas, foram salvos” A palavra “pessoas” aqui, é psychai (psychê significa “alma, vida, pessoa, criatura”). Então, vê-se que os oito “espíritos” que foram salvos são as oito pessoas da família de Noé (ele, a esposa, três filhos e três noras).

5. E qual seria a “prisão” mencionada em 1 Pedro 3:19? A Bíblia nos diz que a prisão é o pecado: “Tira a minha alma do cárcere, para que eu dê graças ao Teu nome…” (Sl 142:7); “Quanto ao perverso, as suas iniquidades o prenderão, e com as cordas do seu pecado será detido” (Pv 5:22). É digno de nota que um dos atos do Messias seria ”tirar da prisão o cativo e do cárcere, os que jazem em trevas” (Is 42:7). E isso foi feito por Jesus, para todos aqueles que O aceitaram como Salvador. Portanto, podemos concluir dizendo que o texto de 1 Pedro 3:18-20 afirma que Jesus, através da atuação do Espírito Santo em Noé, pregou aos antediluvianos, mas somente oito deles (Noé e sua
família) aceitaram a pregação e foram salvos.

Está você aproveitando o dia de hoje, o presente momento, para entregar sua vida ao Senhor Jesus, para que esteja a salvo quando vier o dilúvio de fogo? Não se esqueça de que “hoje” é o dia da salvação, ”agora” é o momento oportuno.

Por Ozeas C. Moura, editor na Casa Publicadora Brasileira. 

sábado, 10 de setembro de 2011

“Pregar aos espíritos em prisão” (1 Pedro 3:19)


Os católicos, e até protestantes afirmam que enquanto Cristo esteve morto, passou este tempo pregando aos espíritos em prisão. Justificam esta crença baseados em I Pedro 3:18-20.
Estaria esta crença em harmonia com o ensino geral das Escrituras Sagradas?
De modo nenhum, porque afirmar que entre a crucifixão e a ressurreição, Jesus foi a algum lugar, ou desceu ao Hades, selecionou os espíritos dos antediluvianos, dos dias de Noé, e lhes pregou, concedendo-lhes segunda oportunidade, seria crer que a Bíblia advoga esta segunda oportunidade e também o estado de consciência na morte; da existência de algum lugar, como seja o purgatório, onde estão os espíritos desencarnados, doutrinas estas estranhas ao Livro Sagrado.
A resposta às perguntas que se seguem nos ajudará a equacionar o problema de conformidade com “um assim diz o Senhor”:
1ª) Quem eram os espíritos que estavam em prisão?
2ª) Que espécie de espíritos eram? Vivos ou mortos?
3ª) Quem lhes pregou?
4ª) Quando lhes foi pregado?
5ª) Pode a verdade ser ensinada aos mortos?
6ª) Defende a Bíblia a crença numa segunda oportunidade após a morte?
7ª) Qual é a prisão mencionada em 1 Pedro 3: 19?
8ª) será que houve algum problema com copistas ou de tradução, tornando a passagem obscura?

 Comentários Gerais

 1ª) Quem eram os espíritos que estavam em prisão?
A Bíblia usa espírito como sinônimo de pessoa, o ser humano vivente. Em I Cor. 16:18 – “Porque trouxeram refrigério ao meu espírito, isto é, a mim, a minha pessoa.” Gál. 6:18. “A graça de nosso Senhor Jesus cristo seja irmãos, com o vosso espírito.” Vosso espírito, quer dizer convosco, a vossa pessoa.
A primeira parte do verso 20 de I Pedro 3 parece identificá-los com as pessoas que viviam na Terra. Eram seres humanos reais, como as “oito almas” que se salvaram na arca.
2ª) Eram estes espíritos vivos ou mortos?
O termo espírito só é usado na Bíblia com referência aos vivos. Paulo em Heb. 12:22 e 23 dá as boas vindas aos novos membros que ingressaram na igreja – “espíritos dos justos aperfeiçoados”. O apóstolo faz referências a pessoas viventes.
Em Núm. 27:15-16, relata que Moisés, no término da vida, roga que um líder, dentre os vivos o substitua. O texto fala dos “espíritos de toda a carne”, isto é, seres vivos e não mortos.
Adam Clarke, vol. VI, pág. 862, comentando esta passagem conclui pela impossibilidade de se tratar de “espíritos desencarnados”, pois diz que a frase “os espíritos dos justos aperfeiçoados” (Heb. 12:23) certamente se refere a homens justos, e homens que se acham ainda na igreja militante; e o Pai dos Espíritos (Heb. 12:9) tem referência a homens ainda no corpo; e o “Deus dos Espíritos de toda a carne” (Núm. 27:161 significa homens, não em estado desencarnado”.
3ª) Quem lhes pregou?
O Dr. João Pearson, em sua Exposição do Credo, obra clássica da Igreja Anglicana, observa: “É certo, pois, que Cristo pregou àquelas pessoas que nos tempos de Noé foram desobedientes, em todo o tempo em que a longanimidade de Deus esperava e, conseqüentemente, enquanto era oferecido o arrependimento. E é igualmente certo que Ele nunca lhes pregou depois de haverem morrido”. Este eminente teólogo, crente na imortalidade da alma, afirma que esta passagem não ensina tal doutrina.
As palavras “no qual” do verso 19 podem tanto referir-se ao Espírito Santo como a Cristo. O Comentário Bíblico Adventista, bem identificado, entre nós, pelas siglas SDABC, apresenta três explicações para a expressão “no qual”.
a) “No qual” refere-se ao termo anterior “Espírito” e o verso 19, significa que Cristo pregou aos antediluvianos, pelo Espírito Santo, através do ministério de Noé.
b) “No qual” refere-se ao termo anterior para a versão preferida, “espírito” que é a referência a Cristo, em seu estado preexistente, um estado que, como a sua glorificada natureza na pós-ressurreição, pode ser descrito como no “espírito”. Compare a expressão: “Deus é espírito” João 4:24. A pregação de cristo foi para os antediluvianos, “enquanto se preparava a arca”, portanto durante o seu estado preexistente.
c) “No qual” refere-se ao verso 18 como um todo, e o verso 19 significa que em virtude da sua ainda futura morte vicária e ressurreição no “espírito” Cristo foi e pregou “aos antediluvianos através do ministério de Noé. Foi em virtude do fato, de que Jesus foi “morto na carne, mas vivificado no espírito” (verso 18), que Ele primitivamente pregou a salvação através de Noé e “foram salvos através da água”, aqueles que a aceitaram. Semelhantemente é “por meio da ressurreição de Jesus Cristo” que o batismo agora também nos salva” (verso 21).
“A primeira destas explicações é aceita se a expressão “no qual” se refere ao Espírito. A segunda e a terceira estão mais de acordo com a construção grega (dos versos 18 e 19), com o contexto imediato e com as passagens paralelas de outras partes do Novo Testamento”.
4ª) Quando lhes foi pregado?
No verso 21 há a expressão “noutro tempo”, que claramente se identifica com o tempo em que “a longanimidade de Deus aguardava nos dias de Noé”. O tempo era os dias de Noé, os 120 anos durante os quais Deus procurou libertá-los da prisão do pecado.
5ª) Pode a verdade ser ensinada aos mortos?
O ensino das Escrituras sobre o estado do homem na morte não admite tergiversações. Elas claramente nos afirmam que não há consciência na morte. Basta ler: Salmo 146:4; Ecles. 9:5, 6, 10; Mat. 10: 28; João 11:11; I Tes. 4:13.
Isaías 38:18 e 19 nos afiança que não há nenhuma esperança dos mortos aceitarem a salvação.
6ª) Defende a Bíblia a crença numa segunda oportunidade após a morte?
Os ensinamentos bíblicos são muito evidentes em nos mostrarem que há apenas uma oportunidade para a salvação, isto é, nesta vida.
A leitura de apenas algumas passagens, como II Cor. 6:1-2; Heb. 3:7-8; 6:4-6; 9:27; Rom. 2:6 elucida bem o assunto.
A doutrina da segunda oportunidade é antibíblica, portanto não deve ser aceita.
7ª) Qual é a prisão mencionada em 1 Ped. 3:16-20?
No salmo 142:7 Davi suplicou que Deus tirasse a sua alma da prisão.
Prov. 5:22 nos afirma que a prisão que traz a alma prisioneira é a prisão do pecado.
Isaías 42:6-7 nos informa que o trabalho de Cristo, quando viesse à Terra seria “tirar da prisão os presos”. O mesmo profeta messiânico no capítulo 61:1 profetizou a libertação dos cativos do pecado, por Cristo. Lucas 4:18 afirma que Cristo em sua cidade natal, aplicou as palavras de Isaías ao Seu ministério. O Espírito do Senhor me ungiu para proclamar libertação às almas presas pelo pecado.
Os seres a quem Jesus pregou “espíritos em prisão” eram pessoas presentes e bem vivas.
Que os antediluvianos estiveram bem presos na prisão do pecado é facilmente deduzível da leitura de Gên. 6:5-13.
8ª) Seria possível um erro de tradução ou omissão de alguma palavra por copistas?
A tradução de Moffatt para o inglês é diferente, pois reza assim: “Cristo foi morto na carne, porém volveu à vida no Espírito. Também no Espírito Enoque foi e pregou aos espíritos em prisão, que haviam desobedecido no tempo quando a paciência de Deus aguardou, enquanto era construída a arca, nos dias de Noé.”
Por que Moffatt introduz na sua tradução a palavra Enoque, que não aparece em nenhum manuscrito grego?
Ao considerar qualquer trecho em grego, os eruditos, freqüentemente, utilizam um processo, que se chama emenda. Este processo consiste no seguinte: Às vezes, os estudiosos crêem haver encontrado algo incorreto no texto como se encontra, porque algum escriba, parece haver copiado erroneamente, tornando o texto sem sentido. Portanto sugerem que determinada palavra deveria ser trocada, ou agregada alguma outra, mesmo que essa palavra não apareça em nenhum manuscrito grego.
No que se refere a esta passagem, Rendel Harris sugeriu, que ao copiar o manuscrito de Pedro se omitiu a palavra Enoque e que deveria ser reincorporada. Ele diz que entre as palavras “kai” e “toi” se havia omitido a palavra Enoque.
A razão que ele apresenta para isto é a seguinte: Como a cópia dos manuscritos se fazia por ditado, os escribas estavam expostos a omitir palavras que aparecendo em sucessão tivessem um som semelhante – en ho kai Enoque.
É uma sugestão interessante e engenhosa, mas que não devemos aceitar por falta de evidências comprobatórias.
Segue-se uma explicação para esta passagem dada por Artur S. Maxwell, aparecida na Revista Adventista, setembro de 1962, pág. 8:
“Na primeira epístola de S. Pedro ocorre esta estranha afirmativa: I Ped. 3:18-20. Naturalmente, somos levados a indagar: Quem eram os espíritos em prisão? Como podia Cristo lhes pregar e quando? Não haverá aqui algum erro? Não. Se compararmos esta passagem com a história do dilúvio, em Gênesis 6, tudo se torna claro. As palavras “no qual” referem-se ao Espírito Santo, e foi por esse Espírito que Cristo pregou aos ‘espíritos em prisão’, que no versículo 20 são definidos como pessoas que ‘noutro tempo foram desobedientes’. Esse ‘noutro tempo’ é claramente identificado como o tempo em que ‘a longanimidade de Deus aguardava nos dias de Noé.’ Assim, o tempo eram os dias de Noé, o lugar era o mundo antediluviano, e o meio pelo qual Cristo contendia como homem era seu santo Espírito – fato claramente expresso em Gênesis 6:3. O ministério de Noé, ministério presidido e motivado pelo Espírito, durou 120 anos – tempo durante o qual Deus procurou libertar o povo da prisão do pecado e salvá-lo na arca. A maior parte recusou o convite, salvando-se ‘através da água’, apenas ‘oito pessoas’.”

 Conclusões

Sintetizando as idéias aqui apresentadas concluímos com o sumário feito por Mary E. Walsh, em seu estudo bíblico sobre esta problemática passagem.
  1. “Espírito” – verificamos referir-se a seres vivos, e não a pessoas mortas.
  2. “Prisioneiro” – pessoa presa aos seus maus hábitos. Está na prisão do pecado.
  3. Cristo, enquanto esteve na Terra pregou, na sinagoga de Nazaré a almas aprisionadas. Sua mensagem visava libertá-las do pecado. Tanto Cristo quanto as pessoas a quem Ele pregava, estavam vivos.
  4. Ao ler com atenção I S. Pedro 3:18, verificamos que o Espírito Santo que ressuscitou dos mortos a Cristo, foi o meio usado por Cristo para advertir o povo do tempo de Noé, de que estava iminente o dilúvio e se preparassem para entrar na arca. Não obstante, eles rejeitaram a mensagem, e somente Noé e sua família foram salvos.
Não há, pois, nestes passos, insinuação alguma de que enquanto esteve na sepultura, Cristo haja pregado. Essa doutrina é ensinada pela Igreja católica, sem apoio nas Escrituras”. – O Ministério Adventista, Março/Abril, 1963, pág. 23.
Texto de autoria de Pedro Apolinário, extraído da apostila Explicação de Textos Difíceis da Bíblia.

quinta-feira, 21 de julho de 2011

Cristo realmente pregou aos “espíritos em prisão”? 1 Pedro 3:19.

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Vou disponibilizar a você um estudo do Prof. Pedro Apolinário a respeito de 1 Pedro 3:19 (e de Hebreus 12:22, 23), texto bíblico usado de forma errada para apoiar a ideia absurda de que “Jesus foi ao inferno pregar aos espíritos que lá estavam”. Essa interpretação do texto tem trazido problemas sérios para a teologia, pois, nega o ensino bíblico de que a oportunidade de salvação só existe nessa vida: 2 Coríntios 6:1, 2; Hebreus 3:13, etc. Os melhores comentaristas jamais aceitaram a interpretação atual de 1 Pedro 3:19.
Se lermos dos versos 18-20 perceberemos que os “espíritos em prisão” eram os antediluvianos (sim: a Bíblia usa o termo “espírito em referência a pessoas vivas) que estavam “presos” pelas cadeias do pecado (Provérbios 5:22).
E, chegaremos à conclusão de que Quem pregou não foi Cristo, mas, o Espírito Santo (não é por acaso que algumas traduções traduzem com letra maiúscula o termo “Espírito”).
Levando-se em conta o contexto bíblico o texto diz o seguinte: “Nos dias de Noé, por meio do Espírito Santo Cristo pregou aos antediluvianos que estavam presos pelas cadeias do pecado”.
Por que distorcer a Bíblia se ela é tão clara? Por que pegar o verso 19 isoladamente e formar uma heresia (mesmo que inconscientemente)?
Bom, deixemos que o estudo do Prof. Apolinário detalhe o assunto. Ótima leitura!
Leandro Quadros.
Pregar aos espíritos em prisão – 1 Pedro 3:19.
Introdução
Os católicos, e até protestantes afirmam que enquanto Cristo esteve morto, passou este tempo pregando aos espíritos em prisão. Justificam esta crença baseados em I Pedro 3:18-20.
Estaria esta crença em harmonia com o ensino geral das Escrituras Sagradas?
De modo nenhum, porque afirmar que entre a crucifixão e a ressurreição, Jesus foi a algum lugar, ou desceu ao Hades, selecionou os espíritos dos antediluvianos, dos dias de Noé, e lhes pregou, concedendo-lhes segunda oportunidade, seria crer que a Bíblia advoga esta segunda oportunidade e também o estado de consciência na morte; da existência de algum lugar, como seja o purgatório, onde estão os espíritos desencarnados, doutrinas estas estranhas ao Livro Sagrado.
A resposta às perguntas que se seguem nos ajudará a equacionar o problema de conformidade com “um assim diz o Senhor”:
1) Quem eram os espíritos que estavam em prisão?
2) Que espécie de espíritos eram? Vivos ou mortos?
3) Quem lhes pregou?
4) Quando lhes foi pregado?
5) Pode a verdade ser ensinada aos mortos?
6) Defende a Bíblia a crença numa segunda oportunidade após a morte?
7) Qual é a prisão mencionada em I Pedro 3:19?
8) Será que houve algum problema com copistas ou de tradução, tornando a passagem obscura?
Comentários Gerais
1) Quem eram os espíritos que estavam em prisão?
A Bíblia usa espírito como sinônimo de pessoa, o ser humano vivente. Em 1 Cor. 16:18 – “Porque trouxeram refrigério ao meu espírito, isto é, a mim, a minha pessoa” Gál. 6:18 “A graça de nosso Senhor Jesus Cristo seja irmãos, com o vosso espírito” Vosso espírito, quer dizer convosco, a vossa pessoa
A primeira parte do verso 20 de 1 Pedro 3 parece identificá-los com as pessoas que viviam na terra. Eram seres humanos reais, como as “oito almas” que se salvaram na arca
2) Eram estes espíritos vivos ou mortos?
O termo espírito só é usado na Bíblia com referência aos vivos. Paulo em Heb. 12:22 e 23 dá as boas vindas aos novos membros que ingressaram na igreja – “espíritos dos justos aperfeiçoados”. O Apóstolo faz referências a pessoas viventes.
Em Núm. 27:15 –16, relata que Moisés, no término da vida, roga que um líder, dentre os vivos o substitua. O texto fala dos “espíritos de toda a carne”, isto é, seres vivos e não mortos.
Adam Clarke, vol. VI pág. 862, comentando esta passagem conclui pela impossibilidade de se tratar de “espíritos de desencarnados”, pois diz que a frase “os espíritos dos justos aperfeiçoados (Heb. 12:23) certamente se refere a homens justos, e homens que se acham ainda na igreja militante; e o Pai dos Espíritos (Heb. 12:9) tem referência a homens ainda no corpo; e o “Deus dos Espíritos de toda a carne” (Num. 27:16) significa homens, não em estado desencarnado”.
3) Quem lhes pregou?
O Dr. João Pearson, em sua Exposição do Credo, obra clássica da Igreja Anglicana, observa: “É certo, pois, que Cristo pregou àquelas pessoas que nos tempos de Noé foram desobedientes, em todo o tempo em que a longanimidade de Deus esperava e, conseqüentemente, enquanto era oferecido o arrependimento. E é igualmente certo que ele nunca lhes pregou depois de haverem morrido”. Este eminente teólogo, crente na imortalidade da alma, afirma que esta passagem não ensina tal doutrina.
As palavras “no qual” do verso 19 podem tanto referir-se ao Espírito Santo como a Cristo. O Comentário Bíblico Adventista, bem identificado, entre nós, pelas siglas SDABC, apresenta três explicações para a expressão “no qual”.
a) “No qual” refere-se ao termo anterior “Espírito” e o verso 19, significa que Cristo pregou aos antediluvianos, pelo Espírito Santo, através do ministério de Noé.
b) “No qual” refere-se ao termo anterior para a versão preferida, “espírito” que é a referência a Cristo, em seu estado preexistente, um estado que, como a sua glorificada natureza na pós-ressurreição, pode ser descrito como no “espírito”. Compare a expressão: “Deus é Espírito” João 4:24. A pregação de Cristo foi para os antediluvianos, “enquanto se preparava a arca”, portanto durante o Seu estado preexistente.
c) “No qual” refere-se ao verso 18 como um todo, e o verso 19 significa que em virtude da Sua ainda futura morte vicária e ressurreição no “espírito” Cristo foi e pregou aos antediluvianos através do ministério de Noé. Foi em virtude do fato, de que Jesus foi “morto na carne, mas vivificado no espírito” (verso 18), que Ele primitivamente pregou a salvação através de Noé e “foram salvos através da água”, aqueles que a aceitaram. Semelhantemente é “por meio da ressurreição de Jesus Cristo” que o batismo agora também nos salva (verso 21)
“A primeira destas explicações é aceita se a expressão “no qual “se refere ao Espírito. A Segunda e a terceira estão mais de acordo com a construção grega (dos versos 18 e 19), com o contexto imediato e com as passagens paralelas de outras partes do Novo Testamento”
4) Quando lhes foi pregado?
No verso 21 há a expressão “noutro tempo”, que claramente se identifica com o tempo em que “a longanimidade de Deus aguardava nos dias de Noé”. O tempo era os dias de Noé, os 120 anos durante os quais Deus procurou libertá-los da prisão do pecado.
5) Pode a verdade ser ensinada aos mortos?
O ensino das Escrituras sobre o estado do homem na morte não admite tergiversações. Elas claramente nos afirmam que não há consciência na morte. Basta ler: Salmo 146:4; Ecles. 9: 5,6,10; Mat. 10:28; João 11:11; I Tes. 4:13.
Isaías 38:18 e 19 nos afiança que não há nenhuma esperança dos mortos aceitarem a salvação.
6) Defende a Bíblia a crença numa segunda oportunidade após a morte?
Os ensinamentos Bíblicos são muito evidentes em nos mostrarem que há apenas uma oportunidade para a salvação, isto é, nesta vida.
A leitura de apenas algumas passagens, como 2 Cor. 6:1-2; Heb. 3:7-8; 6:4-6; 9:27; Rom. 2:6 elucida bem o assunto.
A doutrina da Segunda oportunidade é antibíblica. Portanto, não deve ser aceita.
7) Qual é a prisão mencionada em I Ped. 3:18-20 ?
No Salmo 142:7 Davi suplicou que Deus tirasse a sua alma da prisão.
Prov. 5:22 nos afirma que a prisão que traz a alma prisioneira é a prisão do pecado.
Isaías 42: 6-7 nos informa que o trabalho de Cristo, quando viesse à Terra seria “tirar da prisão os presos”. O mesmo profeta messiânico no capítulo 61:1 profetizou a libertação dos cativos do pecado, por Cristo. Lucas (4:18) afirma que Cristo em sua cidade natal, aplicou as palavras de Isaías ao Seu ministério. O Espírito do Senhor me ungiu para proclamar libertação às almas presas pelo pecado.
Os seres a quem Jesus pregou “espíritos em prisão” eram pessoas presentes e bem vivas.
Que os antediluvianos estiveram bem presos na prisão do pecado é facilmente deduzível da leitura de Gên. 6:5-13
8) Seria possível um erro de tradução ou omissão de alguma palavra por copistas?
A tradução de Moffatt para o inglês é diferente, pois reza assim: “Cristo foi morto na carne, porém volveu à vida no Espírito. Também no Espírito Enoque foi e pregou aos espíritos em prisão, que haviam desobedecido no tempo quando a paciência de Deus aguardou, enquanto era construída a arca, nos dias de Noé”.
Por que Moffatt introduz na sua tradução a palavra Enoque, que não aparece em nenhum manuscrito grego?
Ao considerar qualquer trecho em grego, os eruditos, freqüentemente, utilizam um processo, que se chama “emenda”. Este processo consiste no seguinte, às vezes, os estudiosos crêem haver encontrado algo incorreto no texto como se encontra, porque algum escriba, parece haver copiado erroneamente, tornando o texto sem sentido. Portanto sugerem que determinada palavra deveria ser trocada, ou agregada alguma outra, mesmo que essa palavra não apareça em nenhum manuscrito grego.
No que se refere a esta mensagem, Rendel Harris sugeriu, que ao copiar o manuscrito de Pedro se omitiu a palavra Enoque e que deveria ser reincorporada. Ele diz que entre as palavras “kai” e “toi” se havia omitido a palavra Enoque.
A razão que ele apresenta para isto é a seguinte:
Como a cópia do manuscrito se fazia por ditado, os escribas estavam expostos a omitir palavras que aparecendo em sucessão tivessem um som semelhante – en ho kai Enoque
É uma sugestão interessante e engenhosa, mas que não devemos aceitar por falta de evidências comprovatórias.
Segue-se uma explicação para esta passagem dada por Artur S. Maxwell, aparecida na Revista Adventista, setembro de 1962, pág. 8:
“Na primeira epístola de S. Pedro ocorre esta estranha afirmativa: 1 Ped 3:18-20.
“Naturalmente, somos levados a indagar: Quem eram os espíritos em prisão? Como podia Cristo lhes pregar e quando? Não haverá aqui algum erro? Não. Se compararmos esta passagem com a história do dilúvio, em Gênesis 6, tudo se torna claro.
“As palavras “no qual” referem-se ao Espírito Santo, e foi por esse Espírito que Cristo pregou aos “espíritos em prisão” que no versículo 20 são definidos como pessoas que ‘noutro tempo foram desobedientes’. Esse ‘noutro tempo’ é claramente identificado como o tempo em que a longanimidade de Deus aguardava nos dias de Noé.
“Assim, o tempo eram os dias de Noé, o lugar era o mundo antediluviano, e o meio pelo qual Cristo contendia com o homem era Seu Santo Espírito – fato claramente expresso em Gênesis 6:3. O ministério de Nóe, ministério presidido e motivado pelo Espírito, durou 120 anos – tempo durante o qual Deus procurou libertar o povo da prisão do pecado e salvá-lo na arca. A maior parte recusou o convite, salvando-se ‘através da água, apenas ‘oito’ pessoas’”.
Conclusões
Sintetizando as idéias aqui apresentadas concluímos com o sumário feito por Mary E. Walsh, em seu estudo bíblico sobre esta problemática passagem:
1. “Espírito”- verificamos referir-se a seres vivos e não a pessoas mortas
2. “Prisioneiro” – pessoa presa aos seus maus hábitos. Está na prisão do pecado
3. Cristo, enquanto esteve na Terra pregou, na sinagoga de Nazaré a almas aprisionadas. Sua mensagem visava libertá-los do pecado. Tanto Cristo quanto as pessoas a quem Ele pregava, estavam vivos.
4. Ao ler com atenção 1 Pedro 3:18, verificamos que o Espírito Santo que ressuscitou dos mortos a Cristo, foi o meio usado por Cristo para advertir o povo do tempo de Noé, de que estava iminente o dilúvio e se preparassem para entrar na arca. Não obstante, eles rejeitaram a mensagem, e somente Noé e sua família foram salvos.
Não há, pois, nestes passos, insinuação alguma de que enquanto esteve na sepultura, Cristo haja pregado. Essa doutrina é ensinada pela Igreja Católica, sem apoio nas Escrituras. – O Ministério Adventista, Março-Abril, 1963, pág. 23.

[FONTE: APOLINÁRIO, Pedro. Explicação de Textos Difíceis da Bíblia. 4a Edição Corrigida, p. 227- 234]

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