terça-feira, 23 de janeiro de 2018

O Espaço Cósmico e o Tempo


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Gerardus D. Bouw
Ph. D. é professor assistente de Matemática e Ciência da Computação no Baldwin-Wallace College, Berea, Ohio, 44017, Estados Unidos.

Neste artigo a teoria da grande explosão inicial é apreciada criticamente. Os pontos considerados incluem problemas que têm a ver com as condições iniciais, a entropia, a taxa de expansão inicial, a abundância relativa de matéria e anti-matéria, a formação das estrelas e galáxias, a interpretação do desvio para o vermelho em escala cósmica, a massa ausente, as incertezas que pesam sobre a relação de Hubble e sobre a constante de Hubble, a distribuição dos quasars, a síntese dos elementos e o raio Schwarzhild do universo. Conclui-se que a teoria do “big bang” não provê explicação satisfatória para o universo.

Escolha-se ao acaso um artigo contemporâneo escrito por qualquer autor evolucionista versando sobre o assunto da cosmologia, para ficar-se impressionado com a certeza demonstrada quando ao conhecimento das transformações sofridas pelo universo e seus constituintes, bem como das suas idades. Entretanto, por baixo dessa aparência exposta ao público, esconde-se uma história bastante diferente. Há um considerável número de problemas que as modernas teorias cosmogônicas não têm sido capazes de resolver, a despeito de seu grande grau de sofisticação. Certamente não existirá nenhuma visão evolucionista abrangente do universo que possa escapar de elementos super-miraculosos que estarão apontando para o Criador.
Hoje em dia o modelo cosmológico mais aceito é o da grande explosão inicial, a teoria do “big bang”. Como teoria, ela resultou da observação de que quase todas as galáxias tênues, e presumivelmente distantes, parecem estar se afastando da Terra com velocidades que aumentam com a sua distância até nós. Partindo das paralaxes trigonométricas e passando pelas estrelas Cefêidas variáveis, e indo até os membros mais brilhantes dos grupamentos de galáxias, foi construída uma escala de distâncias cósmicas. Esta escala envolveu bilhões de anos-luz e permitiu traçar uma relação mais ou menos linear (Ver em seguida) entre o desvio para o vermelho observado na luz emitida pelas galáxias (presumivelmente uma medida da velocidade da galáxia na direção da sua linha de visada) e a distância delas até nós. A inclinação da reta resultante dessa relação corresponde à constante de Hubble, e o seu inverso, que tem a dimensão de tempo, é considerado como a medida da idade do universo. Tal interpretação da relação acima implica que todo o universo, com tudo que nele existe, esteve uma vez compactado em um único ponto. Como a interpretação do efeito Hubble é que a matéria que constitui o universo está atualmente em expansão centrífuga a partir daquele ponto, os evolucionistas especulam que toda a matéria explodiu violentamente a partir daquele ponto, esta grande explosão inicial recebendo o nome de “big bang”.
Para o evolucionismo, o maior dos problemas, embora não mencionável, em associação com o “big bang”, é a sua origem finalística. De onde teria vindo todo o material que constitui o universo? Qualquer teoria sobre as origens, quaisquer que tenham sido elas, necessariamente envolverá termos matemáticos que por sua vez dependerão de coordenadas. Tais termos acabarão sendo indeterminados na origem do sistema de coordenadas, ou, em outras palavras, o matemático ou o físico acabará dividindo por zero os termos na origem. Tomemos a densidade do universo como um exemplo. A densidade nada mais é do que a massa total dividida pelo volume. Ora, a massa do universo presumivelmente permanece constante (resultado da primeira Lei da Termodinâmica), mas ao se extrapolar o “big bang” no sentido do tempo passado, o volume do universo tende a zero. Isto faz com que a densidade tenda a ser igual a algum número finito dividido por zero, o que leva a uma solução indeterminada.

Para evitar tais soluções indeterminadas, os físicos e astrofísicos realmente não consideram o início do universo no instante zero, mas sim numa fração de segundos (10-34 segundos) imediatamente após o instante zero. Da mesma forma não partem do tamanho zero, mas sim de uma esfera com raio igual à velocidade da luz multiplicada por aquele intervalo de tempo, que vem a ser 10-34 cm, o que simplesmente contorna a questão da indeterminação.

O princípio da incerteza de Heisenberg (que simultaneamente a posição de um objetivo e sua quantidade de movimento, ou sua energia e o seu tempo não podem ser conhecidos com precisão absoluta) é invocado como uma desculpa para tal procedimento. Isso significa, porém, que o princípio da incerteza de Heisenberg deveria independer da matéria, pois os evolucionistas supõem que esse princípio existisse antes do universo, e que o universo tenha resultado desse princípio. Não obstante, o princípio da incerteza é definível somente em termos de substâncias materiais como, por exemplo, na expressão 
onde E indica qualquer alteração ou incerteza na energia, t é a incerteza no tempo (isto é, quando o objeto tem energia, E) e h é a constante de Planck. Ou também é definido em termos da posição x e da quantidade de movimento p como na expressão:
Invocar o princípio da incerteza de Heisenberg para explicar a origem do universo é portanto retornar à velha questão do que teria vindo primeiro - o ovo ou a galinha - e não resolver nada.
Junto com a questão da origem finalística do movimento no contexto de uma grande explosão inicial, existe o problema da entropia. Existe aqui um problema real quanto a como teria evoluído uma massa caótica, como a que se supõe ter existido no “big bang”, de tal forma a produzir um universo ordenado como o conhecemos hoje. Os evolucionistas normalmente tendem a contornar esse problema da entropia destacando que a entropia total do universo permanece constante desde que se suponha que o universo se expanda adiabaticamente. É, porém, trivial esta afirmação, pois supor que o universo se expande adiabaticamente é supor que a entropia permanece constante, o que constitui um círculo vicioso.
Os evolucionistas desdenham o miraculoso quando ele é trazido para explicar a natureza e a criação. Porém o “big bang” é ainda mais dependente de milagres do que o relato da criação do capítulo 1 do livro de Gênesis. Suponhamos, a título de argumentação, que o modelo do “big bang” esteja correto. Nesse caso, o universo teria vindo à existência mediante a explosão que deve ter acontecido há alguns 10 ou 20 bilhões (109) de anos. Descobrimos então, que o miraculoso ainda está presente, pois como escreveu Robert Dicke:
“Se a bola de fogo tivesse se expandido somente 0,1% mais rapidamente, a atual taxa de expansão seria 3.103 vezes maior. Tivesse a taxa de expansão inicial sido 0,1% menor e o universo ter-se-ia expandido somente até cerca de 3.10-6do seu raio atual antes de entrar em colapso. Com esse raio máximo, a densidade da matéria teria sido igual a 10-12g/cm3, mais do que 1016 vezes maior que a atual densidade. Nenhuma estrela ter-se-ia formado em tal universo, pois não teria havido tempo suficiente para a formação de estrelas”. (1)
Para uma flutuação ao acaso do princípio da incerteza de Heisenberg, aquela teria assumido o valor exato! Há porém evolucionistas que manteriam o ponto de vista de que, se tudo não tivesse acontecido assim tão precisamente, nós não estaríamos aqui para o observar. Hipocritamente essas mesmas pessoas não permitem que os criacionistas discutam o anti-paralelo do argumento, isto é, que a presença de tal planejamento no universo por si só defende a existência do Planejador.
A maioria dos modelos do “big bang”, e há diversos, predizem que quantidades iguais de matéria normal, e de anti-matéria, surgiram a partir dos estágios iniciais do “big bang”. Não obstante, o universo aparenta ser constituído primariamente de matéria normal; pelo menos são essas as evidências a partir das observações da radioastronomia.

Se uma onda de rádio percorre um campo magnético, então seu plano de polarização sofre uma rotação provocada pelo campo. Este efeito é chamado de “rotação de Faraday”, e ocorre de tal maneira que o plano de polarização gira num sentido se o campo for devido a matéria normal, e no sentido oposto se o campo magnético for devido a anti-matéria. Reinhardt (2) observou que a rotação do plano de polarização de ondas de rádio provenientes de fontes astronômicas dava-se prepoderantemente no mesmo sentido. Isso indica que o universo é preponderantemente formado de um só tipo de matéria, presumivelmente matéria normal. Há algumas teorias, entretanto, que têm sido propostas para explicar a aparente ausência de anti-matéria no universo observável. A melhor destas teorias exige que o universo esteja em expansão com taxas iguais ao longo de duas direções, e com taxa diferente na terceira direção (ou seja, dimensão) (3). Entretanto, também isto é não é observado (4).
O “big bang” tem também outros problemas. Os modelos evolutivos jamais foram bem sucedidos para explicar a formação de uma única estrela, quanto mais de uma galáxia toda, ou de um aglomerado de galáxias (5). Virtualmente todos os modelos de formação de estrelas invocados atualmente supõem que tanto as estrelas como as galáxias iniciaram-se como irregularidades de densidade nos estágios bem primitivos do “big bang”. Sem tal hipótese a física do colapso das nuvens de gás não permitiria a formação de objetos nem remotamente semelhante aos principais constituintes do universo.
Para que tais irregularidades de densidade estivessem presentes nos estágios primitivos da grande explosão inicial, têm sido propostas certas explicações. Incluem elas efeitos de “contração” magneto-hidrodinâmicos (como garrafas de plasma ou magneto-estricções) (6). Contudo, a existência de tais efeitos nos estágios primitivos do universo exige que então já existisse um campo magnético cósmico, cuja existência é posta em dúvida, existindo evidências conflitantes tanto a seu favor como contrárias (7). Além do mais, o campo de radiação do corpo negro, de 3ºK, não mostra evidências a favor de quaisquer porções significativas de matéria num instante que se acredita corresponder a cerca de um milhão de anos após a grande explosão inicial (8).
Em todas as especulações evolucionistas mencionadas até agora, foi sempre suposto que a constante de Hubble é indicativa de uma real expansão do universo. Porém, já há uma década Halton Arp (9) tem apontado casos que contradizem a interpretação dada por Hubble para o desvio para o vermelho. Primeiramente Arp descobriu uma correlação estatística entre as posições dos quasars no céu e as galáxias brilhantes próximas. Além disso, ele destacou que, se os quasars fossem locais, eles então não poderiam provir da expulsão dos núcleos das galáxias – a teoria “local” mais popular – pois então deveríamos observar tanto desvios para o azul como desvios para o vermelho, mas só são observados desvios para o vermelho.
Arp descobriu também casos como os da NGC 1199 em que um objeto com um desvio para o vermelho atingindo 13.300 km/s foi achado posicinado na frente de uma galáxia local em um desvio para o vermelho de 2.600 km/s (10). Recentemente a hipótese local para os quasars sofreu outro revés quando as pontes luminosas mencionadas por Arp foram descartadas, por serem meros efeitos óticos devidos à curvatura da luz em campos gravitacionais, ou efeitos de difração semelhantes aos que são observados quando, juntos os dedos polegar e indicador, projetamos sua silhueta a partir de um foco de luz. Como observaremos brevemente, se os objetos quase-estelares estão a distâncias cosmológicas da terra, então o resultado é desastroso para os evolucionistas.
Outra hipótese que se encontra embutida na relação de Hubble é a suposição de que conheça a escala de distâncias cósmicas. Como fundamento seu está a suposição adicional de que todas as partes do universo têm o mesmo aspecto (princípio cosmológico). Porém, se a escala das distâncias, como atualmente aceita, estiver mesmo que remotamente correta, surge então o problema da massa ausente. A rotação das galáxias parece ser não-Kepleriana, indicando que existe de 10 a 30 vezes mais matéria nas galáxias do que poderia resultar a partir de sua luminosidade (produção de luz). Para um aglomerado de galáxias a discrepância entre as estimativas da luz e da massa dinâmica atinge fatores de 100 até 500 ou mais ainda (11).
Se a detecção da rotação do argumentos de galáxia da Virgem estiver correta, (12) então, a julgar pela forma da curva de rotação, ou a lei da gravitação de Newton parece não vigorar para grandes distâncias, ou existirá uma tremenda distribuição de massa nos agrupamentos de galáxias. Se isto acontecer, então, mais cedo ou mais tarde isto também terá de ser levado em conta pelos modelos evolutivos do “big bang”.
Existe ainda o problema de que, embora se suponha que a relação envolvendo a constante de Hubble seja linear, na realidade os dados não correspondem de maneira nenhuma a uma linha reta. Os evolucionistas só podem ajustar uma linha reta através dos dados desde que suponham que os afastamentos da linearidade são definidos a efeitos evolutivos. Tais afastamentos subseqüentemente são definidos como evolutivos e passam a estabelecer padrões para a evolução das galáxias como um todo. A verdadeira forma da curva que corresponde à relação de Hubble está muito mais próxima da quadrática do que da linear.
Mesmo que se aceite a constante de Hubble e a relação linear, os evolucionistas ainda não estarão em paz com o modelo do “big bang”. O valor real da constante de Hubble é tremendamente incerto. Estimativas modernas variam de 20 km/s/Mpc até 120 km/s/Mpc. Nos últimos anos esse valor foi fixado arbitrariamente como sendo 50 km/s/Mpc desde que é este o valor mais alto consistente com a idade geológica da Terra, e o mais baixo ainda remotamente consistente com as observações. Em outras palavras, as evidências são de que o universo, de acordo com a constante de Hubble, é muito jovem para ter permitido a evolução da Terra. Isso se verifica especialmente à luz de evidências recentes que levam ao valor da constante de Hubble ao valor de 95 km/s/Mpc, valor este que corresponde somente a 10 bilhões de anos para a idade do universo (13). Isso acarreta outros problemas adicionais porque, se supusermos que o Urânio e o Tório tenham sido produzidos por algum processo desconhecido na época da formação da galáxia, então, utilizando os mesmos argumentos que se aplicam à datação das rochas terrestres e dos meteoritos extra-terrestres, parece que a Via Láctea deve ter pelo menos 12 bilhões de anos, idade superior à calculada de acordo com a constante de Hubble (14). Mesmos algumas estrelas e grupamentos de galáxias são supostamente mais velhas do que 10 bilhões de anos.
Browner e Berman, (15) aplicaram a lógica evolucionista usual para determinação das idades, às relações de abundância entre o Rênio-187 e o Ósmio-187, e chegaram à idade do universo de pelo menos 20 bilhões de anos, e mais confortavelmente a 29 bilhões. Este número excede de muito qualquer idade Hubble “confortável”.
Tudo isto serve para lançar dúvida sobre a constante de Hubble como um indicador da idade. Como sugeriu Akridge (16), a constante de Hubble pode constituir uma medida efetiva da densidade inicial do universo no instante da criação e portanto não pode ser extrapolada legitimamente para intervalos de tempos passados, para indicar qualquer idade que possa ser realmente significativa.
Como se não bastassem os problemas radiométricos anteriormente citados, a hipótese de que os desvios para o vermelho observados nos quasars são da natureza cosmológica, levam a uma conclusão bastante interessante, ressaltada por Varshni com as seguintes palavras:
“É mostrado que a interpretação cosmológica dos desvios para o vermelho observados nos espectros dos quasars leva ainda a um outro resultado paradoxal, a saber, que a terra é o centro do universo” (17).
Varshni descobriu cerca de 57 grupamentos entre uma amostra de 384 quasars. Estes grupamentos foram caracterizados puramente em termos de semelhanças espectrais, não em termos de valores dos desvios para o vermelho, nem de áreas de agrupamentos no céu. Pelo contrário, esses seus objetos não se emcontram necessariamente perto uns dos outros quando projetados sobre o céu, entretanto ele descobriu que o valor de seus desvios para o vermelho era bastante coincidente. Ele concluiu, então, que se a hipótese do desvio cosmológico para o vermelho for verdadeira, os 57 grupos ficam dispostos em cascas esféricas todas elas tendo a Terra como centro. 


Os quasars são representados distribuídos em circunferências concêntricas com a Terra. Observe-se que, deslocando o ponto de observação para fora do centro (da Terra), por exemplo, colocando-o em um dos quasars, será destruido o princípio cosmológico porque os outros quasars não estarão em circunferências concêntricas com esse quasar escolhido como centro. Evidentemente este desenho não está em escala.

Depois de considerar e descartar duas outras alternativas, Varshni achou que era forçoso concluir que, se a hipótese do desvio para o vermelho for aceita para os quasars, e da mesma maneira se o modelo do “big bang” for aceito para eles, então:
“A Terra é realmente o centro do universo. A disposição dos quasars ao longo de certas cascas esféricas se dá somente com relação à Terra como centro. Essas cascas desapareceriam se vistas de um outra galáxia ou quasar. Isto significa que o princípio cosmológico terá de ser abandonado. Implica também que um sistema de coordenadas fixo à Terra constituirá uma estrutura preferencial de referência do Universo. Conseqüentemente, deverão ser abandonadas para finalidades cosmológicas tanto a Teoria Especial quanto a Teoria Geral da Relatividade” (18).
Poderia haver a tendência de descartar esse fato como sendo uma ocorrência aleatória. Varshni, entretanto, considera as probabilidades e conclui que a probabilidade contra a ocorrência aleatória é de 3.1086 para 1 (19).
A remoção da hipótese cosmológica do desvio para o vermelho não ajuda necessariamente os evolucionistas, pois como foi destacado por Arp e outros (20), existem sérios problemas com qualquer explicação local para os quasars, não sendo a menor delas a explicação dos desvios para o vermelho, já que todos os outros desvios se tornariam, assim, também, suspeitos. A alternativa de Varshni é que os quasars são locais mais então deveríamos questionar quanto ao por que não haver uma maior dispersão nos desvios para o vermelho daqueles 57 grupamentos. Eles ainda pareceriam estar centrados concentricamente em redor da Terra.
O grande baluarte das evidências evolucionistas a favor do “big bang” é a radiação de corpo negro de 3ºK. Acredita-se que essa radiação seja devida à luz liberada quando elétrons e prótons combinaram-se pela primeira vez para formar Hidrogênio, alguns milhões de anos após a grande explosão inicial. A temperatura do universo naquela época é calculada como tendo atingido cerca de 3.000ºK, e o que constitui hoje o campo de radiação de 3ºK é aquele campo de 3.000ºK desviado para o vermelho por um fator z=1.000.
Aqui, também surge uma situação curiosa. O desvio para o vermelho daquele jato de luz de Hidrogênio é portanto tomado como sendo igual a 1.000, mas o valor mais elevado do deslocamento para o vermelho de qualquer objeto observado é menos do que 4, e esse valor é obtido para um quasar! Onde, então, estão os objetos com desvios para o vermelho intermediários? Onde estão os objetos com desvios para o vermelho entre z=4 e z=1.000? Esteve o universo desprovido de objetos durante todos os bilhões de anos intermediários?
Existe uma interpretação criacionista possível para o campo de radiação cosmológica de 3oK, que não envolve absolutamente nenhuma evolução. Existe uma “curiosa coincidência” que foi primeiramente mencionada por Hoyle e outros em 1968 (21) e retomada por Clayton em 1969 (22). Se supusermos que todos elementos do universo foram criados “in situ” pela fusão nuclear a partir do Hidrogênio, e se os fótons resultantes fossem então termalizados (de forma não permanecerem potencialmente perigosos à manutenção da vida), o campo de radiação resultante teria a temperatura de 3ºK e apresentaria um espectro de corpo negro. Na realidade, Hoyle e colaboradores consideraram somente a conversão do Hidrogênio em Hélio, e não necessariamente “in situ”. Mas a sua estimativa da densidade média do universo é provavelmente baixa, de forma que o efeito permanece quando consideramos todos os elementos.
Os evolucionistas, portanto, se deparam com um “big bang” miraculosamente controlado; que de alguma forma foi programada para iniciar-se alguns instantes depois do início da contagem do tempo, para assim evitar dificuldades intransponíveis que jamais seriam superadas no instante zero; um posicionamento miraculoso da Terra no cento aparente da expansão; e valores contraditório das idades da Terra, da galáxia e do universo. Porém os seus problemas não se encerram aqui. Hoyle (23) chamou a atenção para ainda outra “coincidência”, que parece ser uma de suas predileções. Os núcleos dos átomos exibem níveis de energia praticamente da maneira como os elétrons exibem níveis de energia em torno do núcleo. Ora, acontece que o Carbono-12 tem um nível de energia nuclear de 7,655 Mev, e o Oxigênio-16 tem um nível de 7,119 Mev. Se aceitamos a fusão nuclear como responsável pela formação dos elementos (mesmo formação “in situ” a cerca de 6 mil anos), então a disposição relativa desses dois níveis de energia não deixa de ser algo miraculoso.
Os níveis de energia são devidos a propriedades da força nuclear forte e da repulsão eletromagnética entre os prótons. Se essas duas propriedades fossem alteradas mesmo muito ligeiramente, resultaria uma mudança drástica nos dois níveis de energia anteriormente mencionados. A mudança seria de tal ordem que quase todos os átomos que hoje são Carbono-12 ter-se-iam tornado átomos de Oxigênio-16. A implicação disso é clara: sem Carbono, não haveria vida tal qual a conhecemos.
Finalmente, há um outro fator que não tem sido considerado tanto quanto saiba o autor, nem na literatura evolucionista, nem na criacionista. A literatura astronômica nos últimos dez anos tem sido sacudida com rumores e especulações sobre os buracos negros. Um buraco negro é definido como um bloco de matéria que foi tão compactada que seu campo gravitacional excede a velocidade da luz. Nada poderá escapar de um buraco negro, nem mesmo a radiação luminosa.
Para uma dada massa M, o raior R dentro do qual a massa deverá estar compactada para se tornar um buraco negro, denominado raio Schwarzshild, é dado por
R = 2G M / cv22
onde G é a constante gravitacional e c é a velocidade da luz.
De acordo com a cosmologia de grandes números de Dirac, existem cerca de 2.1078 núcleons no universo (24). Com uma massa de 1,67.10-24g por núcleon, isso leva à massa total de 3.1054g para o universo. O raio Schwarzshild do universo com essa massa é igual a cerca de 500 milhões de anos-luz, muito menor do que o raio aceito para o universo. Para salvarmos a cosmologia do “big bang”, deveremos crer que o universo escapou para fora de seu próprio raio Schwarzshild ou que a física dos buracos negros não funciona para o universo?
Além disso, se aceitarmos a massa ausente como estando acima e além da massa da cosmologia de Dirac, dando-nos assim um fator de 500 para jogarmos com ele, poderíamos concluir algo sobre a idade do universo?
Em conexão com nossa discussão sobre os buracos negros, deveríamos fazer menção a alguns desenvolvimentos recentes no campo. Há evidências crescentes de que quasars, núcleos Seyfert e os núcleos das galáxias normais estão todos relacionados entre si, e representam mais ou menos um contínuo de estados ou características. Os núcleos são considerados como sendo objetos super-maciços. Objetos com massa superior a 6 massas solares são definidos como super-maciços, mas no caso trata-se de núcleos com massas centenas de milhares, até milhões, de vezes superiores à do Sol. Se for demonstrado ser esse o caso, então a observação de Varshni causará um impacto violento, pois a centralidade da Terra não poderá ser removida por qualquer desenvolvimento futuro, como por exemplo a demonstração de uma ligação aparente entre os núcleos das galáxias normais e os quasars (25).
Consideramos somente uns poucos dos problemas fundamentais que os evolucionistas modernamente enfrentam em sua luta para se manter dentro de seu naturalismo ateísta – seu modelo “bang! Você está vivo!” Muito do que foi considerado aqui ficará superado dentro dos próximos anos, pois essa é a natureza da ciência. Apesar de tudo, historicamente, a ciência de hoje é a superstição de amanhã, especialmente numa época em que uma teoria é considerada “frutífera” se levantar mais questões do que respostas. À luz de nosso estudo, pareceria que o “big bang” é uma superstição, e está destituído de qualquer base factual. Na realidade ele se baseia em algumas das hipóteses menos compreendidas, mais especulativas, e menos examinadas jamais adotadas pelo ser humano. Sem dúvida, ele constitui uma “falsamente chamada ciência”. (I Timóteo 6:20)

Via Filosofia das Origens
Referências
  1. Dicke, R. H. 1969. Gravitation and the universe. Philadelphia: American Philosophical Society, p. 62.
  2. Reinhardt, M. 1971, “The primaeval magnetic field and antimatter”. Astrophysical Letters, 8(4):181-182.
  3. Zel-dovich, Ya. B., 1970. “Particle production in cosmology”, JETP Lett. 12(9):307-311.
  4. Muller, R. A., 1978. “The cosmic background radiation and the new aether drift”. Scientific American, 238(5):64-74.
  5. Jones, B. J. T., 1976. “The origin of galaxies: a review of recent theoretical developments and their confrontation with observation”. Reviews of Modern Physics, 48(1):107-149.
  6. Fenelly, A. J., 1980. “Magnetohydrodynamic solution to the problem of the origin of the galaxies in an expanding universe”. Physical Review Letters, 44(14):955-958.
  7. Soufe. Y., M. Fujimoto, e K. Kawabata, 1968. “Faraday rotation by metagalactic field”. Astronomical Society of Japan, 20(4):388-394. Ver também Reinhardt, M., 1972. “Interpretation of rotation measures of radio sources”. Astronomy and Astrophysics, 19(1):104-108.
  8. Muller, Op. cit.
  9. Arp. H., 1970. “Distribution of quasistellar radio sourcers on the sky”. Astronomical Journal, 75(1):1-12. Também em 1971. “Observational paradoxes in extragalactic astronomy”. Science, 174(4015):1189-1200.
  10. Arp. H., 1978. “NGC 1199”. Astronomy 6(1):15.
  11. Bouw, G. D., 1977. “Galaxie clusters and the mass anomaly”. Creation Research Society Quarterly, 14(2):108-112.
  12. Bouw, G. D., 1977. “The rotation-curve of the Virgo cluster of galaxies”. Creation Research Society Quarterly, 14(1):17-24. O Dr. Bouw não conseguiu evidências favoráveis à otação no enorme grupamento de galácias.
  13. Hanes, D. A., 1979. “A new determination of the Hubble constant”. Monthly Notices of the Royal Astronomical Society. 188(3):901-909.
  14. Hoyle, F., 1975. Astronomy and cosmology. San Francisco, W. H. Freeman and Co., pp. 574-577.
  15. Browne, J. C., and B. L. Berman, 1976. “Neutron-capture cross sections for 186 Os and 187 Os and age of the universe”. Nature, 262(5565):197-199.
  16. Akridge. G. R., 1979. “The expansion of the universe: a study of the initial conditions”. Creation Research Society Quartely, 16(3):176-181.
  17. Varshni, Y. P., 1976. “The red shift hypothesis for quasars: is the Earth the center of the universe?” Astrophysics and Space Science, 43(1):3-8.
  18. Ibid., p. 8.
  19. Ibid., p. 4. “Varshni’s figure of the 3.10-85 for the probability is in error and should be 3.10-87.
  20. Burbidge, G., 1971. “Was there really a big bang?” Nature, 233(5314):36-40.
  21. Hoyle, F., N. E. Wichramasinghe, and N. C. Reddish, 1968. “Solid hydrogen and the microwave background.” Nature, 218(5147):1124-1126.
  22. Clayton, D. D., 1969. “The origin of the elements”. Physics Today, 22(5):28-36.
  23. Hoyle. F., 1975. Op. cit., pp. 401-402.
  24. Roxburgh, I. W., 1977. (in) The encyclopedia of ignorance, R. Duncan and M. Weston-Smith, eds., New York, Pergamon Press, p. 39.
  25. De acordo com a teoria atual, massas de objetos estelares superiores a 60 massa solares, e até 5.4 105 massas solares, atingindo então um total de cerca de mais de 75.105 sóis, todos eles terminarão como buracos negros. Essa teoria ignora um “fato” teórico bem conhecido, a saber, que as estrelas acima de 6 massas solares não se contraem homologamente. Pelo contrário, essas estrelas (deixando de lado o problema do início do colapso em primeiro lugar) entram em colapso somente até um certo ponto além do qual elas não podem se contrair, fase durante a qual matéria deveria estar sendo atraída pela estrela que assim tem sua massa aumentada. Em seguida a estrela “explode” ou “regorgita”, perdendo massa. Esse regorgitamento é seguido por um período de nova atração de matéria pela estrela, repetindo-se novamente o ciclo. Dentre todas as teorias evolucionistas existentes, esta é a melhor para explicar a aparente continuidade desde o núcleo da galáxia até o quasar. Do ponto de vista criacionista isso tem duas conseqüências: primeiro, diminui o problema da energia necessária para a manutenção dos quasars durante 107 anos, pois a nova teoria os torna apenas fenômenos periódicos; e segundo, fornece aos criacionistas um espectro completo em um só modelo, já que o modelo não necessita ter nada a ver com o tempo, e portanto com a evolução. Esse comportamento por parte dos núcleos galácticos é independente deles terem evoluído ou não. Existem problemas com essa nova teoria, que são os mesmos enfrentados pelos entusiastas dos buracos negros com os modelos dos discos de acreção. Há também algum questionamento quanto ao fato de qualquer matéria regorgitada pela estrela supermaciça poder ou não voltar à sua superfície em uma escala de tempo curto em face de 107 anos. Entretanto a maioria desses problemas existe também para os evolucionistas. Finalmente, essa teoria evita os buracos negros, pois ela indica que estrelas supermaciças não entrarão em colapso final formando buracos negros. Os buracos negros, se na realidade existirem, deverão ser originados de outra forma. 

BURACOS NEGROS
Em 1783, o astrônomo John Michell sugeriu que a gravidade também poderá atuar sobre a luz. Nessa época, estava em vigor a teoria de que a luz era formada de partículas ou corpúsculos e aceitou-se que algumas estrelas poderiam ser tão grandes que a “velocidade da luz”, o que impediria que aquelas partículas escapassem para o espaço. Para um observador na Terra, essa estrela seria invisível contra o fundo escuro do espaço, e portanto seria “vista” como um “buraco negro”.
Essa concepção foi considerada muito improvável quando passou a ser aceita a teoria ondulatória da luz, em substituição à teoria corpuscular.
Entretanto, com o surgimento da teoria da relatividade geral, de Einstein, foi aceita a possibilidade do encurvamento dos raios luminosos nas imediações de objetos de grande massa, pelo efeito da gravidade. Essa possibilidade tornou-se uma certeza pelas observações feitas por ocasião do eclipse total do Sol em 1919, inclusive por uma equipe de pesquisadores que esteve no Brasil, em Sobral, no Ceará.
Assim, o que hoje se designa como “buraco negro” é um corpo com massa suficiente para atrair toda a matéria ao seu redor, acelerando-a a velocidades enormes, de maneira a formar um “disco de acreção” constituída por matéria em rotação ao redor do seu núcleo, “aspirando-a” com enorme velocidade até seu desaparecimento, o que ocasionaria simultaneamente a emissão de enorme quantidade de Raios-X.
A densidade extrema de um corpo como esse criaria um intenso Campo gravitacional, de tal forma que o espaço ao seu redor seria tão curvo que o seu interior ficaria isolado do espaço exterior, não deixando nada escapar para fora.

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