terça-feira, 30 de agosto de 2016

QUATRO LEPROSOS SALVAM UMA NAÇÃO



II Reis 7:9 - “Então, disseram uns para os outros: Não fazemos bem; este dia é dia de boas-novas, e nós nos calamos”.

CONTEXTO LOCAL
Qual é o contexto deste verso?
Façamos uma viagem no túnel do tempo. Estamos em 850 A.C., no reinado de Jorão em Israel, que vive uma situação dramática: 
Por muitas vezes Eliseu pôde prever o plano do rei da Síria de atacar Israel. O profeta alerta o rei de Israel sobre cada ameaça.
O rei da Síria descobre que Eliseu está alertando previamente o rei de Israel, então envia seu exército para prender o profeta.
Quando os servos de Eliseu vêem o exército sírio cercando-os, ficam temerosos. Eliseu assegura aos seus servos de que seu exército é maior do que o dos sírios e pede que o Senhor abra os olhos de seus servos.
Os servos então enxergam um grande exército de cavalos e carros de fogo ao redor deles.
Conforme os soldados sírios se aproximavam, Eliseu ora ao Senhor e pede que os cegue, e Deus assim faz. Eliseu guia os líderes á cidade de Samaria, e quando o rei de Israel pergunta se pode matar os sírios, Eliseu responde que não. E diz ao rei que os alimente e os envie de volta para casa, e ele assim faz.
Mais tarde, os sírios voltam e finalmente sitiam Samaria. As condições dentro de Samaria ficam terríveis: uma grande fome leva o povo a comer cabeça de jumento com esterco de pombas (6:25); o desespero amplia e o conduz para um canibalismo inominável (6:26-29); crianças estavam servindo de alimento, e as mães disputavam uma os filhos das outras.  Diante do caos o rei de Israel concentra sua indignação no alvo errado – o profeta Eliseu e o Senhor (6:30-33).
Eliseu faz, então, uma profecia dupla: 
Haverá comida suficiente para a cidade atingida pela fome dentro de 24 horas;
O oficial do rei que duvidou da primeira profecia de Eliseu nada comerá.

O foco do texto  concentra-se agora na porta de Samaria onde estão quatro homens marcados: 
1. Pela mesma limitação física (4:3 “homens leprosos”); 
2. Pela segregação (v. 3; Lv 13:46; Nm 5:1-4; 12:4-5 “estavam à entrada da porta”);  
3. Pela inquietação da morte iminente (v. 3 “... para que estaremos nós aqui sentados até morrermos?”); 
4. Pela esperança e ousadia (v. 4 “...vamos, pois, agora, se nos deixarem viver, viveremos.....) – diante de três opções claras de morte, insistiram em sonhar com a vida; 
5. Pela unidade – sofrem juntos, refletem juntos, sonham juntos e agirão sempre juntos.....

Sem dúvida o restante dos homens leprosos haviam morrido de fome. Estes quatro homens estavam em situação especialmente difícil. Eles não poderiam entrar em suas casas na cidade de Samaria por causa de sua lepra e eles não podiam ir muito longe da cidade que estava cercada pelo exército sírio. Percebendo que também iria morrer em breve eles decidiram ir ao encontro do exército sírio e esperar por misericórdia, porém preparados para a morte.

II Reis 7:3-9pp
O historiador judeu Josefo nos diz que um desses quatro leprosos era Geazi, o ex-funcionário da Eliseu, que recebeu a lepra de Naamã, o comandante sírio, por ser ganancioso. Pode ter sido ele aquele que se sentiu culpado pela acumulação e disse: “Este é um dia de boas notícias, e retemos conosco a paz?”
Entenderam que a felicidade era tanta que não podiam conter somente para eles. Precisavam divulgar a boa-nova. 
Em tempo de crise, esperar por uma solução pode ser um modo equivocado de crer, mas agir de acordo com a evidência do poder de Deus é a revelação da verdadeira fé que triunfa em meio à crise.
Enquanto o povo lamentava a crise, quatro pessoas marginalizadas correram em busca da solução. 
Há um ditado que diz: “Enquanto alguns choram, outros vendem lenços”. Esta foi a atitude dos leprosos em meio á crise.


CHAMADO
No contexto de 2 Reis 7, Deus não curou os leprosos da terrível lepra, mas proveu através deles o alimento para uma sitiada cidade onde as mais violentas cenas estavam ocorrendo. 
Os leprosos, na medida que usufruíam das benesses da salvação miraculosa, foram sendo tomados por um sentimento:
- de culpa (“não fazemos bem”), - V. 9 
- de omissão (“este é o dia de boas-novas e nós nos calamos”), 
- de urgência (“se esperarmos até à luz da manhã, seremos tido por culpados”), 
- de decisão (“agora, pois, vamos e o anunciemos à casa do Rei”). 
Assim, foram à cidade e deram o grande brado de vitória aos porteiros (v. 10), que comunicaram ao rei (v. 11) que a princípio ficou ressabiado, mas depois acabou tendo que admitir que Deus fizera mesmo um grande milagre (v. 12-15). 
Deus poderia ter usado o Rei, o sacerdote ou até mesmo o profeta para anunciar a boa nova da salvação, mas preferiu usar quatro inexpressivos e rejeitados leprosos, ensinando-nos que a tarefa da proclamação deve ser feita por todos aqueles que já experimentaram o poder do livramento do Senhor, independentemente de cultura, status, importância, projeção, riqueza, fama, reconhecimento ou qualquer outro valor humano! CADA UM SALVANDO UM. Ninguém está fora deste desafio.
Deus pode resolver qualquer tipo de problema, por meio de qualquer tipo de pessoa, usando qualquer tipo de método que se case bem com os propósitos divinos. Mesmo aqueles aparentemente não tão qualificados para a obra que se pretende realizar. 
        
        Enviar leprosos para prover comida? 
        Pense: Quem comeria alguma coisa das mãos de leprosos? Quem acreditaria em homens nessa condição? A incapacidade dos leprosos era evidente. Mesmo assim foram úteis.
Outros personagens bíblicos também se sentiram limitados para a obra que Deus designou para eles. Eram leprosos interiormente:
        - Moisés gaguejava
        - Jeremias se sentia uma criança; 
- Abraão se julgava velho;
- Jacó era inseguro;
- Jonas era um homem relutante;
- Pedro era impulsivo;
- Marta era estressada com as coisas do dia a dia;
- Tomé era um homem atolado em dúvidas;
- Paulo tinha problemas com sua saúde;
- Timóteo era tímido.

Mas todos cumpriram sua missão, assim como os leprosos.
        O limite de nossas forças é a oportunidade de Deus. 

DESAFIOS ATUAIS
À exemplos dos personagens bíblicos e dos leprosos no passado, a igreja hoje possui alguns desafios:
1. Não nos conformarmos com a situação – nem da igreja nem do mundo. Rom. 12:2 EGW: Débil e defeituosa... / militante em triunfante
2. Tomar uma decisão de mudança de atitude –Os leprosos se levantaram ao crepúsculo para irem ao arraial dos Sírios – 2 Reis 7:5 – Adventistas da promessa. Foram promessa, são promessa e sempre serão promessa. 
3. Disposição em ser mártires da fé. V. 4 “se nos deixarem viver, viveremos, e se nos matarem, tão-somente morreremos”. Ester.
4. Crer em milagres. V 5 e 6. Deus já havia vencido a guerra por eles. Deus venceu a guerra contra Jericó, Deus venceu a guerra por Gideão e os 300 soldados.
5. Cada um salvando um - A revolução começa com uma pessoa, mas precisa ser partilhada a outros. Alguém tem que ser o primeiro.
Três vezes a expressão “disseram uns aos outros” é mencionada nesta história:
- V. 3 – Os leprosos disseram uns aos outros – um deles começou e mobilizou os outros três.
- V. 6 – Os sírios disseram uns aos outros – Deus fragilizando os inimigos.
- V. 9 – Os leprosos disseram uns aos outros – senso de missão. 

No verso 3 os leprosos estavam preocupados com a vida deles, mas no verso 9 estavam preocupados com a vida dos seus semelhantes.
V.3 – Comunhão – alimento para eles
V.9 – Missão – alimento para os outros

        Os leprosos contaram aos porteiros, os porteiros contaram ao rei, o rei contou aos mensageiros, os mensageiros contaram o que viram ao rei, e o rei contou ao povo que havia uma cidade aberta para eles, com alimentos e com salvação.
 “Mas graças a Deus, que sempre nos conduz vitoriosamente em Cristo” (II Cor. 2:14, NVI)
Fome em Samaria era prenúncio de grande calamidade nacional. Fome no mundo é prenúncio de calamidade global. Fome na Igreja é anúncio de algo ainda mais terrível 

        Deus está ainda disposto a colocar seus recursos a disposição das pessoas que desejam evangelizar. A Palavra de Deus ainda é o recurso disponível.  Quando Ele fala as coisas acontecem. Quando Ele age a realidade deixa de ser sombra, clarifica a vida (2Tm 3:16-17). 
        Deus é quem habilita o crente para a ação, mesmo que ele não veja tudo claro diante de si.  
Quando Moisés alegou incapacidade, Deus lhe respondeu “eu serei contigo” (Ex 3:12).  Quando alegou falta de eloqüência Ele respondeu “eu serei com tua boca” (Ex 4:12).  
        Quando Gideão pensou em desistir Deus lhe disse: “eu serei contigo e ferirás os midianitas” (Jz 6:15-16).  
        Quando Jeremias quis esquivar-se, Deus aquietou seus temores dizendo: “Eu estarei contigo para te livrar” (Jr 1:8).  
        E quando Paulo percebeu perplexo o gigantismo da obra a realizar perguntou: “Quem é idôneo?” (2Co 2:16) Deus imediatamente o levou a ver que a “nossa capacidade vem de Deus” (2Co 3:5). 

Ef 3:20.  “Aquele que é poderoso para fazer infinitamente mais do que tudo quanto pedimos ou pensamos conforme o Seu poder que opera em nós” 
Ele quer realizar muito mais através de nós do que aquilo que temos feito. Por isso “não podemos nos calar, pois hoje é dia de boas novas” (1Rs 7:9). 
        “Muitos a quem Deus capacita para fazer trabalho excelente, pouco conseguem, porque pouco empreendem” (White, SC, 101). 
Há terras ainda para serem conquistadas. Há membros ainda para serem envolvidos. Há estrada ainda para ser percorrida. Ainda não chegamos ao topo do monte Sião com os milhares que Deus no-lO dará.
Mais adiante a serva do Senhor adverte: “Pessoas de pouco talento, se forem fiéis em guardar o coração no amor de Deus, podem ganhar muitas almas para Cristo” (SC, 101).        
Na realidade Deus se chega a nós pelo Espírito Santo e é esse ministério do Espírito que sacode a missão na direção certa convencendo homens e mulheres a viverem a altura do seu chamado.  Não são homens que executam a obra de Deus que recebem os mérito pelo sucesso, mas é o Espírito que se adianta e fortalece a missão com acerto. Mesmo usando pessoas não tão bem qualificadas.

PREOCUPAÇÃO
Mas, antes de terminar, preciso lembrar um personagem preocupante mencionado na história. Contrastando os leprosos que tinham tudo para se esquivar e acabaram se tornando os protagonistas humanos de uma incrível vitória, aparece por outro lado um líder incrédulo.
Após o profeta anunciar que em 24 horas a crise passaria...
V. 2 - O oficial, em cujo braço o rei estava se apoiando, disse ao homem de Deus: "Ainda que o Senhor abrisse as comportas do céu, será que isso poderia acontecer?”
V. 19 – final triste...

CONCLUSÃO
        Ao a IASD completar 170 anos, é hora para uma reflexão. Não apenas como igreja, mas sobretudo como pessoa, como membros. Estamos nós mantendo a chama com a mesma intensidade com que os pioneiros da igreja mantiveram?
        Ap 2:2-5: “abandonastes o teu primeiro amor”. Repetir a primeira experiência com Cristo é renovar os velhos votos que distinguem o crente em Cristo do descrente.  Não há como desconsiderar o primeiro momento de nossa conversão, fruto da convicção do Espírito. 
         
Chegamos ao clímax da história humana.  As grandes catástrofes que marcaram substantivamente a vida da humanidade por décadas como as duas grandes guerras, já fazem parte da triste história da humanidade. Milhões morreram com a idéia de tornar o mundo melhor.  Pereceram com esse ideal.  O século 20 se foi. Neste tempo a Igreja Adventista se tornou um espetáculo à vista pelo crescimento agigantado que a caracterizou. Foram 170 anos de luta.  
170 anos se passaram, e o que nos motiva ainda é pertinente. A razão de nossa fé triunfa em meio à crise seja ela qual for. 
“Não podemos temer o futuro a não ser que nos esqueçamos da maneira como o Senhor tem guiado Seu povo até aqui”, parafraseando Ellen G. White.  
A batalha cristã é a única guerra que é ganha por rendição. É depois de entregar tudo a Jesus que ganhamos a vitória. “Pois quem quiser salvar a sua vida, a perderá; mas quem perder a sua vida por minha causa e pelo evangelho, a salvará. Pois, que adianta ao homem ganhar o mundo inteiro e perder a sua alma?” (Marcos 8:35-36, NVI).
Nós não podemos ter plena posse do evangelho a menos que o entreguemos. Estamos cercados por aqueles que estão morrendo de fome de algumas migalhas do pão da vida. Sim, o Senhor usou o mais fraco dos fracos para levar a boa notícia para aquela cidade faminta e ele pode te usar também para compartilhar o evangelho com seus amigos famintos.

Se quatro leprosos puderam salvar uma nação, seria demais desafiar cada membro a salvar pelo menos uma alma por ano?
Se a mensagem dos leprosos chegou até o rei, seria demais esperar que a mensagem de Deus chegue através de nós aos nossos amigos, familiares e vizinhos?
Se Deus venceu a batalha pelos israelitas, seria demais acreditar que Ele possa vencer a batalha pelos adventistas?

Vamos, irmãos. Esqueçamos a lepra da indiferença, da comodidade, da mornidão. Subamos e contemos ao mundo que há uma cidade preparada com uma ceia para todos nós. São as bodas do cordeiro. Há ouro, prata e vestes nos aguardando lá também.
Só assim, lá em cima poderemos dizer uns aos outros: Nós fizemos bem. Anunciamos as boas novas. Não nos calamos.
Que Deus nos abençoe para que este testemunho aconteça o quanto antes.


Por Marlinton Lopes

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