terça-feira, 5 de julho de 2016

O Casamento de José com Maria – Mateus 1:18




Leia e Compreenda Melhor a Bíblia, de Pedro Apolinário.

“Ora, o nascimento de Jesus Cristo foi assim: estando Maria, Sua mãe, desposada com José, sem que tivessem antes coabitado, achou-se grávida pelo Espírito Santo”.

A Bíblia de Jerusalém assim o traduz:

“A origem de Jesus Cristo foi assim: Maria Sua mãe, comprometida em casamento com José, antes que coabitassem, achou-se grávida pelo Espírito Santo”.

Esta mesma Bíblia traz a seguinte nota para este verso:

“Trata-se de um compromisso de casamento, isto é, de um noivado, mas o noivado judaico era um compromisso tão real que o noivo já se dizia ‘marido’ e não podia desfazê-lo senão por um repúdio”.

Em última análise, o problema com esta passagem é o seguinte: Traduções antigas apresentavam os pais de Jesus como sendo casados, porém, hoje, traduções mais afinadas com o original não o fazem. O verbo grego mnesteuo significa: pedir em casamento, noivar, estar comprometido; refere-se ao prévio contrato de casamento.

Broadus, em seu Comentário do Evangelho de Mateus, pág. 64, escreveu: “Desde o momento que se faziam noivos, cada uma das partes se achava legalmente ligada à outra, podendo ser chamados marido e mulher”.

As palavras do Comentário Bíblico Adventista sobre Mateus 1:18 são precisas e trazem luz para a solução do problema:

“O noivado constituía um relacionamento legal, um pacto tão solene que apenas poderia ser desfeito por processos legais, isto é, pelo divórcio”.

Entre os judeus, uma moça noiva era chamada de esposa, e como tal era tratada. O período que ia do noivado às bodas, propriamente ditas, era mais ou menos de um ano, quando o jovem casal deixava a casa dos pais para viver juntos (Gênesis 24:55; Juízes14:8; Deuteronômio 20:7). A quebra do sétimo mandamento, neste período, por qualquer um dos noivos, era adultério e a união só poderia ser desfeita através do divórcio.

A noiva, se ela fosse culpada, como parecia no caso de Maria, aos olhos de José devia ser apedrejada (Deuteronômio 22:23-24). Mas José podia legalmente escolher dois caminhos, de acordo com as leis do Velho Testamento:

1º) Expor a sua noiva à vergonha pública, acusando-a de adúltera (Deuteronômio 22:21) para depois ser apedrejada.

2º) Desquitando-se “secretamente”, sem mencionar na carta de desquite as razões para sua atitude.

Mateus, no verso 19, apresenta José como justo, mas, apesar disso, não queria viver com uma mulher que lhe tinha sido infiel, pensava ele; mesmo assim, por ser de coração magnânimo, não queria a sua morte. Por essa razão intentou deixá-la secretamente; ou optou pela segunda alternativa, que não foi consumada porque a intervenção divina fez com que o problema fosse solucionado (Mateus 1:20).

A palavra que aparece traduzida por infamar ou difamar do verso 19 é a forma verbal grega “deigmatisai” – que significa fazê-la um espetáculo (público). Há manuscritos gregos que trazem “paradeigmatisai” – fazê-la um exemplo.

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