domingo, 13 de março de 2016

Que Tratamento Jesus Dispensava a Maria? – João 2:4


“Disse-lhe Jesus: Mulher, que tenho Eu contigo? Ainda não é chegada a Minha hora”.

Do relato das bodas em Caná da Galileia, o verso 4 tem preocupado sobremaneira os comentaristas e os leitores da Bíblia, porque muitos concluem que a resposta de Cristo ao pedido de Maria não era cortês.

Os estudiosos da Palavra de Deus são quase unânimes em declararem que um dos nubentes era parente de Maria, devido ao seu procedimento em preocupar-se com a falta de vinho e também ao transmitir ordens aos criados.

Outros, familiarizados com os costumes dos judeus, nos informam que a provisão de vinho para a festa devia ser um presente dos convidados, especialmente dos familiares (Mario Veloso, Comentário do Evangelho de João, pág. 73).

Como Cristo não havia trazido um presente, Maria achou que era seu dever ajudar naquela emergência.

João 2:4, traduzido literalmente, significa: “Disse-lhe Jesus, Mulher, o que a ti e a Mim? Ainda não tem vindo a Minha hora”. Estas duas afirmações têm levado os comentaristas a apresentarem muitas sugestões visando equacioná-las de conformidade com as diretrizes divinas.

Para os protestantes a resposta de Cristo à sua mãe é um subsídio valioso para combater a mariolatria. O tratamento de “mulher” tem levado a muitos a afirmarem que Cristo não tinha Sua mãe em tão grande conceito como defende a igreja de Roma. João 19:26 e o procedimento de Cristo em todas as circunstâncias nos levam a fazer a seguinte afirmação: Jamais deveria passar pela nossa mente que Jesus usasse a palavra mãe em sentido pejorativo ou que faltasse ao respeito para com Maria. O costume da época e a índole da língua hebraica nos esclarecem que “mulher” era um título respeitoso.

As seguintes autoridades neotestamentárias são esclarecedoras:

a) De acordo com a Gramática de Robertson, pág. 539, há nesta frase uma expressão idiomática, significando, coloquialmente, mais ou menos o seguinte: ‘Não se importe com esta questão, que ela não nos diz respeito’.

b) Adam Clarke, comentando a declaração de Cristo, afirma: “Há aqui uma negação inesperada, como se Ele tivesse dito: Nós não somos empregados para providenciar as coisas necessárias para esta festa; este assunto pertence aos outros, que deveriam ter feito uma provisão adequada e suficiente para as pessoas que eles convidaram”.

c) Apesar da atitude de Cristo ser cortês, ela é firme, e inegavelmente encerra uma censura. Jesus não permitiria que de agora em diante seus familiares interferissem em Seu ministério. Não poderia ser tutelado por Maria desde que Sua missão era divina. As passagens de João 7:1-10; Marcos 3:33-35 e Lucas 2:49 nos mostram que Cristo não permitia que os familiares interviessem em Suas decisões.

Vincent, sempre muito feliz em suas sínteses, declara: “Embora de forma gentil e afetuosa, Jesus rejeitou a interferência dela, tencionando dar solução ao problema à Sua própria maneira” (Word Studies in the New Testament, vol. 2, pág. 80).

d) A Bíblia de Jerusalém apresenta a seguinte nota a este verso: “Literalmente ‘Que tenho Eu e tu com isso?’, semitismo bem frequente no Antigo Testamento (Juízes 11:12; 2Samuel 16:10; 19:23; 1Reis 17:18; etc.) e no Novo Testamento (Mateus 8:29; Marcos 1:24; 5:7; Lucas 4:34; 8:28). É empregado para rejeitar uma intervenção que se julga inoportuna ou, então, para demonstrar a alguém que não se deseja relacionamento algum com ele. Somente o contexto poderá indicar a nuança exata. Aqui, Jesus objeta a Sua mãe que ‘Sua hora ainda não chegou'”.

Todo este comentário poderia ser sintetizado com esta frase: O nome “mulher” era um título respeitoso em hebraico.

Livro: Leia e Compreenda Melhor a Bíblia, de Pedro Apolinário.

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