terça-feira, 19 de janeiro de 2016

A ética e as leis nos tratamentos de fertilização



Entrevista com o Pastor Manuel Andrade (Associação Paulista Leste das Igrejas Adventistas)

“A perpetuação da família humana é um dos propósitos de Deus para a sexualidade humana.” (Gen.1:28)

A publicação do livro La Venida Del Mesias en Gloria y Majestad, impresso em 1812, agitou os meios religiosos e foi a precursora da ideia de que Jesus voltaria uma segunda vez. Entre as décadas de 1850 e 1860, nasce a Igreja Adventista do Sétimo Dia, concomitantemente nos Estados Unidos e Europa. O termo adventista é uma referência à crença no advento, segunda vinda de Jesus. No início do século passado, o movimento alastrou-se no seio das igrejas evangélicas, com atenção especial ao estudo da Bíblia, tanto do Novo como do Velho Testamento. Surgiu também a compreensão do dia do repouso bíblico de acordo com Êxodo 20, bem como o relato do Velho Testamento, confirmado por nosso Senhor Jesus Cristo no Novo Testamento.

A observância do quarto mandamento da lei de Deus como uma homenagem semanal ao criador e ao salvador que vai voltar à Terra caracterizou também essa nova igreja. No Brasil, a mensagem Adventista chegou por meio de impressos que ingressaram nas colônias de imigrantes alemães e austríacos, nos Estados de Santa Catarina, São Paulo e Espírito Santo. Após a leitura de “Der Grosse Kampt” (O Grande Conflito), que descreve a história universal sob os enfoques religioso e bíblico, dando, além do vislumbre do passado, uma projeção quanto ao futuro, em termos proféticos, tendo como base especialmente os livros de Daniel e Apocalipse, o jovem Guillerme Stein Jr, resolveu unir-se à igreja Adventista do Sétimo dia, tendo sido batizado no Brasil em 1985, nas proximidades de Piracicaba, São Paulo. Pesquisas mostram que hoje existem cerca de um 1,5 milhão de guardadores do santo sábado que congregam na igreja adventista no Brasil, o que representa pouco menos de 1% da população nacional (mais de 180 milhões, segundo dados do IBGE). No mundo existem cerca de 16 milhões de pessoas que se uniram à Igreja Adventista. Aproximadamente 2.800 novos adventistas são batizados diariamente. Este número indica que há um adventista para cada 425 pessoas no planeta. Os números deste ano refletem uma auditoria feita na divisão Sul Americana que resultou no declínio de mais de 300 mil membros. Entre 2003 e 2005, a Divisão Southern Asia-Pacific também perdeu 400 mil membros. Os padrões de crescimento da igreja indicam que a maior parte do aumento ocorreu em sociedades não-ocidentais. Cerca de 89% aconteceu em seis das 13 regiões do mundo: América do Sul, América Central, East-Central Africa, South Africa- Indian Ocean, Southern Asia e Southern Asia-Pacific.

A África e a América Latina são os continentes onde residem cerca de 70% dos membros da igreja. E ainda: 18% residem na Ásia, 7% na América do Norte e 5% na Europa e Oceania. Firmes em suas doutrinas, os adventistas têm com base os princípios de uma família tradicional regrada aos bons costumes. Para eles, o amor tem o propósito de oferecer e não de receber. Baseados nos escritos do livro Cânticos dos Cânticos da Bíblia, não repudiam o ato sexual como um pecado. Ciente de que a intenção de uma família feliz e completa pode ser interrompida por algum problema natural do homem ou da mulher, o Pastor Manuel Andrade acredita que os recursos hoje disponíveis pela medicina da reprodução podem e devem ser utilizados pelos casais que de algum modo enfrentam dificuldade para engravidar. Ele apenas observa que o tratamento deve ser programado dentro do casamento e sem consequências para o corpo, de acordo com os princípios bíblicos. Essa seria mais uma opção além da fé na providência divina.

O Pastor cita Gênesis: “a perpetuação da família humana é um dos propósitos de Deus para a sexualidade humana – Gen.1:28”, ao discorrer sua opinião sobre algumas técnicas da reprodução assistida. Ele afirma que desde que o casal esteja em comum acordo e com orientação médica, o coito programado é uma técnica aceita pela Igreja Adventista. Ainda nessa mesma linha de pensamento está de acordo com a inseminação artificial.

Em sua opinião, a fertilização in vitro é também um tratamento científico sério, aprovado pela medicina e respeitado pela Igreja Adventista. Sua única ressalva está no envolvimento de uma terceira pessoa (barriga de aluguel), para que se evitem problemas de caráter moral. Ele se mostra favorável ao congelamento de óvulos e embriões, baseado na liberdade de escolha que Deus nos deu, cabendo aos casais o uso responsável dela, e volta a declarar que tal técnica deve ter acompanhamento médico responsável e de qualidade. Já quando o assunto é a doação de sêmen, óvulos e embriões, por questões morais, uma vez que a criança gerada nessas circunstâncias manteria características biológicas de seus doadores, o Pastor não está de acordo com sua utilização. Novamente foi citada a liberdade de escolha, mas que neste caso esbarra na questão moral. Para ele a escolha de métodos para a procriação deve ter limites.


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