sexta-feira, 14 de agosto de 2015

Para que serve um pai?


Para o menino, ele é o espelho; para a menina, o porto seguro
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Uma pesquisa da Universidade de Connecticut (EUA) mostrou que, em caso de rejeição, a influência do pai é a que mais tem impacto sobre a personalidade do filho. Créditos da imagem ilustrativa: Fotolia

A chegada de um filho muda completamente a vida de um casal. Não é só em termos de rotina ou gastos que isso acontece, mas principalmente na dinâmica psíquica do relacionamento, pois precisa haver espaço para mais um. Quando bem acomodada a essas mudanças, a nova família pode exercitar a flexibilidade e afetividade necessárias para a saúde mental do casal e da criança. Nesse contexto, faz muita diferença se o pai for uma figura presente e singular.

O pai pode participar de tudo. É um grande erro quando os pais se omitem ou as mães os excluem da educação do filho. Pai e mãe têm papéis distintos, mas complementares. A mãe representa o conforto; o pai, a lei e a ruptura desse conforto para ajudar o filho a internalizar limites e reconhecer a si mesmo como alguém diferente. À mãe cabe ajudar na formação da identidade, afetividade e vínculo. Ao pai cabe ensinar como se relacionar com outros e quando neles confiar.

Para um menino, o pai funciona como um espelho. Observando o pai o menino aprende a ser homem. E mesmo que não aprove o jeito do pai, muito provavelmente vai ser mais parecido com ele do que imagina. A forma pela qual o pai trata a mãe também influenciará a maneira pela qual esse garoto tratará sua futura companheira. O pai ajuda na formação da identidade sexual masculina, pois quando brinca com o filho com as coisas de “menino” – bola, lutinhas, carro – está desenvolvendo no filho uma identificação com um mundo que a mãe não pode oferecer em sua totalidade.

Para uma menina, o pai diz muito sobre a importância que ela tem como pessoa e futura mulher. O pai ensina valorização à garota. E sempre que essa garotinha sentir segurança e aceitação incondicional no amor desse pai estarão sendo lançadas as bases para a escolha de um parceiro que a respeite e ame. Não precisará mendigar o amor de um homem se aprendeu do afeto de um pai que a ama pelo que ela é.
No contato do dia a dia, o pai transmite valores e crenças. Sempre que tiver atitudes coerentes com esses princípios, o filho aprenderá. Por outro lado, nada é mais nocivo do que a incoerência. Às vezes, na frente dos outros, parece ser amoroso e adequado, mas em casa é crítico e explosivo. Além de revoltar os filhos, será exatamente dessa forma que eles o tratarão no futuro.

O pai precisa motivar a criança. Sempre dizer algo que seja positivo na construção de sua personalidade. Ninguém muda para melhor se sentido mal com as críticas. O pai deve indicar os pontos em que o filho precisa melhorar, mas não deve reforçar os erros com frases do tipo: “você não tem jeito mesmo”, “nunca vai mudar”, “não adianta eu falar” ou “já cansei de dizer”.

Uma pesquisa da Universidade de Connecticut (EUA) demonstrou que, no caso de haver rejeição, a influência do pai na personalidade do filho pode ser mais impactante do que a da mãe. O estudo revisou 36 trabalhos diferentes com mais de 10 mil pessoas em todo o mundo. Os pesquisadores concluíram que crianças rejeitadas pelo pai sentem mais ansiedade e insegurança, tornando-se mais agressivas e hostis.
Muitas vezes, em caso de morte ou em situações cujo convívio não mais é possível, os filhos sofrem com a falta do pai. Nesses casos, a mãe precisa conciliar carinho e limites. É saudável a proximidade com outro modelo masculino que tenha condutas positivas – avô, tio, padrinho ou irmão mais velho.
Uma coisa é certa: se você é pai, pode se considerar privilegiado. Muitos gostariam de ser pais e não podem. Aproveite cada momento com seu filho – abrace, beije, brinque, toque e elogie. Lance boas sementes e colha os frutos duradouros do companheirismo, respeito, amizade e amor. Acredite, o tempo dessa semeadura é breve e, se você deixá-lo passar, nunca colherá nada. E vai perder o melhor de tudo: seu filho.

TALITA BORGES CASTELÃO é psicóloga clínica, sexóloga e doutora em Ciências

Via Revista Adventista

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