sábado, 3 de novembro de 2012

Pregação de Cristo aos “espíritos em prisão”



Quais são os significados destas citações de Pedro sobre Jesus , em 1 Pedro 3:18 b – 20? Entre as várias interpretações, está a de que Noé foi incumbido por Cristo de pregar aos ímpios de sua época. Outra afirma que Cristo, entre Sua morte e ressurreição, pregou aos mortos ímpios pré-diluvianos. Afinal, qual interpretação tem base bíblica?

Nesse texto, a parte que traz dificuldade de interpretação é: “Pois também Cristo…, morto, sim, na carne, mas vivificado no espírito, no qual também foi e pregou aos espíritos em prisão” (I Pe 3:18-19).

Entre as várias interpretações, uma é comum aos católicos e evangélicos: Cristo, entre Sua morte e ressurreição, teria ido ao Hades pregar a espíritos. Para os que crêem na imortalidade da alma, o Hades seria um lugar intermediário para onde supostamente vão os espíritos desincorporados. Essa interpretação não tem base bíblica pelas seguintes razões:

1. Com a morte, encerra-se o tempo de preparo para a salvação. O passo seguinte após a morte é o juízo: “E, assim como aos homens está ordenado morrerem uma só vez, vindo, depois disto, o juízo…” (Hb 9:27). O tempo de preparo para a vida eterna é “hoje” e “agora”: ‘Assim, pois, como diz o Espírito Santo: Hoje, se ouvirdes a Sua voz, não endureçais o vosso coração” (Hb 3:7,8); “Porque Ele diz: Eu te ouvi no tempo da oportunidade e te socorri no dia da salvação; eis, agora, o tempo sobremodo oportuno, eis, agora, o dia da salvação” (2Co 6:2).

2. Os mortos não podem ouvir a pregação do evangelho; tampouco podem aceitá-lo, pois viraram pó: “… até que tornes à terra, pois dela foste formado; porque tu és pó e ao pó tornarás” (Gn 3:19). Como conseqüência disso, quem morreu não têm consciência: “Sai-lhes o espírito, e eles tornam ao pó; nesse mesmo dia, perecem todos os seus desígnios” (SI 146:4); “Os mortos não louvam ao Senhor, nem os que descem à região do silêncio” (Sl 115:17); “… os mortos não sabem coisa nenhuma…; a sua memória jaz no esquecimento…; porque no além, para onde tu vais, não há obra, nem projetos, nem conhecimento, nem sabedoria alguma” (Ec 9:5,10).

A própria Bíblia e o contexto de 1 Pedro 3:18-21 nos ajudam a entender o texto em questão:

1. Jesus foi “vivificado no espírito” (1 Pe 3:18). Pelo original grego, podemos também traduzir essa frase como: ”Vivificado pelo Espírito” Ou seja, o Espírito Santo participou na ressurreição de Cristo (ver Rm 8:11).

2. “No qual também foi e pregou aos espíritos em prisão.” A expressão “no qual” se refere ao Espírito Santo, mencionado na parte final de 1 Pe 3:18. Então, Jesus, através do Espírito Santo, pregou a esses “espíritos em prisão”. No entanto, o elemento humano usado pelo Espírito Santo foi Noé (ver IPe 3:20). A menção a esse patriarca fornece a pista para se saber em que tempo foi feita essa pregação.

3. A pregação se deu, não no período entre a morte e a ressurreição de Cristo, mas “nos dias de Noé” (3:20), isto é, no tempo anterior ao Dilúvio, “enquanto se preparava a arca” (3:20).

4. Quem seriam esses “espíritos” aos quais foi feita a pregação? O próprio contexto nos esclarece: foram os “desobedientes nos dias de Noé, enquanto se preparava a arca” (3:20). Ou seja, a pregação foi feita aos antediluvianos, e não a espíritos desincorporados no Hades. A parte final de 3:20 nos esclarece que “poucos, a saber, oito pessoas, foram salvos” A palavra “pessoas” aqui, é psychai (psychê significa “alma, vida, pessoa, criatura”). Então, vê-se que os oito “espíritos” que foram salvos são as oito pessoas da família de Noé (ele, a esposa, três filhos e três noras).

5. E qual seria a “prisão” mencionada em 1 Pedro 3:19? A Bíblia nos diz que a prisão é o pecado: “Tira a minha alma do cárcere, para que eu dê graças ao Teu nome…” (Sl 142:7); “Quanto ao perverso, as suas iniquidades o prenderão, e com as cordas do seu pecado será detido” (Pv 5:22). É digno de nota que um dos atos do Messias seria ”tirar da prisão o cativo e do cárcere, os que jazem em trevas” (Is 42:7). E isso foi feito por Jesus, para todos aqueles que O aceitaram como Salvador. Portanto, podemos concluir dizendo que o texto de 1 Pedro 3:18-20 afirma que Jesus, através da atuação do Espírito Santo em Noé, pregou aos antediluvianos, mas somente oito deles (Noé e sua
família) aceitaram a pregação e foram salvos.

Está você aproveitando o dia de hoje, o presente momento, para entregar sua vida ao Senhor Jesus, para que esteja a salvo quando vier o dilúvio de fogo? Não se esqueça de que “hoje” é o dia da salvação, ”agora” é o momento oportuno.

Por Ozeas C. Moura, editor na Casa Publicadora Brasileira. 

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