segunda-feira, 27 de fevereiro de 2012

Ao Vencedor … Não Mais a Morte

 

I – Introdução: “Quem tem ouvidos, ouça o que o Espírito diz às igrejas. O que vencer, de modo algum sofrerá o dano da segunda morte.” Apocalipse 2:11. A esta animosa segunda promessa poderíamos acrescentar (Leia aqui a 1º Promessa) “Sê fiel até a morte, e dar-te-ei a coroa da vida” Apoc. 2:10.
Estas palavras são grandemente confortantes para pessoas que sofreram e sofrem por causa do evangelho eterno em diferentes lugares e em diversas épocas. Como elas foram importantes para João, para os crentes deste período sombrio e para nós hoje que sofremos algum tipo de perseguição.
II – O que elas significaram para João.
A) No caso de João elas não poderiam ser mais alentadoras, pois ele ainda lamentava as tristes mortes de seus amigos de missão. É bem provável que ele soubera que Tiago tinha sido apedrejado por ordem do rei Herodes, no ano 44 d.c, e ainda que tinham-lhe batido com paus até a morte. Sobre André, que tinha sido crucificado na África, Marcos pisoteado e arrastado pela multidão, Mateus esfaqueado na Etiópia, Simão, o Zelote, martirizado pelo Imperador Trajano. Felipe, enforcado, Tomé, morto na Índia, Pedro: crucificado de cabeça para baixo. Lucas também enforcado. Paulo, decapitado, Estevão, apedrejado. Os poderes dos homens e do inferno torturam e mataram um após outro, com barbaridade e desprezo.
B) “De seu sofrimento muitas vezes se fazia a principal diversão nas festas públicas. Vastas multidões reuniam-se para observar o espetáculo e saudavam as aflições de sua agonia com riso e aplauso.” O grande Conflito, pág.40. Diante de tudo isso João recebe as inefáveis Palavras de Seu Cristo, “… O que vencer de modo algum sofrerá o dano da segunda morte”. Cristo está dizendo para João que eles não tinham morrido em vão, que seu sofrimento jamais se repetiria, que a primeira morte ninguém deve temer, pois para o cristão, ela significa apenas um abrir e fechar de olhos, e quando abrir ele estará face a face com o seu Mestre (I Tess. 4:16-18).

III – O que elas significaram para os cristãos primitivos.

A) Para os jovens cristãos primitivos que estavam sofrendo um dos períodos mais sangrentos da história da Igreja e para aqueles que um mar de sangue tinha invadido a praia de sua esperança, estas palavras soaram como motivação. Não importavam se seus corpos fossem cobertos de pele animais para depois serem jogados aos cães e leões, não importavam se prendessem seu corpo em cima de uma fogueira para depois atear fogo, não importava se seus filhos fossem estraçalhados pelas feras diante de seus olhos. A promessa de viver eternamente com o seu mestre e não mais passar pela morte, era impulso derradeiro para negarem a si mesmo, enfrentar com admirável coragem as dores das brutais mortes e ter em seus lábios um cântico de louvor na hora de seu martírio. Nenhum cristão era afogado ou queimado senão depois de ter passado pelas torturas mais atrozes.
B) Imagine como estas palavras, “O que vencer de modo algum sofrerá o dano da segunda morte”, soaram como sinfonia aos seus ouvidos. Eles que não só enfretaram as tragédias pessoais, mas também as coletivas. Pois, têm-se noticias de várias delas, numa vez, por exemplo, a Igreja de Nicomédia foi cercada pelos pagãos em plena noite de Natal, à hora do culto, eles amontoaram lenhas e palhas e tocaram fogo, matando aproximadamente 14.000 cristãos. Na Frigia, uma cidade inteira de oito para dez mil habitantes foi incendiada com seu governador, seus professores e seus habitantes que se tinham declarado cristãos. Escravos cristãos eram lançados ao mar com uma pedra no pescoço. Genocídios e carnificinas se reproduziram na Mauritânia, na Mesopotâmia, na Cicília, na Arábia, África e em Antioquia.
Tolices e monstruosidades foram cometidas com a finalidade de destruir os cristãos, mas, “eles o venceram pelo sangue do Cordeiro e pela palavra do seu testemunho; e não amaram as suas vidas até a morte.” Apoc. 12:11.
C) Uma das poucas histórias de martírio, detalhadamente registrada, deste período é a história de Policarpo.
Policarpo, foi um dos maiores e mais abnegados discípulos de João, principal pastor da Igreja de Esmirna. Ele foi amigo e mestre de Irineu. Chegou até mesmo a conhecer Inácio, ambos, pais da Igreja.
Nem sempre o significado do nome de uma pessoa reflete fidedignamente a vida dela, contudo no caso de Policarpo, que significa muitos frutos, a pessoa dele faz jus a seu nome, pois testemunhos da época apontam-no como homem consagrado e cheio do Espírito Santo (Gál. 5:22-26).
Policarpo combateu veementemente o docetismo (doutrina que afirma que Jesus não veio em carne, mas como espírito) e muitas outras heresias que tentaram solapar as doutrinas puras da Igreja.
Mas, por mais irônico que seja, é na sua morte que ele escreve o capítulo mais bonito de sua vida.
Policarpo foi levado à arena, lugar dos jogos olímpicos, um dos maiores teatros abertos da Ásia Menor, parte de cuja construção permanece de pé até hoje.
Foi lhe ordenado que se retratasse e que abandonasse a Cristo, dando sua lealdade ao imperador romano, como se fora Deus. Foi-lhe ordenado que jurasse pelo “gênio” de César, confessando assim a divindade do Imperador, e desta forma insultando a Cristo. A isto respondeu Policarpo: “Há oitenta e seis anos que O sirvo e nunca me fez mal algum. Como poderia blasfemar meu Rei e Salvador?”.
Foi-lhe ordenado que dissesse: “Fora com os ateus”, isto é, com os cristãos. A isto ele fez, mas fazendo um gesto largo com a mão, indicando a população hostil das arquibancadas, composta de pagãos e com os olhos voltados para o céu ele gritou: “Morte aos ateus”.
Insistindo o procônsul para que ele fizesse o juramento pela fortuna de César, replicou Policarpo: “Se esperas, em vão, que vá jurar pela fortuna de César, simulando ignorar quem sou, ouve o que te digo com franqueza: eu sou cristão! Se, por acaso, quiseres aprender a doutrina do Cristianismo, concede-mo o prazo de um dia e presta a atenção!”.
Quando foi ameaçado a ser lançado às feras, Policarpo respondeu: “Faze-as vir”, e continuou “impossível para nós uma conversão do melhor ao pior; o bom é passar dos males à justiça”.
Não convencido ainda da fidelidade de Policarpo, o procônsul insistiu: “Se não te convertes, se desprezas as feras, eu te farei consumir pelo fogo. Policarpo respondeu: “Ameaças com o fogo, que arde com um momento e logo se apaga. Não conheces o fogo do Juízo que há de vir e da justiça eterna onde serão queimados os inimigos de Deus. Mas, que esperas ainda? Dá a sentença que te apraz.
Não tendo com o que mais intimidar Policarpo, só restou àquele tribunal espúrio queimá-lo vivo.
Policarpo escolheu ser um mártir como tantos outros. E aí, na altura deste sermão você deve estar se perguntando, o que isto tem haver comigo, eu vivo no país livre, não existe nenhum tribunal de inquisição erguido, não existem tropas nas ruas perseguindo os cristãos, ou leis de restrição às religiões, nem muito menos decretos de mortes contra nenhum tipo de seita ou igreja.
No tempo de passageira liberdade que vivemos esta parece ser uma realidade distante de nós, difícil até mesmo de se imaginar passando por ela. Contudo, existem pelo menos duas razões para pararmos e refletimos sobre ela.
IV – O que a morte significa para nós?
A) Quando falamos de martírio vem em nossa mente logo a palavra morte, mas esta palavra inicialmente significava apenas “dar testemunho”, já no Novo Testamento a palavra “mártir” designa uma testemunha (Mat 18:16; Luc. 24:48; At. 1:08) que pode ou não, morrer pelo seu testemunho (At. 22:20; Apoc. 2:13; 17:06). A igreja primitiva reconhecia tanto mártires vivos quanto mortos, acrescentando assim uma segunda dimensão à definição de mártir, e aqui está uma das principais razões para refletimos sobre a história dos mártires, não existem somente mártires mortos, mas existem mártires vivos. Aí do seu lado pode estar sentado um jovem ou uma jovem que está resistindo uma provação ou perseguição. Que tem tido suas notas prejudicadas por se recusar a desonrar o dia do Senhor, porque não querer ceder os encantos da fama passageira. Que tem enfrentado com espírito cristão, pais, parentes ou amigos para vir a igreja, que tem ganhado menos, mas, tem sido honesto e respeitado. Que prefere estar fora de moda a quebrar os princípios da modéstia cristã, que tem perdido o namorado ou a namorada, mas, não tem perdido a honra, que tem perdido a admiração de seus professores, mas não tem perdido a fé, sim cada um deles tem sido UM MÁRTIR.
“Se alguém vem a Mim, e não aborrece a seu pai, e mãe, e mulher, e filhos, e irmãos, e irmãs e ainda a sua própria vida, não pode ser Meu discípulo.” (Luc. 14:26).
B) Mervin Maxwell, no seu livro Uma Nova Era Segundo As Profecias do Apocalipse, apresenta brilhantemente, as características dos jovens mártires dos últimos dias.
I Capacidade para tomar decisões, para fazer o que é correto sob qualquer custo, para não amar a própria vida “mesmo em face da morte” (Apoc. 12:11).
II Força para resistir a feroz pressão, mesmo quando o mundo inteiro estiver seguindo a besta (Apoc.13:03).
III Habilidade para distinguir a verdade do erro, mesmo quando os enganos de anticristo forem tão persuasivos que chegarão quase a iludir os próprios escolhidos (S. Mat. 24:24).
IV Paciência e perseverança (Apoc. 14:12).
V Uma convicção quanto a valores que coloque o serviço e a vida eterna acima do direito de comprar e vender (Apoc. 13:17) e de fazer a própria vontade aqui e agora.
VI Experiência prática na adoração a Deus (Apoc. 14:6,7).
VII A habilidade de expressar fé em palavras pois o povo de Deus, incluindo evidentemente os jovens, deverá constituir os canais da verdade em relação a outros (Apoc. 22:17), e esse mesmo povo deverá triunfar sobre Satanás pela “palavra do testemunho” que der ao mundo (Apoc. 12:11).
A segunda razão nos é bastante óbvia, esta liberdade de culto e expressão, tempo de perseguição, angústia como nunca houve cairá sobre o povo de Deus, e se nós não começarmos ser fiéis nas pequenas coisas do presente como suportaremos as pressões das maiores quando elas chegarem. Deus que nos purificar com presente fogo das provações para não ter que enfrentarmos o terrível fogo do juízo.
V – Conclusão.
A) A morte é um inimigo derrotado, é um gigante que está lutando, porém, sem cabeça. A cabeça da morte já foi esmagada por Cristo na Cruz do Calvário.
B) Ser um jovem fiel e consagrado agora te dará suporte para o breve futuro. Se vencermos hoje, amanhã e depois de amanhã, ficaremos tão acostumados as vitórias que não teremos outra coisa a fazer do que vencer sempre. Deus não salvará ninguém que não esteja disposto a carregar a sua cruz, mas todo aquele que quiser ser um vencedor, tome a sua cruz e o siga, porque certamente Ele o colocará em seus braços e o peso não causará desconforto, é como nós cantamos: pode cair o mundo, estou em paz!

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