quarta-feira, 16 de novembro de 2011

Os anjos na era patriarcal

Abraão


Deus conferiu grande honra a Abraão. Anjos do Céu andavam e falavam com ele como faz um amigo a outro. — Patriarcas e Profetas, 138.


O Senhor comunicou Sua vontade a Abraão mediante os anjos. Cristo apareceu diante dele e deu-lhe um distinto conhecimento dos requisitos da lei moral, e da grande salvação que seria levada a cabo por Seu intermédio. — The Review and Herald, 29 de Abril de 1875.


Depois do nascimento de Ismael, o Senhor manifestou-Se outra vez a Abraão e disse: “Estabelecerei o Meu concerto entre Mim e ti e a tua semente depois de ti em suas gerações, por concerto perpétuo.” Gênesis 17:7. Outra vez o Senhor repetiu por intermédio de Seu anjo a promessa de dar um filho a Sara, e que ela seria mãe de muitas nações. — The Spirit of Prophecy 1:96.


Quando juízos estavam para cair sobre Sodoma, este fato não lhe foi oculto e ele se tornou intercessor junto a Deus pelos pecadores. Sua entrevista com os anjos apresenta também um belo exemplo de hospitalidade.


Na hora de maior calor de um dia de verão, o patriarca estava assentado à porta de sua tenda, olhando para a silenciosa paisagem, quando viu a distância três viajantes aproximando-se. Antes que chegassem à sua tenda, os estranhos pararam, como que consultando a respeito de seu caminho. Sem esperar que pedissem qualquer favor, Abraão levantou-se rápido e, quando aparentemente estavam a tomar outra direção, foi apressado após eles, e com a maior cortesia insistiu que o honrassem, detendo-se um pouco para revigorar as forças. Com as próprias mãos trouxe água para que lavassem de seus pés o pó da viagem. Ele mesmo escolheu o alimento, e, enquanto estavam a descansar à fresca sombra, preparou-se a refeição, e respeitosamente permaneceu-lhes ao lado enquanto participavam de sua hospitalidade. …


Abraão vira em seus hóspedes apenas três viajantes cansados, mal supondo que entre eles estava Um, a quem poderia adorar sem pecado. Mas o verdadeiro caráter dos mensageiros celestiais foi agora revelado. Se bem que estivessem a caminho como ministros da ira, contudo a Abraão, o homem da fé, falaram a princípio de bênçãos. …


Abraão tinha honrado a Deus, e o Senhor o honrou, dando-lhe parte em Seus conselhos e revelando-lhe Seus propósitos. … O Senhor bem sabia a medida do delito de Sodoma; exprimiu-Se, porém, segundo a maneira dos homens, para que a justiça de Seu trato pudesse ser compreendida. Antes de trazer o juízo sobre os transgressores, Ele próprio iria proceder a um exame de sua conduta; se não houvessem passado os limites da misericórdia divina, conceder-lhes-ia tempo para se arrependerem. — Patriarcas e Profetas, 138, 139.


A destruição de Sodoma e Gomorra


Dois dos mensageiros celestes partiram, deixando Abraão só com Aquele que agora soube ser o Filho de Deus. … Com profunda reverência e humildade insistiu em seu rogo: “Eis que, agora, me atrevi a falar ao Senhor, ainda que sou pó e cinza.” Gênesis 18:27. … Achegou-se ao mensageiro celeste, e instou fervorosamente com a sua petição. Conquanto Ló se tornasse morador em Sodoma, não participava da iniqüidade de seus habitantes. Abraão julgava que naquela populosa cidade deveria haver outros adoradores do verdadeiro Deus. E em vista disto rogou ele: “Longe de Ti que faças tal coisa, que mates o justo com o ímpio; … longe de Ti seja. Não faria justiça o Juiz de toda a Terra?” Gênesis 18:25. Abraão não pediu simplesmente uma vez, mas muitas vezes. Tornando-se mais ousado, ao serem satisfeitos os seus pedidos, continuou até obter certeza de que, se mesmo dez pessoas justas pudessem achar-se nela, a cidade seria poupada. — Patriarcas e Profetas, 139, 140.


Dois anjos visitam Ló


Ao entardecer, dois estrangeiros se aproximaram da porta da cidade. Eram aparentemente viajantes, vindo para pernoitarem. Ninguém poderia discernir naqueles humildes viajantes os poderosos arautos do juízo divino, e mal sonhava a multidão alegre e descuidada que, em seu tratamento a esses mensageiros celestiais naquela mesma noite, atingiriam o auge do crime que condenou sua orgulhosa cidade. Houve, porém, um homem que manifestou amável atenção para com os estranhos, e os convidou para sua casa. Ló não sabia do verdadeiro caráter deles, mas a polidez e a hospitalidade eram nele habituais. — Patriarcas e Profetas, 158.


Os anjos revelaram a Ló o objetivo de sua missão: “Nós vamos destruir este lugar, porque o seu clamor tem engrossado diante da face do Senhor, e o Senhor nos enviou a destruí-lo.” Gênesis 19:13. Os estranhos que Ló se esforçara por proteger, prometeram agora protegê-lo, e salvar também todos os membros de sua família que com ele fugissem da ímpia cidade. … Ló foi avisar seus filhos. Repetiu as palavras dos anjos: “Levantai-vos; saí deste lugar, porque o Senhor há de destruir a cidade.” Gênesis 19:14. Mas ele lhes pareceu como quem zombava. …


Ló voltou triste para casa, e contou a história de seu insucesso. Então os anjos o mandaram levantar-se, e tomar a esposa e duas filhas que ainda estavam em casa, e deixar a cidade. … Pasmo pela tristeza, demorava-se, relutante em partir. Não fossem os anjos de Deus, todos teriam perecido na ruína de Sodoma. Os mensageiros celestiais tomaram pela mão a ele, sua esposa e filhas, e os levaram fora da cidade.


Ali os anjos os deixaram, e voltaram a Sodoma para cumprirem sua obra de destruição. Um outro — Aquele com quem Abraão estivera a pleitear — aproximou-Se de Ló. …


O Príncipe do Céu estava a seu lado, contudo rogava ele pela sua vida como se Deus, que manifestara tal cuidado e amor para com ele, não mais o guardasse. Deveria ter-se confiado inteiramente ao Mensageiro divino, entregando sua vontade e sua vida nas mãos do Senhor, sem duvidar ou discutir. Mas, semelhante a tantos outros, esforçou-se por fazer planos por si. …


De novo foi dada a ordem solene de apressar-se, pois a terrível tormenta demorar-se-ia apenas um pouco mais. Mas um dos fugitivos [a esposa de Ló] aventurou-se a lançar um olhar para trás, para a cidade condenada, e se tornou um monumento do juízo de Deus. — Patriarcas e Profetas, 159-161.
Abraão é provado


Quando Abraão tinha quase cem anos de idade, a promessa de um filho foi-lhe repetida, com a informação de que o futuro herdeiro seria filho de Sara. … O nascimento de Isaque, trazendo a realização de suas mais caras esperanças, após uma espera da duração de uma vida, encheu de alegria as tendas de Abraão e Sara. …


Sara viu na disposição turbulenta de Ismael uma fonte perpétua de discórdias, e apelou para Abraão, insistindo que Hagar e Ismael fossem despedidos do acampamento. O patriarca foi lançado em grande angústia. Como poderia banir a Ismael, seu filho, ainda ternamente amado? Em sua perplexidade rogou a orientação divina. O Senhor, por meio de um santo anjo, determinou-lhe satisfazer o desejo de Sara. … E o anjo lhe fez a promessa consoladora de que, ainda que separado do lar de seu pai, Ismael não seria abandonado por Deus; sua vida seria preservada, e ele se tornaria o pai de uma grande nação. Abraão obedeceu à palavra do anjo, mas não sem uma dor aguda. — Patriarcas e Profetas, 146, 147.


Deus havia chamado Abraão para ser o pai dos fiéis, e sua vida devia ser um exemplo de fé para as gerações subseqüentes. Mas sua fé não tinha sido perfeita. … Para que atingisse a mais elevada norma, Deus o sujeitou a outra prova, a mais severa que o homem jamais foi chamado a suportar. Em uma visão da noite foi-lhe determinado que se dirigisse à terra de Moriá, e ali oferecesse seu filho em holocausto sobre um monte que lhe seria mostrado. …


A ordem foi expressa em palavras que deveriam ter contorcido angustiosamente aquele coração de pai: “Toma agora o teu filho, o teu único filho, Isaque, a quem amas, … e oferece-o ali em holocausto.” Gênesis 22:2. Isaque era-lhe a luz do lar, a consolação da velhice, e acima de tudo o herdeiro da bênção prometida. …


Satanás estava a postos para sugerir que ele devia estar enganado, pois que a lei divina ordena: “Não matarás” (Êxodo 20:13), e Deus não exigiria o que uma vez proibira. Saindo ao lado de sua tenda, Abraão olhou para o calmo resplendor do céu sem nuvens, e lembrou-se da promessa feita quase cinquenta anos antes, de que sua semente seria numerosa como as estrelas. Se esta promessa devia cumprir-se por meio de Isaque, como poderia ele ser morto? Abraão foi tentado a crer que poderia estar iludido. … Lembrou-se dos anjos enviados para revelar-lhe o propósito de Deus de destruir Sodoma, e que lhe trouxeram a promessa deste mesmo filho Isaque, e foi para o lugar em que várias vezes encontrara os mensageiros celestiais, esperando encontrá-los outra vez, e receber algumas instruções mais; mas nenhum veio em seu socorro. — Patriarcas e Profetas, 147, 148.


Durante todo o dia esperou que um anjo viesse abençoá-lo e confortá-lo ou, talvez, revogar o mandado divino, mas nenhum mensageiro de misericórdia apareceu. … Um segundo longo dia encerrou-se, outra noite sem dormir é gasta em humilhação e prece, e começa a jornada do terceiro dia. — The Signs of the Times, 1 de Abril de 1875.


No lugar indicado construíram o altar, e sobre o mesmo colocaram a lenha. Então, com voz trêmula, Abraão desvendou a seu filho a mensagem divina. Foi com terror e espanto que Isaque soube de sua sorte; mas não opôs resistência. … Era participante da fé de Abraão, e sentia-se honrado sendo chamado a dar a vida em oferta a Deus. …


E agora as últimas palavras de amor são proferidas, as últimas lágrimas derramadas, o último abraço dado. O pai levanta o cutelo para matar o filho, quando o braço subitamente lhe é detido. Um anjo de Deus chama do Céu o patriarca: “Abraão, Abraão!” Ele rapidamente responde: “Eis-me aqui.” Gênesis 22:11. E de novo se ouve a voz: “Não estendas a tua mão sobre o moço e não lhe faças nada; porquanto agora sei que temes a Deus e não Me negaste o teu filho, o teu único.” Gênesis 22:12. …


Deus deu Seu Filho a uma morte de angústia e ignomínia. Aos anjos que testemunharam a humilhação e angústia de alma do Filho de Deus, não foi permitido intervirem, como no caso de Isaque. Não houve nenhuma voz a clamar: “Basta.” A fim de salvar a raça decaída, o Rei da glória rendeu a vida. …


Seres celestiais foram testemunhas daquela cena em que a fé de Abraão e a submissão de Isaque foram provadas. … O Céu inteiro contemplava com espanto e admiração a estrita obediência de Abraão. O Céu todo aplaudiu sua fidelidade. As acusações de Satanás demonstraram-se falsas. …


Tinha sido difícil, mesmo para os anjos, apreender o mistério da redenção, isto é, compreender que o Comandante do Céu, o Filho de Deus, devia morrer pelo homem culposo. Quando foi dada a Abraão a ordem para oferecer seu filho, isto assegurou o interesse de todos os entes celestiais. Com ânsia intensa, observavam cada passo no cumprimento daquela ordem. Quando à pergunta de Isaque — “Onde está o cordeiro para o holocausto?” Abraão respondeu: “Deus proverá para Si o cordeiro” (Gênesis 22:7, 8), e quando a mão do pai foi detida estando a ponto de matar seu filho, e fora oferecido o cordeiro que Deus provera em lugar de Isaque, derramou-se então luz sobre o mistério da redenção, e mesmo os anjos compreenderam mais claramente a maravilhosa providência que Deus tomara para a salvação do homem. — Patriarcas e Profetas, 152, 154, 155.


O casamento de Isaque


No espírito de Abraão, a escolha de uma esposa para seu filho era assunto de muita importância; estava desejoso de que ele se casasse com uma que não o afastasse de Deus. …


Isaque, confiando na sabedoria e afeição de seu pai, estava satisfeito com a entrega desta questão a ele, crendo também que o próprio Deus dirigiria na escolha a fazer-se. Os pensamentos do patriarca volveram para os parentes de seu pai, na terra de Mesopotâmia. … Abraão confiou este importante assunto “ao seu servo, o mais velho” [Eliézer] (Gênesis 24:2), homem de piedade, experiência, e juízo são, que lhe havia prestado prolongado e fiel serviço. … “O Senhor, Deus dos Céus”, disse ele, “que me tomou da casa de meu pai e da terra da minha parentela, … enviará o Seu anjo adiante da tua face.” Gênesis 24:7.


O mensageiro partiu sem demora. … Chegando a Harã, “a cidade de Naor” (Gênesis 24:10), parou fora dos muros, perto do poço aonde vinham as mulheres do lugar, à tarde, a buscar água. … Lembrando-se das palavras de Abraão, de que Deus enviaria com ele o Seu anjo, orou fervorosamente pedindo uma direção positiva. Na família de seu senhor ele estava acostumado ao exercício constante da bondade e hospitalidade, e agora pediu que um ato de cortesia indicasse a jovem que Deus escolhera.


Apenas proferira a oração, e a resposta fora dada. Entre as mulheres que estavam reunidas junto ao poço, as maneiras corteses de uma [Rebeca] atraíram sua atenção. Retirando-se ela do poço, o estranho foi ao seu encontro, pedindo um pouco de água do cântaro sobre os seus ombros. O pedido recebeu amável resposta, juntamente com um oferecimento para tirar água para os camelos também, serviço este que era costume mesmo às filhas dos príncipes fazerem para os rebanhos e gado de seus pais. Assim foi dado o sinal desejado. …


Abraão morava em Berseba, e Isaque, que estivera cuidando dos rebanhos nos territórios circunvizinhos, voltara à tenda de seu pai a fim de esperar a chegada do mensageiro, de Harã. “E Isaque saíra a orar no campo, sobre a tarde. … E o servo contou a Isaque todas as coisas que fizera. E Isaque trouxe-a para a tenda de sua mãe, Sara, e tomou a Rebeca, e foi-lhe por mulher, e amou-a.” Gênesis 24:63, 66, 67. — Patriarcas e Profetas, 171-173.


Jacó e Esaú


Jacó e Esaú, os filhos gêmeos de Isaque, apresentam um notável contraste, tanto no caráter como na vida. Esta dessemelhança foi predita pelo anjo de Deus antes de seu nascimento. Quando em resposta à aflita oração de Rebeca, ele declarou que dois filhos lhe seriam dados, revelou-lhe a história futura dos mesmos, de que cada um se tornaria a cabeça de uma poderosa nação, mas que um seria maior do que o outro, e que o mais novo teria preeminência. …


Isaque… declarou que Esaú, como o mais velho, era o que tinha direito à primogenitura. Esaú, porém, não tinha amor à devoção nem inclinação para uma vida religiosa. … Rebeca lembrava-se das palavras do anjo, e… estava convicta de que a herança da promessa divina destinava-se a Jacó. Ela repetia a Isaque as palavras do anjo; mas as afeições do pai centralizavam-se no filho mais velho, e ele era inabalável em seu propósito. — Patriarcas e Profetas, 177, 178.


Jacó soubera por sua mãe da indicação divina de que a primogenitura lhe recairia, e encheu-se de um indescritível desejo de obter os privilégios que a mesma conferia. Não era a posse da riqueza de seu pai o que ele desejava ansiosamente; a primogenitura espiritual era o objeto de seu anelo. …


Quando Esaú, um dia, voltando da caça desfalecido e cansado, pediu o alimento que Jacó estava preparando, este… ofereceu-se para matar a fome de seu irmão pelo preço da primogenitura. “Eis que estou a ponto de morrer”, exclamou o caçador descuidado e condescendente consigo mesmo, “e para que me servirá logo a primogenitura?” Gênesis 25:32. E por um prato de guisado vermelho desfez-se de sua primogenitura. …


Jacó e Rebeca foram bem-sucedidos em seu propósito, mas ganharam apenas inquietações e tristeza por seu engano. Deus declarara que Jacó receberia a primogenitura, e Sua palavra ter-se-ia cumprido ao tempo que Lhe aprouvesse, se tivessem pela fé esperado por Ele a fim de operar em favor deles. …


Ameaçado de morte pela ira de Esaú, Jacó saiu da casa de seu pai como fugitivo. … A noite do dia seguinte encontrou-o longe das tendas de seu pai. Sentia-se como um rejeitado; e sabia que toda esta inquietação fora trazida sobre ele pelo seu próprio procedimento errado. As trevas do desespero oprimiam-lhe a alma, e atrevia-se dificilmente a orar. Mas achava-se tão completamente só que sentiu necessidade da proteção de Deus, como nunca antes a sentira. Com pranto e profunda humilhação confessou seu pecado, e rogou uma prova de que ele não estava inteiramente abandonado. …


Mas Deus não abandonou Jacó. … O Senhor, com compaixão, revelou precisamente o que Jacó necessitava — um Salvador. … Cansado da jornada, o viajante deitou-se no chão, tendo uma pedra como travesseiro. Dormindo, viu uma escada, brilhante e resplendente, cuja base repousava na terra, enquanto o topo alcançava o Céu. Por esta escada, anjos estavam a subir e a descer; por sobre ela estava o Senhor da glória, e dos Céus foi ouvida a Sua voz: “Eu sou o Senhor, o Deus de Abraão, teu pai, e o Deus de Isaque.” Gênesis 28:13. …


Nesta visão o plano da redenção foi apresentado a Jacó. … A escada representa Jesus, o meio designado para a comunicação. Não houvesse Ele com Seus próprios méritos estabelecido uma passagem através do abismo que o pecado efetuou, e os anjos ministradores não podiam ter comunhão com o homem decaído. …


Com uma fé nova e permanente nas promessas divinas e certo da presença e guarda dos anjos celestiais, Jacó prosseguiu em sua jornada para a “terra dos filhos do Oriente”. Gênesis 29:1. — Patriarcas e Profetas, 178-180, 183, 184, 188.


Se bem que Jacó houvesse saído de Padã-Arã em obediência à instrução divina, não foi sem muitos pressentimentos que repassou a estrada que havia palmilhado como fugitivo vinte anos antes. Seu pecado por ter enganado seu pai estava sempre diante dele. … Aproximando-se mais do fim de sua viagem, a lembrança de Esaú trouxe muitos pressentimentos perturbadores. … De novo o Senhor concedeu a Jacó um sinal do cuidado divino. — Patriarcas e Profetas, 195.


Quando Jacó prosseguiu viagem, os anjos de Deus o encontraram. Ao vê-los, disse ele: “Este é o acampamento de Deus.” Gênesis 32:2. Num sonho observou os anjos de Deus acampados à sua volta. — Spiritual Gifts 3:127.


Diretamente diante de si, como que mostrando o caminho, Jacó observou dois exércitos de anjos celestiais em marcha, servindo de guia e guarda; vendo-os, irrompeu ele em linguagem de louvor, exclamando: “Este é o acampamento de Deus.” Gênesis 32:2. Chamou àquele lugar de Maanaim, que significa dois exércitos ou acampamentos. — The Signs of the Times, 20 de Novembro de 1879.


Todavia Jacó entendeu que tinha algo a fazer para conseguir sua própria segurança. Expediu, portanto, mensageiros com uma saudação conciliatória a seu irmão. … Mas os servos voltaram com as novas de que Esaú se aproximava com quatrocentos homens, e resposta alguma se enviava à amigável mensagem. … “Jacó temeu muito e angustiou-se.” Gênesis 32:7. … Em conformidade com isto dividiu-os [sua família e servos] em dois bandos, de modo que se um fosse atacado o outro poderia ter oportunidade de escapar. …


Tinham agora chegado até o rio Jaboque, e, ao sobrevir a noite, Jacó enviou sua família através do vau do rio, enquanto ele ficou só, atrás. Decidíra-se a passar a noite em oração, e desejou estar a sós com Deus. …


Subitamente uma mão forte foi posta sobre ele. Julgou que um inimigo estivesse a procurar sua vida, e esforçou-se por desvencilhar-se dos punhos do assaltante. Nas trevas os dois lutaram pelo predomínio. Nenhuma palavra se falou, porém Jacó empregou toda a força, e não afrouxou seus esforços nem por um momento. Enquanto estava assim a batalhar em defesa de sua vida, a intuição de sua falta lhe oprimia a alma; seus pecados levantavam-se diante dele para o separarem de Deus. Mas, em sua terrível situação, lembrou-se das promessas de Deus, e todo o coração se lhe externou em petições pela Sua misericórdia. A luta continuou até perto do romper do dia, quando o estranho colocou o dedo à coxa de Jacó, e este ficou manco instantaneamente. O patriarca discerniu então o caráter de seu antagonista. Soube que estivera em conflito com um mensageiro celestial, e por isto foi que seu esforço quase sobre-humano não ganhara a vitória. — Patriarcas e Profetas, 195-197.


Aquele que lutou com Jacó é identificado como “homem”. Oséias chama-O de Anjo. Mas Jacó afirmou: “Vi a Deus face a face.” Gênesis 32:30. Também é dito que o patriarca lutou com Deus. Era a Majestade do Céu, o Anjo do concerto, quem apareceu a Jacó na forma e aparência de homem. — The Signs of the Times, 20 de Novembro de 1879.


Era Cristo, o “Anjo do concerto”, que Se havia revelado a Jacó. O patriarca estava agora inválido, e sofria a mais cruciante dor, mas não O quis largar. … Tinha de ter a certeza de que seu pecado estava perdoado. … O Anjo experimentou livrar-Se; insistiu: “Deixa-Me ir, porque já a alva subiu”; mas Jacó respondeu: “Não Te deixarei ir, se me não abençoares.” Gênesis 32:26. Tivesse sido isto uma confiança vangloriosa e presumida, e Jacó teria sido instantaneamente destruído; mas sua confiança era daquele que confessa sua própria indignidade, e, contudo, confia na fidelidade de um Deus que guarda o concerto. Jacó “lutou com o Anjo e prevaleceu”. Oséias 12:4. …


Enquanto Jacó estava a lutar com o Anjo, outro mensageiro celeste foi enviado a Esaú. Em sonho viu Esaú seu irmão, que durante vinte anos fora um exilado da casa de seu pai, testemunhou-lhe a dor ao encontrar morta a mãe, viu-o rodeado pelos exércitos de Deus. Este sonho foi relatado por Esaú aos seus soldados, com a ordem de não fazerem mal a Jacó; pois o Deus de seu pai estava com ele. …


A experiência de Jacó durante aquela noite de luta e angústia, representa a prova pela qual o povo de Deus deverá passar precisamente antes da segunda vinda de Cristo. — Patriarcas e Profetas, 197-201.


Ellen G.White, A Verdade sobre os Anjos, Capítulo 7. Via Sétimo Dia

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