sexta-feira, 7 de outubro de 2011

O culto como adoração: uma perspectiva de Ellen G. White


Durante seu ministério, a abordagem de Ellen White sobre o culto enfatizou a função da religião prática na vida. Embora não tenha deixado de dar ênfase a assuntos tais como reverência, oração, pregação, música e canto, seus escritos revelam uma base fundamental de culto na teologia bíblica – em assuntos tais como a função central de Deus, a resposta humana a Deus, a salvação como uma experiência real e feliz, a igreja como uma comunidade de louvor e o futuro como a última esperança do cristão.

Adoração: Deus como tudo em todos

Ellen White afirma que Deus merece ser adorado pelas qualidades de Seu caráter e pelo seu trabalho criador e redentor. O culto deve começar com um claro e próximo relacionamento com Deus. “Quando formos capazes de compreender o caráter de Deus como Moisés, também nós nos daremos pressa em curvar-nos em adoração e louvor.”1

Entre os diferentes atributos divinos, Ellen White menciona justiça, perfeição, majestade, conhecimento, presença, bondade, força, compaixão, santidade e amor como razões para a adoração e reverência. Grandes atos de Deus tais como a criação, sustento, revelação e redenção são também poderosas razões. Ela escreve: “O dever de adorar a Deus se baseia no fato de que Ele é o Criador, e que a Ele todos os outros seres devem a existência.”2

Ellen White oferece um delicado equilíbrio entre a transcedência e a imanência e assim encoraja reverência e ordem bem como comunhão e alegria. Ela reconhece que a adoração está relacionada a três pessoas divinas e afirma que o verdadeiro culto são “os frutos da operação do Espírito Santo”.3

Adoração: resposta humana a Deus

Ellen White também entendia a adoração como a resposta dos seres humanos a Deus. Esta resposta em primeiro lugar reconhece Deus como digno de todo culto prestado pelos seres criados. Sem Ele, não somos nada. Tudo que somos e tudo que fazemos deve vir sob o arco imperativo de quem é Deus e o que Ele espera de nós. Diante dEle, devemos nos colocar em reverência, respeito, humildade, agradecimento, obediência e alegria. Cada resposta criativa e emocional que define o que os seres humanos são torna-se assunto para Ele. Portanto, ela adverte: “Os seguidores de Cristo hoje devem guardar-se da tendência de perder o espírito de reverência e piedoso temor.”4

Embora sejamos pequenos e pecaminosos perante a majestosa presença de Deus, somos chamados a adorá-Lo como crianças – corajosamente e “com júbilo”.5 Nós deveríamos considerar “ser uma honra adorar o Senhor e tomar parte em Sua obra”.6

Alegria e coragem são parte da natureza integrada do culto. Ellen White define esta integração como um fator que exige que adoremos a Deus com o que somos e temos – nosso corpo, pensamentos, emoções e bens. A adoração deve tornar-se um estilo de vida: “Deus desejava que toda a vida de Seu povo fosse uma vida de louvor.”7

Adoração: uma alegre experiência de salvação

De todas as coisas, a experiência que deve nos contagiar efusivamente em uma incontida adoração é a alegria da salvação. Ellen White diz: “Todo coração que é iluminado pela graça de Deus é compelido à reverência com inexpressável gratidão e adoração na presença do Redentor por Seu infinito sacrifício.”8 Juntamente com a obra realizada na cruz, o trabalho intercessório de Cristo no santuário celestial invoca gratidão e adoração a Deus. “Sua perfeita justiça, que pela fé é atribuída ao Seu povo e que unicamente pode tornar aceitável a Deus o culto de seres pecadores.”9

Desde que a adoração é uma viva experiência de salvação, Ellen White enfatiza a verdadeira adoração como um serviço de amor, gratidão e obediência. “Sem a obediência a Seus mandamentos nenhum culto pode ser agradável a Deus.”10 Portanto, o sábado impõe seu valor como um dia de lembrança e adoração.

Adoração: a igreja reunida em culto

Ellen White cria que a adoração e o culto são importantes nas reuniões públicas de fé. Ela descreve os momentos de culto como “períodos sagrados e preciosos”.11

Então, ela continuamente enfatiza a reverência e a ordem na adoração, evitando qualquer espécie de confusão. Ela escreve: “Devem existir aí regulamentos quanto ao tempo, lugar e maneira de adorar. Nada do que é sagrado, nada do que está ligado à adoração a Deus, deve ser tratado com negligência ou indiferença.”12 Sua visão de culto incluía dignidade e serenidade, evitando os extremos do formalismo e fanatismo. Ela apreciava a reverência e admoestava contra barulho, gritos, expressões fanáticas e excitamentos. “A obra de Deus sempre se caracteriza pela calma e dignidade”13, e assim deveria ser nosso culto a Ele.

Assim deve ser o momento quando os santos adoram seu Criador. Ellen White estava sempre consciente do verdadeiro espírito de adoração. “Não nos é possível acentuar demais os males de um culto formal”, ela escreveu, “mas não há palavras capazes de descrever devidamente as profundas bênçãos do culto genuíno.”14 Os encontros de adoração, então, deveriam ser espirituais, atrativos e fraternais. “Nossas reuniões devem ser intensivamente interessantes. Deve imperar ali a própria atmosfera do Céu.”15 A participação é importante. “A pregação nas reuniões de sábado em geral deve ser breve, dando-se oportunidade aos que amam a Deus para exprimir sua gratidão e adoração.”16

Adoração: celebrando o futuro como a esperança do cristão

Ellen White designou a adoração como tendo destacável posição nos eventos finais. Ela viu um tempo de prova, mas também um tempo melhor de louvor e adoração para a igreja. Afirmou também que a experiência de adoração será projetada através da eternidade. Ensinou que a adoração ao Criador foi a raiz do conflito cósmico entre o bem e o mal que começou no céu. Foi a oposição de Lúcifer ao Filho sendo honrado com toda a adoração, exatamente como o Pai foi, que começou o conflito no Céu. Este conflito é a raiz do pecado na Terra. A descrição de Ellen White dos estágios finais na Grande Controvérsia está centralizada em quem receberá nossa adoração. Cristo ou Satanás? Entre a vida eterna e a destruição eterna paira a resposta à última pergunta.

Daniel Oscar Plenc (Ph.D., Universidade Adventista del Plata) é diretor do Centro de Pesquisa Ellen G. White e leciona na Faculdade de Teologia na Universidade Adventista del Plata, Argentina. E-mail: ciwdirec@uapar.edu

Notas e referências

Todos os textos citados são de Ellen G. White.

1. Conselhos aos Professores, Pais e Estudantes. 4. ed. Tatuí, SP: Casa Publicadora Brasileira, 1994. p. 30.

2. O Grande Conflito. 42. ed. Tatuí: Casa Publicadora Brasileira, 2004. p. 436.

3. O Desejado de Todas as Nações. 19. ed. Tatuí, SP: Casa Publicadora Brasileira. 1995. p. 189.

4. Profetas e Reis. 8. ed. Tatuí: Casa Publicadora Brasileira, 1996. p. 48.

5. The Upward Look. Washington, D.C.: Review and Herald Publ. Assn., 1982. p. 38.

6. Caminho a Cristo. Tatuí, SP: Casa Publicadora Brasileira. 2003. p. 103.

7. Christ’s Object Lessons. Washington, D.C.: Review and Herald Publ. Assn., 1941. p. 299.

8. In Heavenly Places. Washington, D.C.: Review and Herald Publ. Assn., 1967. p. 14.

9. Patriarcas e Profetas. 16. ed. Tatuí: Casa Publicadora Brasileira, 2003. p. 353.

10. O Grande Conflito. 42. ed. Tatuí: Casa Publicadora Brasileira, 2004. p. 436.

11. Testemunhos para a Igreja. v. 5. 1. ed. Tatuí, SP: Casa Publicadora Brasileira. 2004. p. 607.

12. Ibid. p. 491.

13. Mensagens Escolhidas. 4. ed. Tatuí: Casa Publicadora Brasileira, 2000. v. 2. p. 42.

14. Obreiros Evangélicos. 5. ed. Tatuí, SP: Casa Publicadora Brasileira. 1993. p. 357.

15. Testemunhos para a Igreja. v. 5. 1. ed. Tatuí, SP: Casa Publicadora Brasileira, 2004. p. 609.

16. Testemunhos para a Igreja. v. 6. 1 ed. Tatuí, SP: Casa Publicadora Brasileira. 2005. p. 361.

0 comentários:

Postar um comentário

▲ TOPO DA PÁGINA