segunda-feira, 25 de julho de 2011

A Ciência e a Bíblia


 Qual entre todos estes não sabe que a mão do Senhor fez isto?” (Jó 12:9).

Visto como o livro da natureza e o da revelação apresentam indícios da mesma mente superior, não podem eles deixar de estar em harmonia mútua. Por métodos diferentes em diversas línguas, dão testemunho e das mesmas grandes verdades. A ciência está sempre a descobrir novas maravilhas; mas nada traz de suas pesquisas que, corretamente compreendido, esteja em conflito com a revelação divina. O livro da natureza e a palavra escrita lançam luz um sobre o outro. Familiarizam-nos com Deus, ensinando-nos algo das leis por cujo meio Ele opera.

Inferências erroneamente tiradas dos fatos observados na natureza têm, entretanto, dado lugar a supostas divergências entre a ciência e a revelação; e nos esforços para restabelecer a harmonia, tem-se adotado interpretações das Escrituras que abalam e destroem a força da Palavra de Deus.

Tem- se pensado que a geologia contradiz a interpretação literal do relatório mosaico da criação. Pretende-se que milhões de anos foram necessários para que a Terra evoluísse do caos; e com o fim de acomodar a Bíblia a esta suposta revelação da ciência, supõe-se que os dias da criação fossem períodos vastos, indefinidos, abrangendo milhares ou mesmo milhões de anos.

Tal conclusão é absolutamente infundada. O relato bíblico está em harmonia consigo mesmo e com o ensino da natureza. Relativamente ao primeiro dia empregado na obra da criação, há o seguinte registro: “Houve tarde e manhã, o primeiro dia”. (Gên. 1:5). E substancialmente o mesmo é dito de cada um dos seis primeiros dias da semana da criação. Declara a Inspiração que cada um desses períodos foi um dia formado de tarde [isto é, noite] e manhã, como todos os dias desde aquele tempo. Em relação à obra da própria criação diz o testemunho divino: “Porque falou, e tudo se fez; mandou, e logo tudo apareceu”. (Sal. 33:9). Para Aquele que assim poderia evocar à existência inumeráveis mundos, quanto tempo seria necessário para fazer surgir a Terra do caos? Deveríamos, a fim de dar explicação às Suas obras, afrontar Sua palavra?

É verdade que vestígios encontrados na Terra testificam da existência do homem, animais e plantas muito maiores do que os que hoje se conhecem. Tais são considerados como prova da existência da vida vegetal e animal anterior ao tempo referido no relato mosaico. Mas, com referência a estas coisas a história bíblica fornece ampla explicação. Antes do dilúvio, o desenvolvimento da vida vegetal e animal era superior ao que desde então se conhece. Por ocasião do dilúvio, fragmentou-se a superfície da Terra, notáveis mudanças ocorreram, e na remodelação da crosta terrestre foram preservadas muitas evidências da vida previamente existente. As vastas florestas sepultadas na Terra no tempo do dilúvio, e desde então transformadas em carvão, formam os extensos territórios carboníferos, e fazem o suprimento de óleos que servem ao nosso conforto e comodidade hoje. Estas coisas, ao serem trazidas à luz, são testemunhas a testificarem silenciosamente da verdade da Palavra de Deus.

Em afinidade com a teoria relativa à evolução da Terra, há aquela que atribui a evolução do homem, a coroa gloriosa da criação, a uma linha ascendente de microrganismos, moluscos e quadrúpedes. Considerando as oportunidades do homem para a pesquisa, bem como quão breve é a sua vida, limitada sua esfera de ação, restrita sua visão, frequentes e grandes seus erros nas conclusões, especialmente relativas aos fatos julgados anteriores à história bíblica; considerando quantas vezes as supostas deduções da ciência são revistas ou rejeitadas, bem como com que prontidão os admitidos períodos de desenvolvimento da Terra são de tempos em tempos aumentados ou diminuídos em milhões de anos, e como as teorias sustentadas por diferentes cientistas se acham em conflito entre si, deveremos nós, para ter o privilégio de delinear nossa descendência pelos microrganismos, moluscos e macacos, consentir em rejeitar a declaração da Escritura Sagrada, tão grandiosa em sua simplicidade: “Criou Deus, pois, o homem à Sua imagem, à imagem de Deus o criou”? (Gên. 1:27). Deveremos rejeitar aquele relato genealógico, mais nobre do que qualquer zelosamente conservado nas cortes reais: “Sete, de Adão, e Adão, de Deus”? (Luc. 3:38).

Corretamente entendidas, tanto as revelações da ciência, como as experiências da vida se acham em harmonia com o testemunho das Escrituras relativo à constante operação de Deus na natureza. No hino registrado por Neemias, cantavam os levitas: “Tu só és Senhor, Tu fizeste o céu, o Céu dos céus e todo o seu exército, a Terra e tudo quanto nela há, os mares e tudo quanto neles há; e Tu os guardas em vida a todos”. (Neem. 9:6).

No que diz respeito à Terra, declaram as Escrituras ter-se completado a obra da criação. As Suas obras estavam “acabadas desde a fundação do mundo.” (Heb. 4:3). O poder de Deus, porém, ainda se exerce na manutenção das coisas de Sua criação. Não é porque o mecanismo uma vez posto em movimento continue a agir por sua própria energia inerente que o pulso bate, e uma respiração se segue a outra. Cada respiração, cada pulsar do coração, é uma evidência do cuidado dAquele em quem vivemos, nos movemos e temos existência. Desde o menor inseto até ao homem, toda criatura vivente depende diariamente de Sua providência.

“Todos esperam de Ti. Dando-o Tu, eles o recolhem; Abres a Tua mão, e enchem-se de bens. Escondes o Teu rosto, e ficam perturbados; Se lhes tiras a respiração, morrem e voltam ao próprio pó Envias o Teu Espírito, e são criados, E assim renovas a face da Terra.” (Sal. 104:27-30). “O norte estende sobre o vazio; Suspende a Terra sobre o nada. Prende as águas em densas nuvens, E a nuvem não se rasga debaixo delas. Marcou um limite à superfície das águas em redor, Até aos confins da luz e das trevas. As colunas do céu tremem. E se espantam da Sua ameaça. Com a Sua força fende o mar. Pelo Seu Espírito ornou os céus; A Sua mão formou a serpente enroscadiça. Eis que isto são apenas as orlas dos Seus caminhos; E quão pouco é o que temos ouvido dEle! Quem, pois, entenderia o trovão do Seu poder?” (Jó 26:7-14).
“O Senhor tem o Seu caminho na tormenta e na tempestade, E as nuvens são o pó dos Seus pés.” (Naum 1:3).

A poderosa força que opera em toda a natureza e a todas as coisas sustém, não é, como alguns homens de ciência pretendem, meramente um princípio que tudo invade, ou uma energia a atuar. Deus é espírito; não obstante é Ele um ser pessoal, visto que o homem foi feito à Sua imagem. Como Ser pessoal, Deus Se revelou em Seu Filho. Jesus, o resplendor da glória do Pai e “expressão exata do Seu Ser” (Heb. 1:3), encontrou-Se na Terra sob a forma de homem. Como Salvador pessoal veio Ele ao mundo. Como Salvador pessoal ascendeu aos Céus. Como Salvador pessoal intercede nas cortes celestiais. Diante do trono de Deus ministra a nosso favor, “Um como o Filho do homem”. (Dan. 7:13).

O apóstolo Paulo, escrevendo pelo Espírito Santo, declara acerca de Cristo: “Tudo foi criado por Ele e para Ele. E Ele é antes de todas as coisas, e todas as coisas subsistem por Ele”. (Col. 1:16 e 17). A mão que sustém os mundos no espaço, a mão que conserva em seu ordenado arranjo e incansável atividade todas as coisas através do Universo de Deus, é a que na cruz foi pregada por nós.

A grandeza de Deus nos é incompreensível. “O trono do Senhor está nos Céus” (Sal. 11:4); não obstante, pelo Seu Espírito Santo, está Ele presente em toda parte. Tem conhecimento íntimo de todas as obras de Suas mãos e interesse pessoal em todas elas.



“Quem é como o Senhor, nosso Deus, que habita nas alturas;
Que Se curva para ver o que está nos céus e na Terra?” (Sal. 113:5 e 6).
“Para onde me irei do Teu Espírito
Ou para onde fugirei da Tua face?
Se subir ao Céu, Tu aí estás;
Se fizer no Seol a minha cama, eis que Tu ali estás também;
Se tomar as asas da alva,
Se habitar nas extremidades do mar,
Até ali a Tua mão me guiará
E a Tua destra me susterá.” (Sal. 139:7-10).
“Tu conheces o meu assentar e o meu levantar;
De longe entendes o meu pensamento.
Cercas o meu andar e o meu deitar;
E conheces todos os meus caminhos.
Sem que haja uma palavra na minha língua,
Eis que, ó Senhor, tudo conheces.
Tu me cercaste em volta
E puseste sobre mim a Tua mão.
Tal ciência é para mim maravilhosíssima;
Tão alta, que não a posso atingir.” (Sal. 139:2-6).



Foi O Criador de todas as coisas que ordenou a maravilhosa adaptação dos meios ao fim, e do suprimento às necessidades. Foi Ele que no mundo material proveu para que todo o desejo implantado devesse ser satisfeito. Foi Ele que criou o ser humano, com sua capacidade para aprender e amar. E Ele mesmo não deixará insatisfeitas as necessidades da alma. Nenhum princípio intangível, nenhuma essência impessoal ou simples abstração poderia satisfazer às necessidades e anelos dos seres humanos nesta vida de lutas com o pecado, tristeza e dor. Não basta crermos na lei e na força, em coisas que não têm piedade ou nunca ouvem o brado por auxílio. Precisamos saber acerca de um braço Todo-poderoso que nos manterá, e de um Amigo infinito que tem piedade de nós. Necessitamos agarrar -nos a uma mão aquecida pelo amor, confiar em um coração cheio de ternura. E efetivamente assim Deus Se revelou em Sua Palavra.

Aquele que mais profundamente estudar os mistérios da natureza, mais plenamente se compenetrará de sua própria ignorância e fraqueza. Compreenderá que existem profundidades e alturas que não poderá atingir, segredos que não poderá penetrar, e vastos campos de verdades jazendo diante de si, não penetrados. Dispor-se-á a dizer com Newton: “Pareço-me com a criança na praia, procurando seixos e conchas, enquanto o grande oceano da verdade jaz por descobrir diante de mim”.

Os mais profundos estudantes da ciência são constrangidos a reconhecer na natureza a operação de um poder infinito. Ora, para a razão humana, destituída de auxílio, o ensino da natureza não poderá deixar de ser senão contraditório e enganador. Unicamente à luz da revelação poderá ele ser interpretado corretamente. “Pela fé, entendemos”. (Heb. 11:3). “No princípio … Deus”. (Gên. 1:1). Aqui somente poderá o espírito, em suas ávidas interrogações, encontrar repouso, voando como a pomba para a arca. Acima, abaixo, além – habita o Amor infinito, criando todas as coisas para cumprirem o “desejo da Sua bondade”. (2 Tess. 1:11).
“As suas coisas invisíveis, desde a criação do mundo, tanto o Seu eterno poder como a Sua divindade, … se veem pelas coisas que estão criadas”. (Rom. 1:20). Mas o seu testemunho poderá ser compreendido apenas mediante o auxilio do Mestre divino. “Qual dos homens sabe as coisas do homem, senão o espírito do homem, que nele está? Assim também ninguém sabe as coisas de Deus, senão o Espírito de Deus”. (1 Cor. 2:11).

“Quando vier aquele Espírito da verdade, Ele vos guiará em toda a verdade”. (João 16:13). Exclusivamente pelo auxilio daquele Espírito que no princípio “Se movia sobre a face das águas” (Gên. 1:2), pelo auxilio daquela Palavra pela qual “todas as coisas foram feitas” (João 1:3), e daquela “luz verdadeira, que alumia a todo homem que vem ao mundo” (João 1:9), pode o testemunho da ciência ser corretamente interpretado. Apenas sob sua orientação se podem discernir suas mais pro fundas verdades. Unicamente sob a direção do Onisciente, habilitar-nos-emos a meditar segundo os Seus pensamentos, no estudo de Suas obras. Ed, págs. 128-134.

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