terça-feira, 2 de novembro de 2010

Jamais sinta vergonha de Jesus

“Porque, qualquer que de mim e das minhas palavras se envergonhar, dele se envergonhará o Filho do homem, quando vier na sua glória, e na do Pai e dos santos anjos (Lucas 9:26)”
A vergonha é uma sensação infeliz que quase sempre embaraça. É comparada a um sentimento de timidez, de acanhamento. Mas neste sentido, analisando as palavras do Mestre no verso acima, notamos que se trata de uma situação onde o cristão se constrange, não se sente bem ao falar de Cristo ou de sua mensagem aos demais. É como se tal situação lhe trouxesse transtorno ao invés de alegria. Justamente a contra-ação do mandamento explícito de Jesus: “Ide e fazei discípulos…” (Mateus 28:19). É impossível fazer discípulos, dar testemunhos de alguém ou de um mestre que se tem vergonha.
Neste contexto, quero compartilhar com os leitores a magnífica história que ouvi num sermão* certa vez. Ela que sempre me faz pensar o quão difícil é para muitos ao redor do mundo falar de Cristo, mas mesmo assim, não poupam palavras e muito menos demonstram VERGONHA ao falar do Seu amor; em carregar sua cruz!
A história tem como personagem principal o Sr Yong. Ele se converteu na China quando o comunismo ainda estava no auge da sua total inflexibilidade. Naquele tempo idéias ocidentais, em especial religiosas, não eram aceitas de maneira nenhuma, inclusive a possibilidade de ser um cristão, algo ilegal naquele momento. Hoje é um páis mais aberto, e o cristianismo se desenvolveu muito, mas continua não sendo aceito com liberdade; não é a toa que no ano (2009) uma mulher foi executada em praça pública por distribuir bíblias aos seus.
Hoje, às escondidas, existe uma igreja vitoriosa e crescente apesar da dificuldade do desenvolvimento da pregação do evangelho em comparação com países que ainda há liberdade, como o Brasil… isso mesmo, AINDA há! Mas o ponto é que num determinado momento alguém falou do amor de Deus ao Sr Yong e ele prontamente aceitou de todo o seu coração e não conseguia ficar sem falar de Cristo para as pessoas.
Ele tinha o costume de se aproximar das pessoas e dizer assim: “Você conhece o meu amigo Jesus”? E as pessoas de lá então diziam: “Quem é este teu amigo”? Por que afinal de contas o mundo oriental chinês quase não conhece a beleza do evangelho, muito menos naqueles tempos. Por isso, ele aproveitava este “deixa” e demonstrava às pessoas o que este “amigo” havia feito em sua vida e compartilhava do Seu amor, da esperança, da alegria em Cristo com todos os possíveis. E as pessoas perguntavam: “Mas onde é que ele está”? E ele dizia: “No meu coração”.
E desta forma o Sr Yong continuava falando, pregando e discursando com lindos versos bíblicos que ele já sabia decór. Claro, com muito cuidado porque ele sabia bem o que poderia lhe acontecer a qualquer momento. Pessoas que eram encontradas falando do evangelho eram presas e neste período, sob o governo de Mao Tse Tung como governante do partido comunista, centenas e centenas de cristãos, além de serem presos, também eram executados com um tiro na testa. Mesmo assim, por onde quer que fosse, sua pergunta valorosa sempre era: “Você conhece meu amigo Jesus”?
Um dia, guardas do exército vermelho chegaram na casa do Sr Yong e bateram na porta. E quando o Sr Yong atendeu um dos guardas já entrou sem pedir licença e disse: “Você que é Yong”? Ele disse: “Sim, sou eu mesmo”! Então o guarda perguntou novamente: “Você que anda falando de um tal de Jesus”? Ele disse novamente: “Sim, sou eu mesmo. Aliás, você ainda não conhece meu amigo Jesus”? E o guarda respondeu furioso: “Eu não conheço, não quero conhecer e você fique quieto e pegue suas malas porque irá conosco”! Neste interim, ele não hesitou em exclamar mais uma vez: “Se você não conhece meu amigo Jesus, deveria conhecê-Lo. Porque Ele mudou a minha vida e pode mudar a sua também!” Assim, os guardas não acreditando no que ouviam, tratando tudo aquilo como uma tremenda ousadia por parte do fiel cristão, disseram que ele poderia ser preso, quando, para a surpresa de todos, o Sr Yong já havia deixado uma malinha preparada com algumas peças de roupas caso aquilo acontecesse.
Desta forma, levaram-no a caminho da prisão. A todo momento iam xingando-o e mostrando aos demais que se encontravam pelas ruas, o que aconteceria com qualquer um deles caso fosse encontrados falando de Cristo.
Sr Yong chegou na primeira prisão. E o diretor do presídio, logo lhe disse: “O senhor sabe porque está aqui?” Ele disse: “Eu acredito que seja por causa do meu amigo Jesus, estou correto?” Aproveitando mais uma vez a brecha, perguntou ao diretor: “Você conhece o meu amigo Jesus?” O diretor respondeu: “Não, eu não O conheço e o senhor está preso por causa dEle”. Então ele solenemente disse: “Eu entendo que valha a pena ficar preso por causa dEle. Por que Ele sofreu tanto por minha causa e aliás por causa sua também. Se o senhor soubesse o quanto que Ele lhe ama, o senhor certamente o amaria como eu O amo!”
Sem mais, o diretor lhe enviou para a cela e chegando lá não economizou palavras para falar do “seu Amigo” a todos àqueles novos amigos. Como sempre, desde que o mundo é mundo, muitas pessoas rejeitaram a mensagem do evangelho, mas outras aceitaram e se posicionaram ao lado do amigo Jesus e várias pessoas foram convertidas. Um dia, o diretor não mais aguentando dos rumores e queixas de alguns que só ouviam falar daquele “amigo Jesus”, resolveu mandá-lo para outra prisão. E quando chegou lá, aconteceu a mesma coisa. Jamais se envergonhou de Cristo e a todos perguntava com um sorriso no rosto: “Você conhece o meu amigo Jesus”?
O Sr Yong foi evangelizando todos os que estavam ao seu alcance; e pelo Poder do Espírito, muitos outros foram levados aos braços do Mestre.
Um dia, nesta segunda prisão, chamaram o Sr Yong e lhe disseram: “Você é incorrigível. Por isso nós tomamos uma decisão – você será transferido para o campo de King Shai!” Quando o Sr Yong ouviu este nome, ele tremeu nas bases, pois este era o campo mais conhecido e temido em toda a China; lugar onde as pessoas eram exterminadas e muito poucos saíam dali com vida.
No dia em que chegou naquele campo, ele foi levado a uma sala que parecia ser de tortura e então amarraram as mãos dele na parte de trás do corpo e, com um gancho, lhe suspenderam e ele ficou ali levantado com as articulações dos ombros inertes para trás. Além disso, colocaram em seu pescoço um peso para que seu corpo fosse cedendo ainda mais para baixo e lhe causasse mais dor. Neste momento, alguns guardas perguntaram: “Você ainda vai continuar com esta história de Jesus?” E ele dizia: “Eu não posso negá-Lo, porque Ele é maravilhoso. Mesmo neste lugar, eu posso sentí-Lo e assim sinto paz em meu coração. No entanto, vejo que vocês não estão pendurados, amarrados, mas vocês não estão felizes, muito menos em paz, e se acaso vocês O conhecessem, vocês teriam suas vidas transformadas da mesma forma que Ele transformou a minha!”
Naquela posição, o Sr Yong ficou pendurado durante uma semana. Sem comer. Sem beber. Depois de todos aqueles dias, alguém pegou o seu corpo, levou para um lugar fora do campo onde ficavam vários cadáveres de outras pessoas que haviam sido assassinadas, e o jogou em cima dos tantos.
Apesar de tudo, ele não estava morto, mas apenas inconsciente. Deus havia conservado a vida do seu servo! Ele pediu forças a Deus, se levantou e lentamente foi recuperando suas forças até conseguir chegar ao alojamento que estava. Muitos não acreditaram. Perguntavam: “Mas o senhor não estava morto?” E ele respondia: “Não, meu amigo Jesus sustentou a minha vida”! E assim, muitos daqueles que eram mais resistentes, também se renderam ao Poder do Salvador diante do testemunho maravilhoso deste servo de Deus.
Depois de algum tempo, ele foi levado para um interrogatório e como insistia em dizer que não pararia de falar do Mestre, o interrogador mandou que ele esticasse os dois braços e com um pedaço de madeira quebrou-os num golpe violento e, como se não bastasse, ainda com esta mesma madeira, acertou nas suas pernas mais alguns golpes e também as quebrou. Já caído no chão, foi surrado, chutado inúmeras vezes e mais uma vez inconsciente, foi jogado naquela montanha de mortos. Para a surpresa de muitos, senão todos, desta vez com a ajuda de uma pessoa, foi levado novamente para o alojamento e perguntavam: “Mas não é possível, o senhor continua vivo, como pode?” E ele mesmo em tais circunstâncias, dizia: “Eu não falei para vocês, este é meu amigo Jesus… Ele tem poder”!
Depois de algum tempo, já recuperado, alguns dos guardas lhe disseram: “Ok, já que nós ainda não conseguimos te matar, quem irá acabar com a sua vida será o seu próprio Deus!”
Chegando a noite, ele foi retirado do seu alojamento e foi levado para fora do campo. Lá retiraram todas as suas roupas em meio a um inverno extremamente rigoroso que pode chegar a até 40 graus negativos. Foi pendurado em uma estaca e percebendo que daquela circunstância não poderia escapar, já que seria apenas uma questão de minutos para congelá-lo, ele decidiu em seu coração: “Eu sei que vou morrer, mas morrerei orando e cantando”!
De repente, em meio a louvores e orações, ele começou a sentir que “alguém” estava mexendo em suas amarras, tentou olhar para trás, mas não enxergou ninguém, e então entendeu que pela misericórdia de Deus, ali estava um anjo do Senhor pronto a atendê-lo na sua aflição. Ficou extremamente feliz com tudo o que estava lhe acontecendo, e já desamarrado, mas pensativo, lembrou que se o vissem daquela forma, pensariam que algum dos seus amigos já convertidos do alojamento o teria ajudado e assim, surpreendentemente, fez a oração mais estranha da sua vida e pediu novamente a Deus que lhe amarrasse para que seus amigos não sofressem perseguições. E assim foi atendido.
No dia seguinte, o guarda que veio recolher o corpo do Sr Yong, quando o viu de longe ainda corado, disse: “Eu não acredito nisto” e nisto chamou a outros e vários testemunharam aquele acontecimento e não acreditavam no que viam. Fato é que ele foi solto, foi levado novamente ao alojamento e no momento em que chegava, a história diz que todas as pessoas, em especial aquelas que já estavam convencidas do poder de Cristo, levantavam suas mãos para o céu e diziam: “Deus existe, Deus existe”.
Em 1979 o governo na China foi mudado e com a saída de Mao Tse Tung, o novo governante estabeleceu que quase todos os presos enclausurados por razões políticas e religiosas deveriam ser soltos. Assim, daquele campo de extermínio, somente 100 de 1500 pessoas saíram com vida. Sr Yong foi uma delas, e foi o primeiro a sair. Em 1995, o Sr Yong disse que ainda recebia cartas de toda a China de pessoas que haviam lhe conhecido na prisão ou onde morava, e que pelo seu exemplo, eram felizes e muito agradecidas por terem ouvido falar do “amigo Jesus” em algum momento de suas vidas.
Que essa história nos sirva de inspiração, encorajamento e confiança em nosso Deus para levarmos a mensagem de Salvação para todo o mundo!!.
E você prezado leitor, tem falado do “amigo Jesus” ou “não tem se sentido a vontade” em clamar em alta voz do seu amor? Lembre-se: Há 2000 anos ele veio a esta terra, morreu no meu e no seu lugar e, “semelhante” ao Sr Yong, foi levantado num madeiro, recebeu o peso de todos os pecados do mundo, foi açoitado, pregado, furado, humilhado, e mesmo estando completamente nú, não hesitou em sentir vergonha por você!
REFLEXÃO: “Foi a cruz, esse instrumento de vergonha e tortura, que trouxe esperança e salvação ao mundo. Os discípulos não passavam de homens humildes, sem dinheiro e com nenhuma outra arma que não a Palavra de Deus; entretanto, na força de Cristo eles saíram para contar a maravilhosa história da manjedoura e da cruz e para triunfar sobre toda a oposição. Sem honra ou reconhecimento terrestres, foram heróis da fé. De seus lábios saíam palavras de divina eloqüência que abalaram o mundo” (Atos dos Apóstolos, p.77)

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